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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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se no fato <strong>de</strong> a articulação efetiva entre os processos melancólicos (narcisismo, vínculonarcísico, i<strong>de</strong>ntificação narcísica e ambivalência) serem feitas no artigo “Luto e <strong>melancolia</strong>” eatravés da <strong>melancolia</strong>, e não da <strong>de</strong>pressão.Estes processos melancólicos estão presentes não só na <strong>melancolia</strong>, mas também na<strong>de</strong>pressão, nos estados limites, e para ser breve, na vida psíquica em geral. Narcisismo,ligação narcísica, i<strong>de</strong>ntificação narcísica, ambivalência emocional com a prevalência <strong>de</strong>somente um dos extremos, todos estes processos psíquicos não são exclusivos da <strong>melancolia</strong>.A <strong>melancolia</strong> revela a existência <strong>de</strong> um núcleo em torno do qual giram uma constelação <strong>de</strong>elementos melancólicos, em um eixo só revelado na experiência <strong>de</strong> perda. Estes elementosestão presentes em nosso psiquismo normalmente. E a articulação entre eles se torna visível,<strong>de</strong> forma privilegiada, nas vivências da perda.Como já afirmamos, é no registro da perda, momento no qual o <strong>de</strong>sejo é sentido comoirrealizável pelo sujeito, que muitos <strong>de</strong>stes processos entram em operação dando origem aosestados <strong>de</strong>pressivos, mesmo que <strong>de</strong> maneira breve. Segundo Bleichmar (1997), tanto na<strong>de</strong>pressão (na qual impera os sentimentos <strong>de</strong> vazio), quanto na <strong>melancolia</strong> (na qual imperaculpa e auto-<strong>de</strong>svalorização), o <strong>de</strong>sejo, sentido como irrealizável, revela uma questãonarcísica – uma preocupação do sujeito com a auto-avaliação. Na <strong>de</strong>pressão narcisista, há um<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação absoluta com o i<strong>de</strong>al, sempre inalcançável; <strong>de</strong>sejo irrealizável que levao sujeito a situar-se no extremo negativo <strong>de</strong>ste i<strong>de</strong>al. Mesmo na <strong>de</strong>pressão culposa, na qual apreocupação gira em torno do estado do objeto, <strong>de</strong> seu sofrimento, ou <strong>de</strong> ter causado um danoao mesmo, é a imagem <strong>de</strong> si que está em questão. Explica o autor que, quando se sente culpa,há também em questão uma auto-representação do sujeito como mal, agressivo, indigno,enfim, incapaz <strong>de</strong> satisfazer os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> absoluta. Isto mostra que os sentimentos <strong>de</strong>culpabilida<strong>de</strong> se caracterizam por um duplo componente, a saber, uma preocupação peloobjeto e uma preocupação pelo valor (narcisismo) do sujeito.Cabe finalmente investigar por qual motivo e em que condições a perda se constituicomo um trauma e dá início a um processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação narcísica e <strong>de</strong> impregnação <strong>de</strong>sentimentos <strong>de</strong> ódio <strong>de</strong> maneira absoluta. Se a articulação dos elementos melancólicosoferecem visibilida<strong>de</strong> sobre as diversas maneiras do sujeito vivenciar a perda, revelandoassim, o registro da perda, cabe perguntarmos <strong>de</strong> que maneira <strong>de</strong>terminada o sujeito vivenciaas experiências <strong>de</strong> perda tão presentes no cotidiano, e quais são os significados emocionaisatribuídos a elas. Pensar a partir dos elementos melancólicos é pensar em que medida a perdasofrida afeta os níveis da organização narcísica e dos sentimentos ambivalentes. Isto significalevar em conta as situações precoces do <strong>de</strong>senvolvimento, isto é, a maneira como estas167

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