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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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anos:Nossa próxima parada é no “rascunho F”, na discussão do caso Herr von F., 44 <strong>de</strong>Um caso benigno, mas muito característico, <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão periódica, <strong>melancolia</strong>.Sintomas: apatia, inibição, pressão intracraniana, dispepsia, insônia — o quadro estácompleto.Há uma inequívoca semelhança com a neurastenia, e a etiologia é a mesma. Tenhoalguns casos bastante parecidos: são masturbadores (Herr A.) e têm também um traçohereditário. Os von F. são reconhecidamente psicopatas. Assim, trata-se <strong>de</strong> um caso<strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> neurastênica; <strong>de</strong>ve haver aí um ponto <strong>de</strong> contato com a teoria daneurastenia.É bem possível que o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> uma <strong>melancolia</strong> <strong>de</strong> menor importância,como a que vimos, possa ser sempre o ato do coito: um exagero do ditado da filosofia“omne animal post coitum triste”. Os intervalos <strong>de</strong> tempo provariam se este é ou nãoo caso. O homem sente melhoras a cada série <strong>de</strong> tratamentos, a cada ausência <strong>de</strong> casa— isto é, em cada período em que se vê livre do coito. Naturalmente, como afirma,ele é fiel à esposa. O uso do condom é uma prova <strong>de</strong> pouca potência; sendo algoparecido com a masturbação, é uma causa contínua <strong>de</strong> sua <strong>melancolia</strong> (FREUD 1894,p.245; grifos nossos).Surpreen<strong>de</strong>ntemente, a <strong>melancolia</strong> aparece igualada à <strong>de</strong>pressão periódica,diferentemente do que encontramos nos “rascunhos A e B”. A preocupação <strong>de</strong> Freud comuma exata distinção dos quadros em que se <strong>de</strong>dica a estudar é muito clara: notamos como suasconclusões vão se modificando <strong>de</strong> acordo com suas observações clínicas. Neste rascunho nãose trata simplesmente <strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>, mas, por sua semelhança com aneurastenia, <strong>de</strong> uma <strong>melancolia</strong> neurastênica. A masturbação, fato já associado à ocorrênciada neurastenia, é associada também à <strong>melancolia</strong>.O rascunho seguinte é sem dúvida o mais importante escrito sobre a <strong>melancolia</strong> <strong>de</strong>staépoca. Aliás, é o segundo mais importante escrito <strong>de</strong> Freud sobre o tema, já que o primeiro éLuto e Melancolia (1917 [1915]). Trata-se do “manuscrito G”, <strong>de</strong> 1895, no qual Freudpreten<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a <strong>melancolia</strong>, e que contém ainda <strong>de</strong> forma embrionária, sem dúvidaalguma, pontos que serão trabalhados em Luto e <strong>melancolia</strong>. Neste “rascunho G”, Freudafirma que o afeto que correspon<strong>de</strong> à <strong>melancolia</strong> é o luto, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> recuperar o que foiperdido. Ele diz ainda que a <strong>melancolia</strong> se configura como uma perda na vida pulsional, e sepergunta se po<strong>de</strong>ria afirmar que ela consiste em um luto por perda da libido, sendo seu efeitoa inibição psíquica com empobrecimento pulsional e dor. Freud fala ainda da presença, na<strong>melancolia</strong>, <strong>de</strong> um buraco na esfera psíquica sugando a energia pulsional e, <strong>de</strong>sta forma,sustentando o estado <strong>de</strong> inibição afetiva do sujeito. Os efeitos da <strong>melancolia</strong> são: inibiçãopsíquica, empobrecimento pulsional e o respectivo sofrimento. Em 1985, embora não seja umtexto publicado na época, Freud estabelece claramente a <strong>melancolia</strong> no registro da perda.Estabelece ainda uma distinção entre três formas <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>: a cíclica ou genuína aguda, aneurastênica e a <strong>de</strong> angústia – uma forma mista <strong>de</strong> neurose <strong>de</strong> angustia e <strong>melancolia</strong>. Esta57

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