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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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intermediário, a uma sensação exaltada <strong>de</strong> bem-estar. Essas oscilações aparecemem graus <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> muito diferentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o que é apenas observável atéexemplos extremos tais que, sob a forma <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> e mania, empreen<strong>de</strong>m asmais perturbadoras ou atormentadoras incursões na vida da pessoa interessada.A <strong>melancolia</strong> é aqui composta por um estado <strong>de</strong> ânimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão excessiva; emtextos anteriores, observamos uma tendência, que aqui vem se confirmar, em recorrer aotermo “<strong>de</strong>pressão” para se referir a um estado afetivo penoso, <strong>de</strong> tristeza. No fragmento que sesegue, a <strong>melancolia</strong> espontânea, ou não psicogênica, isto é, aquela em que não se encontramcausas precipitantes, é chamada também <strong>de</strong> “<strong>de</strong>pressão cíclica”:Nos casos típicos <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>pressão cíclica, as causas precipitantes externas nãoparecem <strong>de</strong>sempenhar qualquer papel <strong>de</strong>cisivo; quanto aos motivos internos, nessespacientes, não se encontra nada a mais, ou nada mais, do que em outros.Conseqüentemente costumou-se consi<strong>de</strong>rar estes casos não sendo psicogênicosDentro em pouco nos referiremos àqueles outros casos exatamente semelhantes <strong>de</strong><strong>de</strong>pressão cíclica que po<strong>de</strong>m ser facilmente remontados a traumas mentais.(FREUD, 1921, p.142; grifo nosso).Este tipo <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> é chamado por Freud <strong>de</strong> “cíclica”, por muitas vezes se alternarcom estados maníacos. Ainda sobre este tipo <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>, que chama <strong>de</strong> “espontânea”, épossível levantar a questão se ele não estaria reconhecendo a influência <strong>de</strong> fatores biológicosna <strong>melancolia</strong>, isto é, se está reconhecendo a existência <strong>de</strong> uma <strong>melancolia</strong> cujos fatoresprecipitantes são muito mais biológicos do que psicológicos. Atualmente, com o advento dapsiquiatria e o <strong>de</strong>senvolvimento da própria psicanálise, sabemos ser impossível <strong>de</strong>finirprecisamente estes fatores. Ainda nesta passagem, é digno <strong>de</strong> nota que Freud não utiliza otermo “<strong>melancolia</strong>” em nenhum momento, e parece usar o termo “<strong>de</strong>pressão cíclica” comoum sinônimo ─ ao contrário do que vínhamos notando, ou seja, o uso <strong>de</strong> “<strong>de</strong>pressão” para<strong>de</strong>screver um estado afetivo <strong>de</strong> ânimo. No texto que se segue, outra terminologia aparece:“<strong>de</strong>pressão melancólica”, encontrada apenas em duas passagens brevíssimas: uma <strong>de</strong>las seencontra no caso dois, Sra Emmy Von N., dos Estudos sobre a histeria, e é usado na<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> suas alterações <strong>de</strong> humor, e a outra se encontra em O método psicanalítico (1904[1903]), para se referir a estados psíquicos contra-indicados para a psicanálise. Nãoencontramos mais nenhuma passagem antes <strong>de</strong>sta, exceto estas duas, com a presença <strong>de</strong>stetermo. O texto, ainda do capítulo XI <strong>de</strong> Psicologia das massas, diz o seguinte “Uma mudançapara a mania não constitui característica indispensável da sintomatologia da <strong>de</strong>pressãomelancólica. Existem <strong>melancolia</strong>s simples — umas em crises isoladas, outras em crisesrecorrentes — que nunca apresentam essa evolução” (FREUD, 1921, p.142). Parece-nosevi<strong>de</strong>nte que Freud tem em mente a <strong>melancolia</strong> como uma classe <strong>de</strong> distúrbios que po<strong>de</strong>m serterminologicamente referidas <strong>de</strong> várias formas – “<strong>de</strong>pressão cíclica”, “<strong>melancolia</strong>”,66

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