13.07.2015 Views

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

classificações em categorias e subcategorias (SOLOMON, 2002, p.296). Neste momento a<strong>melancolia</strong> passa também a ser alvo <strong>de</strong> estudo dos alienistas e é apropriada pela ciênciamédica. Para Pinel, a <strong>melancolia</strong> fazia parte dos quadros patológicos, sendo <strong>de</strong>scrita comouma doença cujas vítimas tinham fixação em um orgulho <strong>de</strong>smedido, po<strong>de</strong>ndo ser acometidos<strong>de</strong> abatimento, consternação e <strong>de</strong>sespero (AMARANTE, 1996; FARINHA, 2005; PERES,2003). Pinel usa o termo “mania” para se referir a qualquer tipo <strong>de</strong> loucura, assim comofaziam a maior parte dos textos gregos; no entanto, incentiva a observação e a <strong>de</strong>scrição paraque se realize uma correta classificação das diferentes formas <strong>de</strong> loucura (CORDÁS, 2002,p.73). Inaugura-se um período no qual o discurso médico se apropria da loucura, tornando-a,única e exclusivamente, uma doença mental (AMARANTE, 1996, p.37).Jean-Étienne Esquirol (1772-1840), discípulo <strong>de</strong> Pinel, <strong>de</strong>senvolveu seus trabalhos epreocupou-se em construir uma nosografia psiquiátrica. Ele consi<strong>de</strong>rava a loucura comoproduto da socieda<strong>de</strong> e das influencias morais e intelectuais. Para o médico francês, o termo“<strong>melancolia</strong>” era uma palavra <strong>de</strong>sgastada, <strong>de</strong> noção muito literária e um tanto vaga: “Apalavra <strong>melancolia</strong>, consagrada na linguagem vulgar para exprimir o estado habitual <strong>de</strong>tristeza <strong>de</strong> alguns indivíduos, <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada aos moralistas e aos poetas que, nas suasexpressões, não são obrigados a tanta severida<strong>de</strong> quanto os médicos” (ESQUIROL apudPIGEAUD, 1998, p.62). Ele cunhou na França os termos “lipomania” (lypémanie -transtornos <strong>de</strong> humor) e “monomania triste” (mono-manie - transtornos <strong>de</strong> juízo), pararenomear, dividir e se opor à tão velha e já <strong>de</strong>sgastada <strong>melancolia</strong>. É o inicio <strong>de</strong> umasubstituição progressiva, que irá se concretizar no século XX, do termo “<strong>melancolia</strong>” pelonovo e científico termo “<strong>de</strong>pressão”: uma doença cerebral caracterizada por tristeza,abatimento e <strong>de</strong>sgosto <strong>de</strong> viver, acompanhados <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lírio em uma idéia fixa. SegundoEsquirol, a dor melancólica “não é uma dor que se agita, que se lamenta, que grita, quechora, é uma dor que cala, que não tem lágrimas, que é impassível” (ESQUIROL apudPIGEAUD, 1998, p.63). Em meio a esta <strong>concepção</strong> médica, no berço da promissora ciênciapsiquiátrica, encontramos uma espantosa afirmação <strong>de</strong> Esquirol que o aproxima da tesearistotélica do homem <strong>de</strong> gênio: os melancólicos “são muito aptos à cultura das artes e dasciências; eles têm pouca memória, mas suas idéias são fortes, suas concepções vastas; elessão capazes <strong>de</strong> profundas meditações” (ESQUIROL apud PIGEAUD, 1998, p.63).O médico alemão W. Griesinger (1817-1868) <strong>de</strong>clarou que todas as doenças mentaisseriam doenças do cérebro, e uma falha nesta estrutura <strong>de</strong>veria ser encontrada para ser tratadae curada. Apresentou também, pela primeira vez, a idéia <strong>de</strong> que algumas doenças mentais sãoapenas tratáveis, enquanto outras, curáveis. Assim, nas mãos <strong>de</strong> Griesinger, a <strong>melancolia</strong> veio39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!