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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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mestre que o iniciara nos estudos. Quando esse professor mais antigo se aposentoue os colegas informaram ao preten<strong>de</strong>nte que ele fora escolhido para substituí-lo,começou a hesitar, <strong>de</strong>preciou seus méritos, <strong>de</strong>clarou-se indigno <strong>de</strong> preencher ocargo para o qual fora <strong>de</strong>signado, e caiu numa <strong>melancolia</strong> que o <strong>de</strong>ixou incapaz <strong>de</strong>toda e qualquer ativida<strong>de</strong> durante vários anos (FREUD, 1916, p.332, grifo nosso).Este trabalho, intitulado “Alguns tipos <strong>de</strong> caráter encontrados no trabalhopsicanalítico”, trata <strong>de</strong> algumas pessoas que encontramos normalmente na prática clínica.Aqui a “<strong>melancolia</strong>” é usada como uma terminologia específica, uma patologia <strong>de</strong>terminada.No caso do “homem dos lobos”, a <strong>de</strong>pressão marca sua presença no ano <strong>de</strong> 1918: o paciente éacometido por crises <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão que atingem seu ponto culminante às cinco horas da tar<strong>de</strong>.No entanto, o distúrbio que acomete o paciente é a neurose obsessiva –“uma condição que<strong>de</strong>ixou por trás um <strong>de</strong>feito, após a recuperação” ─ <strong>de</strong>ixando aqui a <strong>de</strong>pressão como afetofigurante, um sintoma, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um quadro predominante, como já encontramos em outrostrabalhos anteriores.Contrariando a situação anterior, em 1920 encontramos a <strong>de</strong>pressão concebida comoum “grave distúrbio mental”, no artigo “A psicogênese <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> homossexualismonuma mulher”. Neste, Freud fala <strong>de</strong> moças em estado <strong>de</strong> grave <strong>de</strong>pressão:Noutros casos também encontramos moças ou mulheres em estado <strong>de</strong> grave<strong>de</strong>pressão, que ao serem interrogadas sobre a possível causa <strong>de</strong> sua condição, nosdizem que, realmente, tiveram um ligeiro sentimento por <strong>de</strong>terminada pessoa, masque não fora nada profundo, logo superando o sentimento quando tiveram <strong>de</strong>abandoná-la. No entanto foi essa renúncia, aparentemente tão bem suportada, quese tornou a causa do grave distúrbio mental (FREUD, 1920, p.177-78, grifo nosso).A perda foi associada <strong>de</strong>finitivamente à <strong>melancolia</strong> e agora este registro se fazevi<strong>de</strong>nte para Freud em muitos casos clínicos. A impressão que temos ao ler a passagemacima é que ele utiliza o termo “<strong>de</strong>pressão” no sentido que confere à <strong>melancolia</strong>. Umapaciente com uma <strong>de</strong>pressão que antece<strong>de</strong>u o <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> uma neurose obsessiva écitada no texto póstumo Psicanálise e telepatia (1941 [1921]).Em Psicologia <strong>de</strong> grupo e análise do ego (1921, p.119), primeiramente no capítulosete, a <strong>melancolia</strong> é assim <strong>de</strong>scrita: “afecção que inclui entre as mais notáveis <strong>de</strong> suas causasexcitadoras a perda real ou emocional <strong>de</strong> um objeto amado”. Já no capítulo onze, Freud serefere à <strong>melancolia</strong> distinguindo-a em dois tipos 8 . Entretanto, <strong>de</strong>sta vez, o termo “<strong>de</strong>pressão”também se faz presente:Sabe-se bem que existem pessoas cujo colorido geral do estado <strong>de</strong> ânimo oscilaperiodicamente <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>pressão excessiva, atravessando algum tipo <strong>de</strong> estado8 Como fizera o autor em Luto e <strong>melancolia</strong> (1917[1915]), ao diferenciar as <strong>melancolia</strong>s psicogênicas das do tiposomáticas.65

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