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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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conhecimento foi gerado. Esta presença marcante da <strong>melancolia</strong> e a intensa preocupação dohomem em compreendê-la, <strong>de</strong>stacam a importância <strong>de</strong>ste estado. Embora sempre seapresentando <strong>de</strong> maneira nebulosa, <strong>de</strong>scobrimos que a <strong>melancolia</strong> revela algo consistentesobre a expressão dos afetos humanos e sua condição <strong>de</strong> existência. Percebemos que a<strong>melancolia</strong>, ao longo da história, sempre esteve ligada <strong>de</strong> alguma forma as vivênciasdolorosas <strong>de</strong> perda: frustrações, <strong>de</strong>cepções, humilhações, abandono e etc. Assim, reunimostodos estes acontecimentos sob o signo <strong>de</strong> registro da perda, isto é, aos limites do ser humanofrente ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> controlar e dominar os acontecimentos da existência (BIRMAN, 2006). Oregistro da perda evi<strong>de</strong>ncia a impotência e fragilida<strong>de</strong> do homem e, em última instância, dacivilização, frente à supremacia do <strong>de</strong>stino, ou das eventualida<strong>de</strong>s que permeiam a vida.Por seu apelo poético e comum, no século XIX os psiquiatras optaram pela primaziado termo <strong>de</strong>pressão sobre o termo <strong>melancolia</strong>. Na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, a<strong>melancolia</strong> na nosografia psiquiátrica ce<strong>de</strong>u <strong>de</strong>finitivamente lugar à <strong>de</strong>pressão. A psiquiatria,baseada na <strong>de</strong>scrição objetiva e acurada dos sintomas e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> síndromes, passou acatalogar as diversas formas <strong>de</strong> manifestações <strong>de</strong>pressivas/melancólicas diferenciado-asrigorosamente. O que no passado era chamado ‘<strong>melancolia</strong>’ foi subdividido em diversossubtipos – distúrbio bipolar, <strong>de</strong>pressão maior, ciclotima, distimia, entre outras – <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>uma classe <strong>de</strong>nominada Transtornos <strong>de</strong> Humor (DSM-IV) ou Transtornos Afetivos (CID-10).Em conjunção à nosografia, os avanços das neurociências permitiram enfim reduzir a<strong>de</strong>pressão a sintomas causados por disfunções químicas nas fendas sinápticas das célulasneuronais. Com isso, o campo do psíquico ce<strong>de</strong>u terreno ao campo do biológico. Nesteterreno o comportamento humano passou a ser explicado por interações químicas no cérebro,evi<strong>de</strong>nciando uma visão puramente biológica. As incansáveis sistematizações e enumerações<strong>de</strong>scritivas das formas <strong>de</strong> sofrimento psíquico realizadas pela psiquiatria, passaram a ser cadavez mais necessárias, mas apenas para orientar a terapêutica farmacológica, sua principalforma <strong>de</strong> tratamento.Na psicanálise, preservou-se um interesse pelos elementos psíquicos dos estados<strong>de</strong>pressivos e melancólicos em sua manifestação e origem. Os termos continuaram a serusados até a atualida<strong>de</strong>, ora i<strong>de</strong>ntificados, ora distinguidos. No entanto há uma tendênciapredominante em utilizar o termo <strong>melancolia</strong> para se referir a um tipo <strong>de</strong> psicopatologia <strong>de</strong>estrutura psicótica, com sintomas predominantes e muito agravados <strong>de</strong> auto-agressivida<strong>de</strong> eauto-<strong>de</strong>svalorização, expressos em sentimentos <strong>de</strong> culpa e falta <strong>de</strong> auto-estima. A <strong>de</strong>pressãoficou ligada a estados neuróticos, po<strong>de</strong>ndo tanto aparecer em seu estado puro, no qual imperauma inibição generalizada, motora e psíquica, ao lado <strong>de</strong> intensos sentimentos <strong>de</strong> vazio, ou161

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