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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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aqueles que dizem que, embora sejam diferentes, estes estados po<strong>de</strong>m ser chamados <strong>de</strong>maneira mais geral <strong>de</strong> “estados <strong>de</strong>pressivos”. De acordo com Laplanche (1987, p.293),Esse campo geral da <strong>de</strong>pressão gera problemas sobre os quais até hoje não sechegou a um consenso: unida<strong>de</strong> ou heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse domínio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suasformas <strong>de</strong> aspecto normal, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>de</strong>pressões “justificadas”, passando pelas<strong>de</strong>pressões neuróticas, até a <strong>melancolia</strong>, que se concorda, em geral, em <strong>de</strong>signar porpsicose.O problema em Freud não é diferente. Não é tarefa fácil compreen<strong>de</strong>r tal questão nateoria <strong>freudiana</strong>, já que ele nunca se posicionou claramente sobre o assunto. A análise <strong>de</strong> seusescritos permite várias leituras e interpretações diferentes. Este tópico visa investigar nopensamento <strong>freudiana</strong> sua compreensão sobre a <strong>de</strong>pressão e a <strong>melancolia</strong>, mas focando aquestão terminológica e sintomática.Freud escreveu sobre a <strong>melancolia</strong> ainda no final do século <strong>de</strong>zenove. Nos estudossobre a histeria, nas primeiras publicações psicanalíticas e nos extratos <strong>de</strong> cartas enviadas aFliess, encontramos a presença do termo “<strong>melancolia</strong>” e do termo “<strong>de</strong>pressão” em diversossentidos. A <strong>melancolia</strong> <strong>de</strong>spertava a atenção <strong>de</strong> Freud porque ele mesmo estava sendo vítima<strong>de</strong>sse mal. Ele escrevia a seu amigo Fliess, queixando-se <strong>de</strong> estar <strong>de</strong>primido, <strong>de</strong>sanimado eabatido. De fato ele enfrentava um período crítico, pois, após o rompimento com Breuer, viusesozinho com suas idéias e teorias, ainda embrionárias e extremamente revolucionárias. Eraum tempo em que enfrentava altos e baixos: ora pensava estar no caminho certo, ora se viacompletamente equivocado diante <strong>de</strong> seus achados. O investimento <strong>de</strong>sta época, a década <strong>de</strong>90, era no <strong>de</strong>svendamento da histeria e ele tentava a todo custo comprovar sua teoria dasedução. Ao se <strong>de</strong>parar com a inconsistência da mesma e com a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mantê-la,viu-se realmente abatido e <strong>de</strong>sestimulado. Mas não por muito tempo. Ao efetuar sua autoanálise,Freud se vê livre da <strong>de</strong>pressão e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> se interessar por ela. Retoma as ré<strong>de</strong>as <strong>de</strong>suas idéias, abandona a teoria da sedução e vislumbra novos caminhos – nasce finalmente apsicanálise, baseada na <strong>de</strong>scoberta da realida<strong>de</strong> psíquica e das fantasias inconscientes(DELOUYA, 2001; GAY, 1989).Nos trabalhos <strong>de</strong>sta década, o termo “<strong>melancolia</strong>” e o termo “<strong>de</strong>pressão”, ou os seuscorrelatos, aparecem como coadjuvantes, isto é, como sintomas que acompanham os quadrosclínicos estudados. Aparecem também raríssimas vezes como foco <strong>de</strong> estudo, como é o casodo “rascunho G”, no qual a <strong>melancolia</strong> toma a cena principal. Encontramos ainda uma<strong>de</strong>finição para tais estados como um tipo <strong>de</strong> neurose <strong>de</strong> angústia, e finalmente sendorelacionados a outras patologias como a neurose obsessiva e a histeria, por exemplo. Ostermos aparecem muitas vezes, mas Freud nunca os <strong>de</strong>fine precisamente, ou não preten<strong>de</strong>53

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