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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Também quando nos <strong>de</strong>itamos no divã os encaramos, seja por um momento difícil queestamos vivenciando, ou pela imersão em nossos aspectos narcísicos.Este estudo parte <strong>de</strong>stas questões e sentimentos, <strong>de</strong>stes estados que permeiam a vidahumana e que se fazem presentes especialmente em nosso trabalho como psicólogos: osestados melancólicos. Depressão, <strong>melancolia</strong>, <strong>de</strong>pressão melancólica, distúrbios <strong>de</strong> humor,distúrbios afetivos, doença bipolar, são, entre outros inúmeros termos, <strong>de</strong>stinados a i<strong>de</strong>ntificarestas manifestações clínicas, que abarcam tristeza, apatia, estado <strong>de</strong> ânimo penoso,sentimentos <strong>de</strong> culpa, rebaixamento da auto-estima, <strong>de</strong>sinteresse pelo mundo e por qualquerativida<strong>de</strong>, inibição na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, anedonia, lentificação do pensamento, do agir e dofazer, fadiga e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> morrer:A falta completa, ou quase completa, <strong>de</strong> auto-estima se presentifica através <strong>de</strong>intensa recriminação. Dizer-se um nada, um incompetente, um lixo reflete osentimento <strong>de</strong> odiar a si próprio. O estado <strong>de</strong> confusão, a perda <strong>de</strong> memória, adificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio contribuem para essa avaliação severa. Freud comenta queexistiria uma perda <strong>de</strong> pudor para uma avaliação tão cruel e <strong>de</strong>sastrosa. E frente atão rigorosa auto-avaliação, o <strong>de</strong>primido sente-se culpado. Remorso e culpa sãocompanheiros constantes (PERES, 2003, p.12).Tais manifestações po<strong>de</strong>m aparecer em maior ou menor grau, como tambémin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes uns dos outros: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um leve grau <strong>de</strong> tristeza e <strong>de</strong>sânimo até um total<strong>de</strong>sinteresse pela vida, repleto <strong>de</strong> fortes auto-acusações, ânimo profundamente penoso etendência ao suicídio.As diversas <strong>de</strong>finições e <strong>de</strong>nominações dos estados melancólicos variam <strong>de</strong> acordocom a época, com as inúmeras correntes científicas, sejam psiquiátricas, psicanalíticas oufilosóficas, e com a sintomatologia clínica – levando em conta o grau e a forma em que seapresentam os sintomas. Freud já chamava atenção, em 1917, sobre a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finiçãoda <strong>melancolia</strong> na psiquiatria <strong>de</strong>scritiva e sobre sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assumir várias formasclínicas (FREUD, 1917[1915], p. 249). Como veremos mais adiante em uma incursãohistórica sobre a trajetória da <strong>melancolia</strong> ao longo dos séculos, notaremos que ela é quase tãoantiga quanto a filosofia grega e a civilização. Os primeiros registros da <strong>melancolia</strong> sãoencontrados há 2500 anos atrás, entre os gregos, na Ilíada <strong>de</strong> Homero, na teoria dos humores<strong>de</strong> Hipócrates e no tratado sobre a <strong>melancolia</strong> <strong>de</strong> Aristóteles.Neste trabalho, os afetos e estados melancólicos – ou <strong>de</strong>pressivos, como preferemalguns – serão estudados a partir <strong>de</strong> um texto freudiano fundamental: Luto e <strong>melancolia</strong>.Neste artigo, que constituirá nosso principal objeto <strong>de</strong> pesquisa, escrito em 1915, e publicado16

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