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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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a ser completamente medicalizada e biologizada (SOLOMON, 2002, p.297). Griesinger teveainda um gran<strong>de</strong> papel na psiquiatria por propor a teoria <strong>de</strong> uma psicose única, na qual a<strong>melancolia</strong> seria apenas o estágio inicial <strong>de</strong> uma única doença que progrediria até outrosestágios mais severos, po<strong>de</strong>ndo chegar até a insanida<strong>de</strong> total (CORDÁS, 2002, p.78). GeorgeH. Savage (1842 – 1921), em seu Insanity and allied Neuroses, <strong>de</strong> 1889, afirmou que a<strong>melancolia</strong> é um estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão mental na qual a dor mental <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudançasfísicas e corporais, e não diretamente do meio ambiente (SOLOMON, 2002, p.300).Neste período, a <strong>melancolia</strong> foi aproximada da mania sob o nome <strong>de</strong> “loucuracircular” por Jean-Pierre Falret (1794-1870). Na Alemanha, Emil Kraepelin (1856-1926),consi<strong>de</strong>rado o pai da psicobiologia, integrou a <strong>melancolia</strong> à insanida<strong>de</strong> maníaco-<strong>de</strong>pressiva,<strong>de</strong>ntro da seção das psicoses, fundindo-a mais tar<strong>de</strong> à psicose maníaco-<strong>de</strong>pressiva. O famosopsiquiatra acreditava que toda doença tinha uma base bioquímica. Sua nosologia pretendiaseparar as doenças mentais adquiridas das hereditárias. Kraepelin continuou a usar o termo“<strong>melancolia</strong>” e seus subtipos, utilizando o termo “<strong>de</strong>pressão” para <strong>de</strong>screver afetos(KRAEPELIN, 2001 [1905]).No entanto, contrariando uma corrente que ia se estabelecendo na psiquiatria, HenryMaudsley (1835-1918), respeitado médico, foi o primeiro a <strong>de</strong>screver a <strong>melancolia</strong> como umadoença que se reconhece, mas não se consegue explicar. Segundo ele, não existe umverda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>sarranjo na mente presente na <strong>melancolia</strong>, há apenas uma profunda dor da menteparalisando suas funções (SOLOMON, 2002, p.299).Com o <strong>de</strong>senvolvimento científico, no século XIX, começou-se uma preferência pelotermo “<strong>de</strong>pressão” em <strong>de</strong>trimento do termo “<strong>melancolia</strong>”. O primeiro entrou em uso napsiquiatria européia por volta do séc. XVIII, vindo do francês a partir do latim, <strong>de</strong>-premere,que significa pressionar para baixo. No início, seu uso foi introduzido em associação ao termo“<strong>melancolia</strong>” (DELOYA, 2002). Segundo Moreira (2002), e também Delouya (2001), asubstituição do termo por “<strong>de</strong>pressão”, se <strong>de</strong>ve a uma tendência da psiquiatria no final doséculo XIX e durante a sua consolidação no século XX.Moreira (2002) revela que os <strong>de</strong>senvolvimentos psiquiátricos, e seus movimentos <strong>de</strong>substituição do termo “<strong>melancolia</strong>”, criaram o que ela chama <strong>de</strong> invisibilida<strong>de</strong> da <strong>melancolia</strong>.Foi Adolf Meyer (1866-1950) que favoreceu a substituição <strong>de</strong> “<strong>melancolia</strong>” por “<strong>de</strong>pressão”,já que o primeiro remetia a um estado do romantismo muito presente na literatura eina<strong>de</strong>quado à ciência psiquiátrica, que estava em pleno <strong>de</strong>senvolvimento, o que, como vimos,já havia sido observado por Esquirol algumas décadas antes (DELOUYA, 2001; FARINHA,2005; MOREIRA, 2002; PERES, 1996, 1999, 2003).40

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