13.07.2015 Views

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

publicado em 1747, Julien Offray <strong>de</strong> La Metrie sugeriu que o homem era nada mais do que oconjunto <strong>de</strong> substâncias químicas, engajadas em ações mecânicas. A <strong>melancolia</strong> é, então, nadamais do que um mau funcionamento da máquina humana. Friedrich Hoffman, na mesmalinha, sugere que a <strong>melancolia</strong> seria uma doença hereditária que acompanha o homem portoda a sua vida (SOLOMON, 2002, p.288).O século XVIII, segundo Solomon, foi o pior período, <strong>de</strong>pois da inquisição, para aloucura. O auge da <strong>melancolia</strong> branca do século XVII encontraria seu <strong>de</strong>clínio e seu oposto:<strong>de</strong> condição valorizada, ela passa agora a uma condição marginalizada. Os doentes mentaissão tratados como marginais e incuráveis: eles eram trancados sem nenhuma expectativa <strong>de</strong>melhora nos gran<strong>de</strong>s asilos, chamados hospitais gerais, juntamente com todo tipo <strong>de</strong>marginalizados, pervertidos, miseráveis, <strong>de</strong>linqüentes e leprosos (AMARANTE, 1996, p.39).O espírito romântico retoma a <strong>melancolia</strong> pelas seguintes qualida<strong>de</strong>s: inibição, solidão,amargura e tristeza. Vemos o nascimento <strong>de</strong> uma corrente contrária à da ida<strong>de</strong> da razão, e avisão puramente científica do homem. No romantismo, movimento que se inicia no final doséculo XVIII, a <strong>melancolia</strong> foi uma marca constante, já que <strong>de</strong>signava o amor pelos aspectosselvagens e melancólicos da natureza. A <strong>melancolia</strong> retorna mais amada do que na época darenascença. Segundo esta visão, ela é atributo <strong>de</strong> valor: seu estado é valorizado, algo que nosremete diretamente à tese aristotélica (GINZBURG, 2001; PERES, 1996, 2003). Na correnteromântica, a <strong>melancolia</strong> era vista mais como fonte <strong>de</strong> conhecimento, uma maneira <strong>de</strong> ficarmais próximo da verda<strong>de</strong>, do que como loucura (SOLOMON, 2002, p.289).Solomon (2002, p.282) distingue o romantismo em duas linhas, a poética e afilosófica. A linha poética era representada por escritores da época. Goethe, na Alemanha,com sua tristeza-do-mundo, esforçava-se por mostrar a natureza tempestuosa e trágica daexistência. Na França, Bau<strong>de</strong>laire, representante do romantismo francês, apresenta o mundofrio e triste, sendo impossível para o homem transcen<strong>de</strong>r a <strong>melancolia</strong>. A Itália é representadapor Giacomo Leopardi e por sua idéia <strong>de</strong> que o dom do homem é morrer. O inglêsWordsworth consi<strong>de</strong>ra a passagem do tempo e a impotência humana frente a ela como fatoresinerentes à <strong>melancolia</strong>. Do mesmo modo John Keats, em sua O<strong>de</strong> à <strong>melancolia</strong>, refere-se aeste mal pela insuportável tristeza <strong>de</strong> uma temporalida<strong>de</strong> que faz da coisa mais querida a maistriste, não havendo assim nenhuma separação entre a alegria e o sofrimento.Ainda conforme nos mostra Solomon (2002), a linha filosófica do romantismo apareceem Hegel, Kierkegaard, Shopenhauer e Nietzsche. Para o primeiro, o homem nasce na afliçãoe nela permanece, sendo que aqueles que vivem intimamente com esta aflição são os que35

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!