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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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No seu artigo <strong>de</strong> 1888, <strong>de</strong>nominado “Histeria”, Freud usa o termo “<strong>melancolia</strong>” comoum tipo <strong>de</strong> humor saturnal, e “<strong>de</strong>pressão” nos parece ser <strong>de</strong>finido como um quadro associadoà histeria:Os estados mórbidos causados por trauma geral grave (aci<strong>de</strong>ntes ferroviários etc.),conhecidos como “railway spine” e “railway brain”, são consi<strong>de</strong>rados histeria porCharcot, com o que concordam os autores americanos, com inquestionável autorida<strong>de</strong>nesse assunto. Esses estados freqüentemente possuem a mais sombria e graveaparência; apresentam-se combinados com <strong>de</strong>pressão e humor melancólico emostram, seja <strong>de</strong> que maneira for, em numerosos casos, uma combinação <strong>de</strong> sintomashistéricos com sintomas neurastênicos e orgânicos (FREUD, 1895, p.88, grifosnossos).Aqui vemos, como no caso anterior, que o humor melancólico e a <strong>de</strong>pressão estãodiferenciados: o primeiro está ligado ao humor, enquanto a segunda provavelmente <strong>de</strong>va sereferir a inibições. Ainda nos estudos sobre a histeria, encontramos referência à <strong>melancolia</strong>vinculada à neurose <strong>de</strong> angústia e a <strong>de</strong>pressão como sintoma (PERES, 1996, p.35).Os dois estados são também muito citados nos rascunhos enviados a Fliess. Nesteperíodo <strong>de</strong> solidão científica que se seguiu ao rompimento com Breuer, Freud fez do amigootorrinolaringologista seu principal interlocutor. Os termos não são aí cristalizados, sendousados <strong>de</strong> acordo com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Freud e principalmente <strong>de</strong> acordo com seus achados econclusões clínicas. Observa-se uma oscilação na maneira <strong>de</strong> ele se referir a tais termos,po<strong>de</strong>ndo-se encontrá-los ora como sinônimos, ora rigorosamente <strong>de</strong>finidos como estadosdiferentes. No “rascunho A”, Freud (1892, p.222) escreve: “A <strong>de</strong>pressão periódica é umaforma <strong>de</strong> neurose <strong>de</strong> angústia, que, fora <strong>de</strong>sta, manifesta-se em fobias e ataques <strong>de</strong> angústia”.Neste texto, o autor não nos oferece mais <strong>de</strong>talhes, mas notamos uma aproximação entre aexpressão “<strong>de</strong>pressão periódica” e “neurose <strong>de</strong> angústia” ─ que hoje é conhecida como“síndrome do pânico” (PERES, 1996, p.29).Ainda nesta mesma direção, temos o “rascunho B”, no qual encontramos novamente a“<strong>de</strong>pressão periódica”:Devo examinar a <strong>de</strong>pressão periódica, um ataque <strong>de</strong> angústia com duração <strong>de</strong>semanas ou meses, como uma terceira forma <strong>de</strong> neurose <strong>de</strong> angústia. Essa forma <strong>de</strong><strong>de</strong>pressão, em contraste com a <strong>melancolia</strong> propriamente dita, quase sempre temuma conexão aparentemente racional com um trauma psíquico. Este, no entanto, éapenas a causa precipitante. A<strong>de</strong>mais, essa <strong>de</strong>pressão periódica não éacompanhada por anestesia [sexual] psíquica, que é característica da <strong>melancolia</strong>(FREUD, 1893, p.228; grifos nossos).Aqui a <strong>melancolia</strong> é claramente distinguida da <strong>de</strong>pressão, já que é i<strong>de</strong>ntificada pelapresença da anestesia, e a <strong>de</strong>pressão periódica branda 5 é relacionada a um trauma psíquico e5 Segundo Peres (1996, p. 28), esta é a terminologia correta.55

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