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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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ambivalentes, isto é, os nossos sentimentos <strong>de</strong> amor e ódio pelo mesmo objeto e a maneirapela qual nossa mente organiza e tolera este paradoxo emocional.Desta maneira, compreen<strong>de</strong>mos os estados <strong>de</strong>pressivo-melancólicos como estados quese agravam <strong>de</strong> acordo com a organização e funcionamento psíquico <strong>de</strong> cada indivíduo. E istose relaciona com a força do ego ou, em outras palavras, a capacida<strong>de</strong> e recursos do self. Sobrea questão da <strong>melancolia</strong> em Freud e os processos psíquicos a ela relacionados, Andra<strong>de</strong>(1999, p.647) salienta: “É evi<strong>de</strong>nte que estes processos não se restringem à <strong>melancolia</strong> ou aonarcisismo primário, sendo antes ocorrência universal no psiquismo, tornando-sepatológicos ou não <strong>de</strong> acordo com fatores quantitativos”. Nesta mesma direção proposta porAndra<strong>de</strong> (1999), os estados <strong>de</strong>pressivos po<strong>de</strong>m ser entendidos como uma escala <strong>de</strong> graus, queacentuam-se; como em uma imagem <strong>de</strong>gradê, na qual, à medida que se avance em direção aoseu ponto mais crítico, se acrescentem elementos e formas <strong>de</strong> organização psíquicas que tornao estado mental mais comprometido.Com esta maneira <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r os estados melancólicos, sabemos que acabamospor ir na contra mão do pensamento vigente, principalmente da psiquiatria, <strong>de</strong> que os estados<strong>de</strong>pressivos são estados psicopatológicos a serem corrigidos pela ação <strong>de</strong> psicofármacos.Atualmente, com a administração indiscriminada <strong>de</strong> psicotrópicos, observamos uma cultura<strong>de</strong> baixa tolerância à frustração e alta a<strong>de</strong>são a categorizações dos sentimentos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>psicopatologias. Neste sentido, Birman (2001, p.245) chama atenção para um esforço da pósmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><strong>de</strong> erigir uma cultura centrada no evitamento da dor e do sofrimento psíquicos.Assim, preten<strong>de</strong>-se a sedação da angústia e a eliminação das excitações excessivascom os ansiolíticos. Da mesma forma, busca-se s eliminação das paixões<strong>de</strong>pressivas com os anti<strong>de</strong>pressivos. A busca <strong>de</strong> um suposto i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> estesiapsíquica no sujeito, a normalização <strong>de</strong> seus humores intempestivos, é a finalida<strong>de</strong>nas práticas médicas e psiquiátricas. Em contrapartida, busca-se a promoção dosparaísos artificiais (Bau<strong>de</strong>laire) e do gozo pelas drogas pesadas.Com o <strong>de</strong>senvolvimento das neurociências e dos psicofármacos a partir dos anoscinqüenta, a psiquiatria passou a fundamentar suas práticas no rigoroso discurso da ciênciabiológica. Com isto, as psicoterapias foram aos poucos sendo <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong> lado em primaziados modos medicamentosos <strong>de</strong> intervenção, supostamente infalíveis. Além disso a terapêuticacalcada nos psicotrópicos, abriu a possibilida<strong>de</strong> do Oci<strong>de</strong>nte relacionar-se com o sofrimentomental <strong>de</strong> uma maneira nova; uma mudança significativa que afetou as relações dosindivíduos com suas paixões. Quaisquer transformações “negativas” do humor ou qualquerforma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto psíquico, passaram a <strong>de</strong>mandar prontamente sua regulação e eliminação175

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