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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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da psicanálise. As explicações neuroquímicas, diz o autor, são tanto aprovadas quanto<strong>de</strong>saprovadas. Há <strong>de</strong>bates e discordâncias que põem em dúvida o estatuto <strong>de</strong> exatidão quemuitos psiquiatras tentam conferir à origem biológica da <strong>de</strong>pressão.Outras questões em torno do advento dos neurotransmissores e da psicofarmacologiasão apontadas por Birman (2001; 2006). O autor revela que, com o fundamentoaparentemente incontestável fornecido pelas neurociências a partir dos anos cinqüenta, apsiquiatria encontra aquela cientificida<strong>de</strong> tão aspirada no final do século XVIII. Naquelaépoca o discurso psiquiátrico não encontrava legitimida<strong>de</strong> nas bases epistemológicas dasciências médicas, permanecendo sempre em uma posição incômoda, enquanto pretensaespecialida<strong>de</strong> médica. A psiquiatria se estabeleceu, assim, afastada das bases do saber médico,como uma ”falsa medicina”, uma “pseudomedicina” que não conseguia fundamentar seudiscurso <strong>de</strong>ntro das molduras da ciência. Seus fundamentos consistiam nas causas etratamentos morais, que se aproximavam mais da filosofia. Com o avanço das neurociências eda psicofarmacologia após os anos 50, a psiquiatria pô<strong>de</strong> finalmente se transformar em umaciência médica, aproximando-se da medicina somática. Preten<strong>de</strong>ndo construir uma leitura dopsiquismo <strong>de</strong> base inteiramente biológica, as neurociências forneceram ao campo psiquiátricoinstrumentos teóricos técnicos que passaram a orientar sua prática:É importante observar que as neurociências preten<strong>de</strong>m construir uma leitura dopsiquismo <strong>de</strong> base inteiramente biológica. Com isso, o funcionamento psíquicoseria redutível ao funcionamento cerebral, sendo este representado em umalinguagem bioquímica. Enfim, a economia bioquímica dos neurotransmissorespo<strong>de</strong>ria explicar as particularida<strong>de</strong>s do psiquismo e da subjetivida<strong>de</strong> (BIRMAN,2001, p.181-82).Esta transformação, segundo Birman (2001), <strong>de</strong>ve ser compreendida como umatransformação epistemológica, que produziu mudanças imediatas na terapêutica psiquiátrica.A medicação psicofarmacológica passou a ser a principal modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção dapsiquiatria, transformando-se em seu referencial fundamental. Frente a isto, a psicoterapiaten<strong>de</strong> a ser eliminada do dispositivo psiquiátrico, transformando-se um uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>intervenção secundária, isto quando é tomada em consi<strong>de</strong>ração frente à po<strong>de</strong>rosa intervençãomedicamentosa.Birman aponta alguns <strong>de</strong>sdobramentos diretos <strong>de</strong>ste fato. Um <strong>de</strong>les, e talvez o maisdireto, é que a psiquiatria, seduzida que foi pela pretensão <strong>de</strong> se alçar ao status <strong>de</strong> ciênciamédica respeitável, não <strong>de</strong>seja ter mais nenhuma proximida<strong>de</strong> com a psicanálise. O nãoafastar-se da psicanálise significaria um risco <strong>de</strong> afetar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> médico-científica da43

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