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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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1.2 Psiquiatria, <strong>de</strong>pressão e <strong>melancolia</strong>: do tratamento moral ao registro dospsicofármacosAinda no fim do século XVIII e início do século XIX, temos outra corrente que semantém e se opõe ao romantismo: a medicina mental, que merece ser <strong>de</strong>stacada por serprecursora da psiquiatria – uma das principais <strong>de</strong>tentoras do conhecimento científico sobre aspsicopatologias na contemporaneida<strong>de</strong>, entre elas a <strong>melancolia</strong> e a <strong>de</strong>pressão.A gran<strong>de</strong> internação dos séculos XVII e XVIII – ou seja, a aglutinação <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong>loucura no mesmo espaço – cria a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, já no século XIX, se conhecer e tratar asformas <strong>de</strong> loucura, permitindo, assim, o nascimento da psiquiatria. Nesta época a medicinacientífica fundamenta-se no discurso da anatomoclínica e a anatomopatologia. Seu saberpartia das observações dos órgãos lesionados e da associação <strong>de</strong>stes aos sintomas e queixasdos doentes, constituindo um saber científico sobre as causas das doenças. A “cura”, ao ladodo conhecimento sistemático das origens das patologias, passou a ser sua meta principal, e aocupar o lugar antes ocupado pelo i<strong>de</strong>ário da “salvação” na Ida<strong>de</strong> Média. Assim consolidavasea medicina, através <strong>de</strong> uma dupla articulação entre o olhar <strong>de</strong> superfície da anatomoclínica– o estudo dos sinais e dos sintomas através do corpo – e o olhar <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> daanatomopatologia – o conhecimento da composição dos órgãos corporais por meio da<strong>de</strong>scrição dos tecidos lesionados. A anatomia conferiu à clínica uma positivida<strong>de</strong> efetiva, indoao encontro das exigências do conhecimento científico do final do século XVIII e no XIX. Ocorpo passa, <strong>de</strong>sta forma, a ser o lugar e a se<strong>de</strong> <strong>de</strong> inscrição por excelência das enfermida<strong>de</strong>s,reafirmado tanto cientificamente, como socialmente (BIRMAN, 2006).Todavia, ao se tratar do tema da loucura, a questão não era tão simples. Frente àimpossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar as necessárias lesões para fundamentar o saber e a clínica daciência médica positiva, as doenças mentais foram renegadas e consi<strong>de</strong>radas não passíveis <strong>de</strong>estudo científico. O estudo das perturbações mentais não conseguia fundamentar-se nossaberes advindos da racionalida<strong>de</strong> médica; “O discurso da anatomoclínica, baseepistemológica da medicina científica, não encontrava legitimida<strong>de</strong> no campo dapsiquiatria” (BIRMAN, 2001, p.180-181).Phillipe Pinel (1745-1826), médico, matemático e enciclopedista, inaugurou o campo<strong>de</strong> estudo da loucura, momento em que as <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns mentais passam a ser também objeto <strong>de</strong>estudo da medicina. Em 1793 assume a direção do Hospital Geral Bicêtre, or<strong>de</strong>na o37

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