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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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suficientes para <strong>de</strong>screver toda gama <strong>de</strong> distúrbios mentais não febris” (PESSOTTI, 1994, p.78; PESSOTTI, 1999, p.17). É fundamental este tipo <strong>de</strong> observação e compreensão, poisrevela que nosso objeto <strong>de</strong> estudo – a <strong>melancolia</strong> – serviu <strong>de</strong> nome para as loucuras durantemais <strong>de</strong> dois milênios, abrangendo uma ampla gama <strong>de</strong> manifestações. Este fato revela umahistória <strong>de</strong> imprecisão – ou <strong>de</strong> generalização – que acompanha o termo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem. Estefato po<strong>de</strong>ria explicar por que ainda hoje temos dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>finir os estados melancólicose <strong>de</strong>pressivos, como também em alcançar um significado preciso dos termos.De tão abrangente, usual, antigo e conhecido, o termo “<strong>melancolia</strong>” foi substituído por“<strong>de</strong>pressão”, que por sua vez, também caiu no gosto popular. “Depressão” se tornou, nomundo contemporâneo, um termo abrangente, com usos variados na cultura popular, nostextos literários e poéticos, na filosofia, na psiquiatria, na psicologia etc. Assim, é comum ouso latu-senso do termo “<strong>de</strong>pressão” no cotidiano popular, sem a preocupação com o seusignificado psiquiátrico ou psicanalítico. Talvez o uso do termo “<strong>de</strong>pressão” atualmente tenha,como nos séculos passados em que se empregava “<strong>melancolia</strong>” corriqueiramente, sidoapropriado <strong>de</strong> tal maneira que dizer-se <strong>de</strong>primido virou quase sinônimo <strong>de</strong> tristeza e <strong>de</strong>abatimento diante das dificulda<strong>de</strong>s.Já nos manuais <strong>de</strong> psiquiatria CID-10/DSM IV, a <strong>de</strong>pressão consta como uma gran<strong>de</strong>classe, com mais <strong>de</strong> vinte e cinco subtipos. Quanto à <strong>melancolia</strong>, restou-lhe somente umarestrita classe como um subtipo específico <strong>de</strong>ntro dos manuais psiquiátricos, uma forma grave<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão maior. Depois <strong>de</strong> quase três milênios, ela foi encurralada e restringida, e quase<strong>de</strong>sapareceu dos textos científicos.Na psicanálise, ela permaneceu na classe <strong>de</strong> psicoses, como nos séculos XIX e XX,em que era aproximada à psicose maníaco-<strong>de</strong>pressiva. Já a “<strong>de</strong>pressão” recebeu um uso maisgeral, mais livre, para se referir a um estado afetivo <strong>de</strong> inibição, sem a preocupação <strong>de</strong>diagnóstico específico ou classificação.E ainda hoje, como que fruto <strong>de</strong> uma herança, encontramos uma gran<strong>de</strong> confusão emtorno do termo “<strong>melancolia</strong>”, mesmo que façamos um uso mais restrito e um pouco mais<strong>de</strong>finido no âmbito do conhecimento científico. Porém, o que constatamos na tentativa <strong>de</strong>buscar uma <strong>de</strong>finição científica para estes estados, é que também há imprecisão e divergência.Frente a estas consi<strong>de</strong>rações, a seguinte questão se coloca: a psicanálise po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>alguma forma contribuir para chegar a um entendimento mais a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sta longa história<strong>de</strong> quase três mil anos? É possível que sim.Vimos que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Bíblia um estado que incluí tristeza profunda, apatia, <strong>de</strong>sânimo,prostração, inibição generalizada, entre outros sintomas, é <strong>de</strong>scrito e observado entre os seres47

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