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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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para a organização psíquica. Este sujeito acaba por viver sempre vulnerável aos estadosmelancólicos. Seriam aqueles pacientes <strong>de</strong> estrutura narcisistas, com suas bases narcísicasinsuficientes. Estes casos, chamados clinicamente <strong>de</strong> pacientes narcisistas, são <strong>de</strong>finidos comosujeitos que trazem uma fragilida<strong>de</strong> narcísica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância – são pessoas que nuncaconseguiram realmente se sentirem satisfeitas consigo próprias, em função <strong>de</strong> uma feridanarcísica contemporânea ao nascimento do psiquismo. Talvez por precarieda<strong>de</strong> dos recursosegóicos que são estabelecidos na época <strong>de</strong> sua constituição, permanecem expostos a danos emseu narcisismo 26 .É preciso aqui recuperar as evidências: os narcisistas são pessoas feridas – <strong>de</strong> fato,carentes do ponto <strong>de</strong> vista do narcisismo. Frequentemente a <strong>de</strong>cepção, cujas feridasainda estão em carne viva, não se limitou a um dos pais, mas a ambos. Que objetolhes resta para amar senão eles mesmos? Certamente a ferida narcísica infligida àonipotência infantil direta ou projetada sobre os pais é algo que diz respeito a todosnós (GREEN, 1988, p.20).Contudo, Green ressalta que mesmo sendo a ferida narcísica algo comum a todos nós,os narcisistas nunca se restabelecem <strong>de</strong>la. Pelo menos uma parte da problemática da<strong>melancolia</strong> po<strong>de</strong>ria ser entendida pelo vértice dos sujeitos narcisistas: um narcisismo ferido einsuficiente, em carne viva, solicitando ao individuo que procure ligar-se (investir) a objetosque possam amenizar sua dor, estancar seu sangramento. Eles procuram em vão, tanto através<strong>de</strong> suas realizações no mundo externo, quanto em suas relações amorosas, recuperar seunarcisismo, engran<strong>de</strong>cer-se, completar-se, recuperar seu valor, assegurar sua segurança,reencontrar a satisfação narcísica, seu amor-próprio, ser <strong>de</strong> novo seu próprio i<strong>de</strong>al. É umabusca incessante governada por <strong>de</strong>sejos paradoxais: o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> auto suficiência e <strong>de</strong>in<strong>de</strong>pendência absoluta junto ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fusão com o objeto em uma relação na qual asdiferenças não sejam marcadas, evitando-se assim limites e frustrações. Assim, uma quedamelancólica po<strong>de</strong> ocorrer frente às frustrações narcísicas (o sujeito nunca consegue realizarseus i<strong>de</strong>ais por serem <strong>de</strong>masiado distantes da realida<strong>de</strong>) que abalam a já precária organizaçãonarcísica. A isto se unem uma frustração com um objeto <strong>de</strong> amor, ou situações <strong>de</strong> fracassoque são tomadas como medidas <strong>de</strong> auto-provação e auto-avaliação; para este sujeito, suasrealizações no mundo externo tornam-se imprescindíveis para confirmar seu narcisismo erecuperar seu amor-próprio.26 Um trabalho dos mais significativos entre os que versam sobre estes casos é o artigo A mãe morta <strong>de</strong> AndréGreen (1980).169

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