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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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<strong>melancolia</strong> e central no texto Luto e <strong>melancolia</strong>, aparece aqui <strong>de</strong> forma muito rudimentar –ainda não é o conceito <strong>de</strong> 1915, mas já esboça aqui sua presença. Juntamente com aambivalência, o narcisismo será o outro conceito <strong>de</strong>senvolvido por Freud, anos mais tar<strong>de</strong>,que lhe permitirá compreen<strong>de</strong>r a <strong>melancolia</strong>. Voltemos ainda à carta 102:Com uma outra paciente, convenci-me <strong>de</strong> que realmente existe algo a que se po<strong>de</strong>chamar <strong>melancolia</strong> histérica e quais são suas manifestações. Também verifiqueicomo a mesma lembrança aparece nas mais diferentes versões; e ainda obtive umprimeiro vislumbre da <strong>melancolia</strong> que ocorre por soma. Essa paciente, além disso,é totalmente anestésica, como <strong>de</strong>veria mesmo ser, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com uma idéiaque data do período inicial do meu trabalho referente às neuroses (FREUD, Carta102, 1899, p.328; grifos nossos)A <strong>melancolia</strong> aqui está associada com a histeria. A idéia <strong>de</strong> que os melancólicos sãoanestésicos, revelada no “rascunho E” em 1894 e no “rascunho G”, aparece novamente cincoanos <strong>de</strong>pois.Segundo Peres (1996,1999), nota-se nestes estudos “pré-psicanalíticos” o emprego <strong>de</strong>vários termos, como “<strong>melancolia</strong>”, “<strong>melancolia</strong> senil”, “<strong>melancolia</strong> neurastênica”,“<strong>melancolia</strong> <strong>de</strong> angústia”, “<strong>de</strong>pressão”, “<strong>de</strong>pressão periódica”, entre outros. E eles poucasvezes são distinguidos precisamente como conceitos, aparecendo muitas vezes comosinônimos. A autora ainda revela que, do início da década <strong>de</strong> 90 até seu fim, Freud <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>estabelecer uma distinção entre os termos “<strong>de</strong>pressão” e “<strong>melancolia</strong>”. No entanto, não é bemisto que constatamos. Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sta época inicial da década <strong>de</strong> noventa, Freud aindacontinua a usar os termos ora distinguindo-os, ora tratando-os como sinônimos.Em 1901, no caso Dora (1905[1901]), um estudo voltado para a elucidação e ailustração da histeria, o termo “<strong>de</strong>pressão” aparece três ou quatro vezes, e “<strong>melancolia</strong>” umavez, apenas como parte da <strong>de</strong>scrição do estado em que a paciente se encontra. Freud assimescreve:Sem dúvida este caso clínico, tal como o esbocei até agora, não parece em seuconjunto digno <strong>de</strong> ser comunicado. Trata-se <strong>de</strong> uma “petite hystérie” com os maiscomuns <strong>de</strong> todos os sintomas somáticos e psíquicos: dispnéia, tussis nervosa, afonia epossivelmente enxaquecas, junto com <strong>de</strong>pressão, insociabilida<strong>de</strong> histérica e umtaedium vitae que provavelmente não era muito levado a sério (FREUD, 1905[1901],p.33; grifo nosso).A <strong>de</strong>pressão neste caso é apenas um sintoma que acompanha o quadro histérico <strong>de</strong>Dora. Ainda no mesmo texto, para se referir a um tipo <strong>de</strong> pensamento a que Freud <strong>de</strong>nominou<strong>de</strong> hipervalente, a <strong>melancolia</strong> aparece brevemente como um exemplo, em uma nota <strong>de</strong> rodapé:Esse tipo <strong>de</strong> pensamento hipervalente, ligado a uma profunda <strong>de</strong>pressão, é amiú<strong>de</strong> oúnico sintoma <strong>de</strong> um estado patológico geralmente <strong>de</strong>scrito como “<strong>melancolia</strong>”, mas60

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