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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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O termo “<strong>de</strong>pressão” passa, assim, a predominar na psiquiatria, sob as mo<strong>de</strong>rnasclasses <strong>de</strong> transtornos afetivos (CID-10) ou transtornos <strong>de</strong> humor (DSM-IV). O termo“<strong>melancolia</strong>”, por sua vez, aparece como uma subclasse <strong>de</strong>ntro da <strong>de</strong>pressão, sob a classe dosdistúrbios dos humores. Estes manuais <strong>de</strong> classificações psiquiátricas primam pela observaçãoe pela <strong>de</strong>scrição dos fenômenos que são diagnosticados a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados sintomas quese manifestam, levando em conta a sua duração, freqüência e intensida<strong>de</strong>. Os transtornosbipolares – a antiga psicose maníaco-<strong>de</strong>pressiva – são incluídos nos capítulos sobre ostranstornos <strong>de</strong> humor e afetivos, e se referem à “<strong>de</strong>pressão-mania”, e não mais à “<strong>melancolia</strong>mania”.Esta <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m bipolar po<strong>de</strong> apresentar-se <strong>de</strong> maneira mais suave recebendo o nome<strong>de</strong> “ciclotimia”. A <strong>de</strong>pressão po<strong>de</strong> ocorrer como transtorno mais grave – a “<strong>de</strong>pressão maior”– ou mais branda – a “distimia” (MOREIRA, 2002; PERES, 1996, 1999, 2003; DELOUYA,2001, RODRIGUES, 2000).Desta forma, seguindo a tradição kraepeliana, os psiquiatras põem ênfase em umdéficit ou insuficiência orgânica e biológica, muitas vezes, uma <strong>de</strong>ficiência inata. Apostamainda na observação e na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> síndromes e na enumeração <strong>de</strong> sintomas, o quecostuma dirigir suas estratégias terapêuticas. Apostam na terapêutica farmacológica, atravésda administração <strong>de</strong> anti<strong>de</strong>pressivos que regulam a produção <strong>de</strong> neurotransmissores, po<strong>de</strong>ndoser chamadas também <strong>de</strong> “psicobiológicas” (PERES, 2003). Finalmente, a psiquiatriacontemporânea compreen<strong>de</strong> os afetos e estados afins da <strong>melancolia</strong> sob o nome <strong>de</strong>“<strong>de</strong>pressão” e seus inúmeros subtipos, sua causa compreendida essencialmente como umadisfunção neuroquímica que <strong>de</strong>ve ser corrigida pela ação dos psicofármacos. Osanti<strong>de</strong>pressivos atuais agem na sinapse celular; no entanto, segunda a Revista Brasileira <strong>de</strong>Psiquiatria – Atualizações em Psiquiatria (2002, p. 47), os anti<strong>de</strong>pressivos <strong>de</strong> uma futurageração <strong>de</strong>verão atuar no interior da célula. Nesta vertente, a <strong>de</strong>pressão nos é apresentadacomo uma síndrome que <strong>de</strong>ve ser erradicada, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos motivos que levaram aela e da história <strong>de</strong> vida do sujeito. Pois estar <strong>de</strong>primido é ruim, sinal <strong>de</strong> disfunção orgânica, e<strong>de</strong> fracasso do funcionamento do corpo. A psicanálise, como veremos, oferece uma visão bemdiferente <strong>de</strong>sta, e coloca a <strong>de</strong>pressão e a <strong>melancolia</strong> em outros registros, não somente obiológico. É para ela que nos voltaremos a seguir.45

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