13.07.2015 Views

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Chegamos finalmente ao início do século XX, no qual temos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar duascorrentes interpretativas concomitantes no que se refere ao tratamento e à compreensão da<strong>de</strong>pressão e da <strong>melancolia</strong>: a psiquiátrica e a psicanalítica. Neste tópico nos <strong>de</strong>teremossomente na primeira.A psiquiatria passa a se consolidar <strong>de</strong>finitivamente no século XX, representada porPierre Janet, que enfatiza a dimensão orgânica e alimenta a visão biológica da doença mental.Cordás (2002) revela que houve no século XX uma intensa discussão na psiquiatria sobre otermo “<strong>de</strong>pressão”, envolvendo suas diversas formas clínicas <strong>de</strong> apresentação e suasdiferentes classificações. Diferentes psiquiatras entendiam que os transtornos que envolviam a<strong>de</strong>pressão e a mania <strong>de</strong>veriam ser classificados das mais diferentes formas. Um dos problemasmais comuns que se colocava para estudo, que, aliás, remonta aos estudiosos da Grécia antiga,é aquele sobre tentar discriminar entre uma <strong>de</strong>pressão endógena e uma <strong>de</strong>pressão reativa; aprimeira seria um subtipo com causas orgânicas e a segunda causada por situaçõesexistenciais. A pergunta a se fazer era se haveria diferença no tratamento <strong>de</strong>stas duas formas<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão; alguns, a partir <strong>de</strong> suas pesquisas, concordavam que sim, já outros, <strong>de</strong>fendiamque não haveria nenhuma diferença e importância nesta forma <strong>de</strong> distinção.Segundo Solomon (2002), a idéia <strong>de</strong> uma interação entre gene e ambiente não eracogitada até o último quarto do século XX. O autor mostra que a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitar estainteração se relaciona com questões psicossociais, embora seja também reflexo dopensamento científico mo<strong>de</strong>rno sobre a natureza dividida da mente-corpo. É que pacientes<strong>de</strong>primidos não gostam <strong>de</strong> pensar que <strong>de</strong>smoronaram diante <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s que outrosagüentaram. Ter <strong>de</strong>pressão, na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, assim como na Ida<strong>de</strong> Média,seria motivo <strong>de</strong> vergonha, a ponto <strong>de</strong> ser escondido. Mas se a <strong>de</strong>pressão pu<strong>de</strong>sse ser creditadaa algo que acontecesse sem razão externa, sem a implicação do sujeito e fosse entendida comoum resultado <strong>de</strong> problemas no plano genético e químico, eximiria o sujeito da culpa eresponsabilida<strong>de</strong>, pois este nada po<strong>de</strong>ria fazer para impedir o surgimento <strong>de</strong> sua doença.Assim haveria, <strong>de</strong> acordo com Solomon (2002, p.307),[...] um interesse social em dizer que a <strong>de</strong>pressão é causada por processos químicosinternos que estão <strong>de</strong> algum modo além do controle do afligido. [...] É nessecontexto que os remédios anti<strong>de</strong>pressivos se tornaram tão populares. Se sua funçãoé interna e relativamente incompreensível, <strong>de</strong>vem afetar algum mecanismoimpossível <strong>de</strong> controlar através da mente consciente. É como ter um motorista;você simplesmente se senta relaxado no banco <strong>de</strong> trás e <strong>de</strong>ixa alguém enfrentar os<strong>de</strong>safios dos sinais do trânsito, policiais, mau tempo, regras e <strong>de</strong>svios por você.41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!