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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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artística. O conhecimento grego-romano volta a circular com muita força nos círculoscientíficos. Os textos <strong>de</strong> Hipócrates e Aristóteles são abundantemente estudados. Começam astraduções dos originais gregos para o latim. Há paulatinamente uma revalorização do homeme uma insubordinação às regras impostas pela Igreja (CORDÁS, 2002, p.50). Enfim, orenascimento é uma época <strong>de</strong> retomada científica e libertação dos grilhões impostos pelaIgreja. Mais do que a presença dos médicos clássicos, havia aqui a presença da <strong>concepção</strong>filosófico-aristotélica, que concebia a genialida<strong>de</strong> aliada à condição do estado melancólico.Os pensadores <strong>de</strong>sta época acreditavam que a <strong>melancolia</strong> era sinal <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.A <strong>melancolia</strong> é o tema central do manual <strong>de</strong> higiene mental – Da vita tríplice – escritopelo renascentista Marsilius Ficinus (1433-1499), médico, filósofo, mago, astrólogo e...melancólico. Este manual reunia quatro teorias sobre a <strong>melancolia</strong>: a hipocrática (teoria doshumores), a platônica (poesia e furor), a astrológica (Saturno e <strong>melancolia</strong>) e a aristotélica(<strong>melancolia</strong> e genialida<strong>de</strong>). Este estudioso consi<strong>de</strong>rava a <strong>melancolia</strong> um gran<strong>de</strong> tormento, mastambém uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> para os homens <strong>de</strong> estudo. Saturno era, segundo Marsilius,o planeta inspirador dos sábios e estudiosos. A <strong>melancolia</strong>, presente em todo homem,representava o anseio pelo gran<strong>de</strong> e eterno; já que, sendo o representante <strong>de</strong> Deus na terra, ohomem sempre seria perturbado pela nostalgia da terra natal celestial. Seria uma mera, masinteressante, coincidência lembrarmos aqui da psicanálise e <strong>de</strong> suas postulações sobre osi<strong>de</strong>ais narcísicos excessivamente elevados dos melancólicos, ou do anseio pela ausência <strong>de</strong>tensão, representada pelo paraíso. Ficinus postula ainda que a <strong>melancolia</strong> é revelada noatropelo da vida diária, sendo uma característica comum da alma. No entanto, só os homens<strong>de</strong> exceção, como os filósofos e artistas, precisam estar em contato com sua <strong>melancolia</strong>, naqual a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua experiência refletirá seu sucesso ao erguer a mente acima da vidacomum (SOLOMON, 2002, p.274). A <strong>melancolia</strong> seria então um pré-requisito para ainspiração. É impossível não lembrarmos aqui das idéias do “Problema XXX” <strong>de</strong>Aristóteles...Ainda havia aqueles que associavam a <strong>melancolia</strong> à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prever o futuro,como era o caso do médico, filósofo, mago e ocultista Cornelius Agripa (1486-1535). Outrateorização da época relacionava a <strong>melancolia</strong> às paixões. Os médicos e filósofos darenascença distinguiam duas formas <strong>de</strong> paixão: o pudique e o impudique. A primeira eraaquela relativa ao amor <strong>de</strong>votado entre marido e esposa, pai e filho, do súdito pelo senhor etc.A segunda era representada pela luxúria, o amor carnal que “queima os humores do corpo” egera a <strong>melancolia</strong> (SCLIAR, 2003; PERES, 1996, 2003).31

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