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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Mais do que procurar respon<strong>de</strong>r diretamente tal questão – atitu<strong>de</strong> que se constituiriaem uma tarefa hercúlea e <strong>de</strong> perspectivas duvidosas – procuramos tê-la como nosso centro <strong>de</strong>referência, o norte da bússola que nos guiará na direção mais próxima <strong>de</strong>sta problemática,enquanto que consi<strong>de</strong>ramos a complexida<strong>de</strong> dos problemas abordados e os limites <strong>de</strong> nossoalcance, ante a pretensão <strong>de</strong> respondê-la. Na verda<strong>de</strong>, estamos abrindo uma frente <strong>de</strong>investigação baseada na <strong>concepção</strong> <strong>freudiana</strong> <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> que permite postular a existência<strong>de</strong> estados <strong>de</strong> mente melancólicos, operando mesmo no funcionamento psíquico em geral. Talidéia merece ser melhor investigada, especialmente no campo da clínica, tarefa esta, que<strong>de</strong>ixaremos em suspensa para um outro trabalho.No entanto, é necessário <strong>de</strong>finir com rigor <strong>de</strong> que forma enten<strong>de</strong>mos a expressãoestado <strong>de</strong> mente. Segundo o dicionário Aurélio (1988, p.273), a palavra “estado” refere-se aum “modo <strong>de</strong> ser ou estar”, a “situação ou disposição em que se acham as pessoas ou ascoisas”, e ainda, ao “conjunto <strong>de</strong> condições físicas e morais <strong>de</strong> uma pessoa”. Partindo <strong>de</strong>stas<strong>de</strong>finições contidas no dicionário <strong>de</strong> língua portuguesa e da <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Freud sobre apsicodinâmica da <strong>melancolia</strong>, em “Luto e <strong>melancolia</strong>” (1917[1915]), po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir oestado <strong>de</strong> mente melancólico. Este seria um modo <strong>de</strong> ser ou estar psíquico, ou, o conjunto <strong>de</strong>condições psíquicas, no qual uma pessoa se encontraria, por maior ou menor tempo, <strong>de</strong>vido ainstalação <strong>de</strong> uma configuração psíquica e <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>terminado, apsicodinâmica da <strong>melancolia</strong> – eleição narcísica, ambivalência, perda e i<strong>de</strong>ntificação narcísica–, cujo resultado seria um conjunto <strong>de</strong> manifestações clínicas como ânimo penoso,rebaixamento da auto-estima, auto-acusações, auto-envilecimentos, <strong>de</strong>sinteresse pelo mundoexterno, por qualquer ativida<strong>de</strong> e uma impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos em seus objetos,mesmo que por pouco tempo.É possível assim, compreen<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Freud (1917 [1915]) sobre apsicodinâmica da <strong>melancolia</strong>, como um movimento psíquico norteado por processosespecíficos, que dê origem a um estado psíquico – um estado <strong>de</strong> mente melancólico, que sefaz presente não apenas em um estado psicopatológico instalado – a <strong>melancolia</strong> – mastambém em condições psíquicas em que a patologia não esteja instalada, revelando assim adimensão da <strong>melancolia</strong> na constituição do psiquismo.Nosso entendimento é que o estado <strong>de</strong> mente melancólico indica um movimentopsíquico atuante no aparelho psíquico, presente tanto em condições normais quantopatológicas, sendo que nestas últimas torna-se predominante, <strong>de</strong>notando assim, problemas naconstituição e manutenção do psiquismo. Neste sentido, Marucco (1987, p.10) afirma que a<strong>melancolia</strong> tanto po<strong>de</strong> ser entendida como um processo patológico, quanto como uma172

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