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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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elementos narcísicos e ambivalentes que constituem a mente humana. Isto nos levaria à umasuposição do motivo por que a <strong>de</strong>pressão estaria presente em qualquer tipo <strong>de</strong> patologia.Nossa conjectura é: toda vez que um problema <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m psíquica – seja ele obsessivo,histérico, psicótico, etc. – tolher as capacida<strong>de</strong>s e recursos egóicos (os aspectos narcísicos doego), afetando a auto-estima e a auto-confiança, estaremos frente a afetos <strong>de</strong>pressivos e aestados <strong>de</strong>pressivos. O narcisismo e a ambivalência comporiam, assim, os elementosmelancólicos da vida psíquica.Ainda nos anos que cercam o nascimento da segunda tópica, encontramos um trabalhoexpressivo no qual po<strong>de</strong>mos notar o uso dos termos “<strong>de</strong>pressão” e “<strong>melancolia</strong>”indistintamente. "Uma Neurose <strong>de</strong>moníaca do século XVII" é uma análise <strong>de</strong> Freud sobre apossessão <strong>de</strong>moníaca <strong>de</strong> um pintor chamado Christoph Haizmann. Tal análise se baseia emantigos manuscritos encontrados em um monastério, e cedidos a Freud por um amigo. Emlinhas gerais, ele liga a possessão <strong>de</strong>moníaca do pintor e o diabo à representação da figurapaterna; e a sua <strong>melancolia</strong> à morte <strong>de</strong>ste. Os termos usados por Freud para se referir aoestado do pintor são: “<strong>de</strong>pressão melancólica”, “<strong>melancolia</strong>”, “<strong>de</strong>pressão” e “estado <strong>de</strong><strong>de</strong>pressão”. No primeiro fragmento,Também sobre esse ponto o Trophaeum nos proporciona informações fi<strong>de</strong>dignas.Ele ficara abatido, era incapaz ou não tinha disposição <strong>de</strong> trabalhar a<strong>de</strong>quadamente,e estava preocupado sobre como ganhar a vida; isso equivale a dizer que sofria <strong>de</strong><strong>de</strong>pressão melancólica, com uma inibição em seu trabalho e temores (justificados)quanto ao seu futuro. Po<strong>de</strong>mos ver que estamos tratando realmente com um casoclínico. Ficamos sabendo também a causa excitante da doença, que o própriopintor, na legenda a um <strong>de</strong> seus retratos do Diabo, chama realmente <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>(‘que eu procurasse diversão e banisse a <strong>melancolia</strong>’). A primeira <strong>de</strong> nossas trêsfontes <strong>de</strong> informação, a carta <strong>de</strong> apresentação do pároco da al<strong>de</strong>ia, fala, é verda<strong>de</strong>,apenas no estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão (‘dum artis suae progressum emolumentumquesecuturum pusillaminis perpen<strong>de</strong>ret‘), mas a segunda fonte, o relatório do Aba<strong>de</strong>Franciscus, conta-nos também a causa <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>salento ou <strong>de</strong>pressão. Diz ele:‘acceptâ aliquâ pusillanimitate ex morte parentis’, e no prefácio do compilador sãousadas as mesmas palavras, embora em or<strong>de</strong>m inversa: (‘ex morte parentis acceptâaliquâ pusillanimitate‘). Seu pai, portanto, falecera, e, em conseqüência, ele haviacaído em um estado <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>, após o que o Demônio se aproximara <strong>de</strong>le e lheperguntara por que estava tão abatido e triste, e prometera “auxiliá-lo <strong>de</strong> todas asmaneiras e dar-lhe apoio”. [...] Temos aqui, portanto, uma pessoa que assinou umcompromisso com o Diabo, a fim <strong>de</strong> ser libertado <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão(FREUD, 1923[1922], p.96-97, grifos nossos).Nestes textos encontramos vários elementos da teoria <strong>freudiana</strong> sobre a <strong>melancolia</strong>.Até aqui temos primeiramente os sintomas: sentimento <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> disposiçãopara o trabalho, abatimento, inibição e temores quanto ao futuro. O fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante: aperda do pai, o que equivale a dizer, a perda <strong>de</strong> um objeto libidinal. O termo “<strong>de</strong>pressão70

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