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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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simbólico. Klein, e <strong>de</strong>pois Winnicott, <strong>de</strong>senvolveram magistralmente esta noção <strong>de</strong> umavivência <strong>de</strong>pressiva no início da vida, que foi chamada <strong>de</strong> posição <strong>de</strong>pressiva. Segundo Green(1988), a idéia <strong>de</strong> perda do objeto – como o momento fundamental da estruturação dopsiquismo humano, durante o qual se instaura uma nova relação com a realida<strong>de</strong> – junto anoção <strong>de</strong> uma posição <strong>de</strong>pressiva no início do <strong>de</strong>senvolvimento, se tornaram amplamenteaceitas na psicanálise. Vemos que a hipótese <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>pressão está na origem da condução eregulação <strong>de</strong> construção do universo psíquico não é nova na psicanálise (DELOUYA, 2002).Frente a estas colocações, consi<strong>de</strong>ramos que a psicodinâmica da <strong>melancolia</strong> e a<strong>concepção</strong> <strong>de</strong> Freud sobre esta psicopatologia, tornou possível explorar uma condição-estadonão só psicopatológica, mas principalmente, muito comum na existência humana. A<strong>de</strong>pressão ou a <strong>melancolia</strong>, ou ainda, mais genericamente, os chamados estados <strong>de</strong>pressivostão presente na história da civilização, tornaram-se, nesta perspectiva, não um mal a sererradicado como uma doença, mas um estado inerente à condição humana que torna possívelo nascimento do sujeito psíquico. Assim, não se constituiria um enigma o fato <strong>de</strong> os estados<strong>de</strong>pressivos serem tão comuns e se fazerem presentes na humanida<strong>de</strong> há tantos séculos.Delouya (2001, p. 44) mostrou <strong>de</strong> maneira pertinente que há um valor na <strong>de</strong>pressão, atravésdo estabelecimento <strong>de</strong> uma função <strong>de</strong>pressiva na vida psíquica. A <strong>de</strong>pressão-sinal, seria a“retirada para a caverna”, para o abrigo, frente a ameaças <strong>de</strong> perigo – uma função <strong>de</strong> alerta ousinal <strong>de</strong> perigo, que põe em movimento uma fuga <strong>de</strong> uma situação hostil, o possível trauma,advinda das pulsões ou do mundo.A vida psíquica, diz Freud, “é uma função <strong>de</strong> um aparelho ao qual atribuímos ascaracterísticas <strong>de</strong> ser extenso <strong>de</strong> um espaço...”. Isso significa que, ao se encarregar<strong>de</strong> preservá-lo, a <strong>de</strong>pressão se torna a função mais fundamental da vida psíquica oua própria condição <strong>de</strong>sta.De acordo com o autor, os afetos e os estados <strong>de</strong>pressivos fazem parte dos quadrosclínicos psicopatológicos, mas fazem principalmente parte da condição humana,<strong>de</strong>sempenhado uma função fundamental.Existe assim uma ligação estreita entre <strong>melancolia</strong>, <strong>de</strong>pressão e luto que é <strong>de</strong>finida soba égi<strong>de</strong> dos elementos melancólicos: a organização narcísica e a ambivalência emocional.Salientamos ainda que o que propomos chamar <strong>de</strong> elementos melancólicos po<strong>de</strong>ria tambémser <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong>pressivos. No entanto, a metapsicologia <strong>freudiana</strong> <strong>de</strong>teve-sesobre a <strong>melancolia</strong>, e sua <strong>concepção</strong> aponta para a articulação dos elementos presentes napatologia com este nome. Portanto, a opção pela expressão elementos melancólicos justifica-166

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