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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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prostração diante <strong>de</strong>ste. O <strong>de</strong>samparo trata-se <strong>de</strong> uma condição específica, presente na épocado nascimento, <strong>de</strong>vido à condição <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>pendência em que o bebê se encontra aovir ao mundo, sempre exposto à ameaça ou à perda efetiva do objeto <strong>de</strong> amor. O objetoprimário representa para o bebê sua fonte <strong>de</strong> vida e sobrevivência, significando assim, emúltima instância, que o amor do objeto está ligado à continuação da existência através doscuidados básicos que a mãe oferece ao bebê frágil e <strong>de</strong>sprotegido (FREUD, 1930). Freu<strong>de</strong>xplica que o <strong>de</strong>samparo não se restringe a este momento inicial, mas está na base <strong>de</strong> váriasvivências da seguinte forma:Assim o perigo do <strong>de</strong>samparo psíquico é apropriado ao perigo da vida quando oego do indivíduo é imaturo; o perigo da perda <strong>de</strong> objeto, até a primeira infância,quando ele ainda se acha na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> outros; o perigo <strong>de</strong> castração, até a fasefálica; e o medo <strong>de</strong> seu superego, até o período <strong>de</strong> latência (FREUD, 1926 [1925],p. 140).A metáfora do <strong>de</strong>samparo diante dos perigos, cujo nascimento é o protótipo, po<strong>de</strong> serestendia por toda a vida. Delouya (2002) tece uma articulação entre a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>samparo e a<strong>de</strong>pressão, revelando que esta última se expressa sob a forma <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>pressão-sinal; comoum alerta, um estado <strong>de</strong>fensivo, frente a uma ruína iminente, ou uma ameaça <strong>de</strong><strong>de</strong>smoronamento psíquico. Segundo Delouya,Se a <strong>de</strong>pressão germina tanto sob a marca traumática da expulsão <strong>de</strong> um espaçomítico quanto na reivindicação pela sua restituição, é preciso dar corpo aos elos quealegamos existirem entre a vivência <strong>de</strong>pressiva, a problemática narcísica e o<strong>de</strong>samparo infantil (DELOUYA, 2002, p.31).O registro da perda é evocado nas situações <strong>de</strong> perigo para o psiquismo, revelando oselementos melancólicos, que até então podiam passar <strong>de</strong>spercebidos. A organização narcísicae os sentimentos ambivalentes apresentam-se em relevo na <strong>melancolia</strong>. Os afetos penososcaracterísticos dos estados <strong>de</strong>pressivos, assim como as auto-avaliações e as auto-acusaçõespróprias da <strong>melancolia</strong> são expressões da psicodinâmica dos elementos narcísicos eambivalentes, que funciona segundo operações específicas.No início, Freud (1917[1915]) articulou a psicodinâmica da <strong>melancolia</strong> como umareação a uma situação <strong>de</strong> perda real ou imaginária. Os processos próprios <strong>de</strong>ste estado – ovínculo narcísico, a i<strong>de</strong>ntificação narcísica, regressão a etapa oral canibalística e emergênciados sentimentos ambivalentes – colocavam o sujeito em uma posição <strong>de</strong> conflito psíquico quetornava impossível a elaboração da perda. Freud não parou por aí. Tomou as vivências <strong>de</strong>164

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