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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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“<strong>melancolia</strong> simples”, “<strong>de</strong>pressão melancólic”a – <strong>de</strong>vido à sua presente variação clínica. Noentanto, ele parece enten<strong>de</strong>r que todas elas po<strong>de</strong>m ser amplamente <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong>“<strong>melancolia</strong>”. Ao final <strong>de</strong>ste capítulo, Freud ainda escreve sobre as <strong>melancolia</strong>s psicogênicas“em que a causa precipitadora <strong>de</strong>sempenha claramente um papel etiológico” e afirma que talcausa é a perda <strong>de</strong> um objeto amado, por morte ou “por efeito <strong>de</strong> circunstâncias que tornaramnecessária a retirada da libido do objeto” (FREUD, 1921, p.142).Segundo o texto <strong>de</strong> 1921, nos dois tipos <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> há um conflito entre o ego e oi<strong>de</strong>al do ego; porém, na <strong>de</strong> tipo espontânea (não psicogênica), o i<strong>de</strong>al apresentaria uma rigi<strong>de</strong>zprópria: “po<strong>de</strong>-se supor que o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego está inclinado a apresentar uma rigi<strong>de</strong>zpeculiar[...]” (FREUD, 1921, p.143). Já na psicogênica, o ego apresentaria sua severida<strong>de</strong><strong>de</strong>vido à i<strong>de</strong>ntificação com o objeto perdido. Esta agressivida<strong>de</strong>, que é voltada contra o ego, éoriginalmente dirigida ao objeto perdido. Tais questões teóricas serão discutidas mais<strong>de</strong>talhadamente ao longo do trabalho.Em O ego e o id (1923), Freud não faz mais aquela distinção 9 sobre as formas <strong>de</strong><strong>melancolia</strong> psicogênicas ou espontânea. O autor se refere ao “penoso distúrbio da<strong>melancolia</strong>”, referindo-se a ela como um distúrbio neurótico: “Não se sabe bem por que osentimento <strong>de</strong> culpa atinge força tão extraordinária nesses dois distúrbios neuróticos”(FREUD, 1923, p.41, 64; grifo nosso), que são a neurose obsessiva e a <strong>melancolia</strong>. Nestetrabalho, Freud estabelece uma comparação entre estes dois estados para examinar o problemado sentimento <strong>de</strong> culpa. Tal questão, Freud já antevia, como pu<strong>de</strong>mos examinar nos rascunhos‘K’ e ‘N’, nos quais ele percebe uma relação entre a neurose obsessiva e a <strong>melancolia</strong>. Oponto importante <strong>de</strong>ste fragmento, entretanto, é que a <strong>melancolia</strong> começa a ser pensada entreos distúrbios neuróticos, não mais sendo aproximada às psicoses e paranóias.Neste momento cabe um parênteses para dar atenção a uma importante questão quevínhamos <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado: Freud, nos textos do período <strong>de</strong> 1916 a 1922, aproximou a<strong>melancolia</strong> das psicoses, paranóias e esquizofrenias e as enquadrou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma classe <strong>de</strong>neurose específica, as chamadas neuroses narcísicas. Em 1917, nas conferências, ele explicapor que os esforços terapêuticos não têm êxito nas neuroses narcísicas:Posso explicá-lo em poucas palavras, e os senhores verão com que simplicida<strong>de</strong> oenigma po<strong>de</strong> ser solucionado e como tudo se ajusta bem. A observação mostra queaqueles que sofrem <strong>de</strong> neuroses narcísicas não têm capacida<strong>de</strong> para a transferênciaou apenas possuem traços insuficientes da mesma. Eles rejeitam o médico, não comhostilida<strong>de</strong>, mas com indiferença. Por esse motivo, tampouco po<strong>de</strong>m ser9 Em Psicologia das massas e análise do ego e em Luto e <strong>melancolia</strong>.67

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