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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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po<strong>de</strong> ser solucionado pela psicanálise como uma histeria (FREUD, 1905[1901], p.59;grifos nossos).Neste caso, vemos a aparição da <strong>melancolia</strong> como um estado patológico no qualteríamos a presença <strong>de</strong> uma profunda <strong>de</strong>pressão. Neste caso, <strong>de</strong>pressão e <strong>melancolia</strong> ficam,assim, distinguidos. A <strong>de</strong>pressão é um sintoma que compõe um quadro maior, isto é, umestado patológico mais grave: a <strong>melancolia</strong>. Esta distinção importante, que aparece no“rascunho E”, <strong>de</strong>monstra que Freud enten<strong>de</strong> a <strong>melancolia</strong> como um quadro mais acentuadoque a <strong>de</strong>pressão. Isto po<strong>de</strong>ria ser explicado da seguinte forma: a <strong>de</strong>pressão parece <strong>de</strong>finidacomo afeto, ou humor, que po<strong>de</strong> acompanhar as neuroses em geral; contudo, ela aparece <strong>de</strong>forma mais grave e pura na <strong>melancolia</strong>.Em outra interessante passagem, alguns anos mais tar<strong>de</strong>, Freud <strong>de</strong>screve, no textosobre o Tratamento anímico <strong>de</strong> 1905, o que ele chamou <strong>de</strong> “estado afetivo <strong>de</strong> natureza<strong>de</strong>pressiva”:Os estados afetivos persistentes <strong>de</strong> natureza penosa, ou, como se costuma dizer,“<strong>de</strong>pressiva”, tais como o <strong>de</strong>sgosto, a preocupação e a tristeza, abatem a nutriçãodo corpo como um todo, causam o embranquecimento dos cabelos, fazem a gordura<strong>de</strong>saparecer e provocam alterações patológicas nas pare<strong>de</strong>s dos vasos sangüíneos.[...] A<strong>de</strong>mais, os afetos — embora quase que exclusivamente os <strong>de</strong>pressivos —muitas vezes bastam por si mesmos para ocasionar doenças, tanto no tocante aosmales do sistema nervoso com alterações anatômicas <strong>de</strong>monstráveis quanto no queconcerne às doenças <strong>de</strong> outros órgãos, situação na qual temos <strong>de</strong> supor que a pessoaem causa já tinha uma predisposição para tal doença, até ali inoperante (FREUD,1905, p.274 -275).Parece que encontramos algo próximo a uma <strong>de</strong>finição do que Freud enten<strong>de</strong> por<strong>de</strong>pressão: um estado afetivo penoso, que reúne tristeza, preocupação e <strong>de</strong>sgosto. Serelacionarmos isto com a passagem do fragmento anterior, po<strong>de</strong>mos arriscar afirmar, então,que na <strong>melancolia</strong> se encontraria um estado afetivo <strong>de</strong>pressivo <strong>de</strong>sta natureza, muito mais<strong>de</strong>senvolvido, profundo e acentuado. A <strong>melancolia</strong> seria então uma síndrome <strong>de</strong>finida,enquanto a <strong>de</strong>pressão se caracterizaria como um afeto penoso presente em várias neuroses.Convém <strong>de</strong>stacar também a percepção <strong>de</strong> Freud sobre o fato <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>pressão po<strong>de</strong> afetar ofuncionamento do corpo, ocasionando doenças somáticas.Pouco adiante, em 1909, no caso do homem dos ratos, encontramos o termo “estado<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão profunda”: “No dia seguinte caiu em um estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão profunda, e<strong>de</strong>sejava conversar sobre assuntos aleatórios; contudo, logo admitiu que se encontrava emcrise”. Parece-nos que aqui não há um quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão propriamente dita, mas um estadopassageiro <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> neurose obsessiva. Nossa percepção sobre ofato <strong>de</strong> Freud reservar ao termo “<strong>de</strong>pressão” a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> estados afetivos penosos vai se61

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