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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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situações afetaram a estrutura do psiquismo e <strong>de</strong>ixaram suas marcas, afetandoconsequentemente o modo como o sujeito vivencia a perda na vida adulta. No entanto, cabeconsi<strong>de</strong>rar também em que medida as situações ao longo da vida po<strong>de</strong>m fragilizar opsiquismo, expondo o sujeito ao risco <strong>de</strong> vivências traumáticas.Se o estado melancólico foi <strong>de</strong>finido por Freud como uma reação à perda é porque aessência <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> sofrimento psíquico não resi<strong>de</strong> na perda em si mesma, mas em comoessa perda é significada, quais fantasias inconscientes e pensamentos conscientes organizam amaneira como a perda é sentida pelo sujeito (BLEICHMAR, 1997). A <strong>concepção</strong> <strong>freudiana</strong> <strong>de</strong><strong>melancolia</strong> nos revelou que esta se constitui como um estado psíquico que está fortementerelacionado a uma ferida na organização do narcisismo. Este, responsável pela manutenção doself, permanece insuficiente para garantir o sentimento <strong>de</strong> segurança interna do sujeito, quesente-se impotente e consequentemente fracassado.Vimos o quanto o amor próprio (auto-estima) está ligado ao narcisismo, e maisespecificamente ao ego i<strong>de</strong>al. A <strong>melancolia</strong>, <strong>de</strong>finida por Freud em 1924 24 como uma neurosenarcísica, levou-nos a compreen<strong>de</strong>r um estado psíquico que se constitui a partir daproblemática do amor próprio, estando o narcisismo no cerne do conflito. A auto-estima dosujeito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em parte <strong>de</strong> suas relações objetais, e como sabemos, as bases narcísicas dosujeito não se constituem apenas em relação consigo próprio ou com seus i<strong>de</strong>ais. As trêscondições da constituição e da manutenção do amor próprio 25 nos indicaria uma direção parao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> nossas idéias, revelando que o lugar que o narcisismo ocupa no conflitomelancólico é o <strong>de</strong> uma tônica dominante. É o vínculo narcísico a bússola <strong>de</strong> nossainvestigação neste momento.Teríamos assim, dois vértices a ser consi<strong>de</strong>rados, e que, em última instância, não seexcluem. Em um <strong>de</strong>les, a <strong>melancolia</strong> po<strong>de</strong>ria originar-se em uma situação atual e <strong>de</strong>terminadaque submeta o sujeito a uma posição exposta e frágil. Neste caso, se estabeleceria um conflito<strong>de</strong>pressivo <strong>de</strong>vido a uma configuração específica que se estabelece na relação com o objetoou o i<strong>de</strong>al, baseada no narcisismo, o que predispõe a organização psíquica do sujeito a estadosmelancólicos.Em um outro vértice, po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada uma condição <strong>de</strong> origem estrutural, istoé, um sujeito que não conseguiu constituir suas bases narcísicas a partir da relação com oobjeto primário, permanecendo sem aqueles resquícios narcísicos da infância tão preciosos24 Neurose e Psicose (1924)25 O amor próprio ou auto conceito, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> basicamente <strong>de</strong> três fatores: o resquício do narcisismo infantil, asatisfação dos i<strong>de</strong>ais do ego que permite a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>ste com ego i<strong>de</strong>al, e a satisfação obtida a partir dasrelações objetais. Cf. Freud, 1914.168

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