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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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<strong>melancolia</strong> como uma quarta visão. Estas quatro concepções da <strong>melancolia</strong> – mítico-religiosa,passional-psicológica, organicista e aristotélica – irão permear os dois próximos milênios,compondo as diversas concepções <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> até os dias atuais.Ainda no mundo clássico, a <strong>melancolia</strong> continua presente nos escritos De arte médica,<strong>de</strong> Aulus Cornélius Celsus (25a.C. – 50 d.C.), que recomenda a exposição ao sol para otratamento da <strong>melancolia</strong>. Este autor mantém a visão <strong>de</strong> Hipócrates e associa a <strong>melancolia</strong> àbílis negra: uma insânia que dura mais tempo e consiste numa tristeza que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> daatrabílis (bile negra) (PESSOTI, 1998, p.27).No império romano, que tem sua ascensão por volta do século II d. C., <strong>de</strong>stacamosvários nomes importantes na área da medicina que se interessaram pelo estudo da <strong>melancolia</strong>.Foram médicos influenciados por Hipócrates que adotaram a teoria da bile negra, mastambém <strong>de</strong>senvolveram suas próprias idéias através <strong>de</strong> observações sistemáticas dos quadros<strong>de</strong> diversas doenças (CORDÁS, 2002, p.23).Areteu da Capadócia (séc. I d.C.) foi consi<strong>de</strong>rado o “Hipócrates” da medicina mental,sendo talvez o primeiro a sugerir a unida<strong>de</strong> nosológica entre a mania e a <strong>melancolia</strong>. Famosopor suas acuradas observações sobre a loucura, <strong>de</strong>screvia a <strong>melancolia</strong> como uma alteração dopneuma. Se este for quente e seco dará origem à <strong>melancolia</strong>; para sua terapêutica <strong>de</strong>ve-seprocurar a satisfação do <strong>de</strong>sejo. Pois na <strong>melancolia</strong> teríamos presente uma associação comuma carência sexual e afetiva. O médico romano diferenciou duas causas básicas para o mal:uma biológica e outra psicológica, uma espécie <strong>de</strong> “reação <strong>de</strong>pressiva” (CORDÁS, 2002,p.25; PESSOTTI, 1994, p.64; PESSOTTI, 1999, p.15).Rufus <strong>de</strong> Éfiso (98-117) também consi<strong>de</strong>rava que a <strong>melancolia</strong> era originada pela bílisnegra. Distinguia-a em dois tipos, a natural e a adquirida. A primeira era do tipo que dotava oshomens <strong>de</strong> genialida<strong>de</strong> e a segunda era fruto da dieta. O vinho era recomendado notratamento, pois combatia a bílis negra (SCLIAR, 2003). Soranus <strong>de</strong> Éfeso é um dos únicosque rompe com a tradição hipocrática. Para ele, a <strong>melancolia</strong> seria originada por um estado <strong>de</strong>intensa constrição das fibras. Os sintomas são má disposição, ansieda<strong>de</strong>, prostração, tristeza,choro sem motivo, idéias persecutórias e inchaço da região epigástrica.Inspirado em Soranus, Célio Aureliano (séc. I ou II) enten<strong>de</strong> que a <strong>melancolia</strong> écausada por um estado <strong>de</strong> tensão ou constrição no organismo. Se este estado afeta o estômagocausa a <strong>melancolia</strong>, se afeta a cabeça, a mania. Sua <strong>concepção</strong> toma a loucura como umadoença corporal, orgânica (PESSOTI, 1994, p.68).27

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