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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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frente às pulsões <strong>de</strong> morte que são apropriados pelo superego e que são originariamenteliberados por estes dois processos que resultam em uma <strong>de</strong>sfusão pulsional. Neste sentido, “omedo da morte na <strong>melancolia</strong> só admite uma explicação: que o próprio ego se abandonaporque se sente odiado e perseguido pelo superego, ao invés <strong>de</strong> amado” (FREUD, 1923,p.70).Numa analogia com a função paterna <strong>de</strong> proteção, Freud explica esta afirmativadizendo que o ego quer viver e ser amado e que o superego, enquanto representante do id,guarda a função protetora paterna <strong>de</strong> salvar e proteger. O ego, percebendo-se abandonado,<strong>de</strong>ixa-se morrer.Antes <strong>de</strong> encerrar, voltemo-nos ainda para uma última idéia <strong>de</strong> Freud:A gran<strong>de</strong> significação que o sentimento <strong>de</strong> culpa tem nas neuroses torna concebívelque a ansieda<strong>de</strong> neurótica comum seja reforçada nos casos graves pela formação <strong>de</strong>ansieda<strong>de</strong> entre o ego e o superego (medo da castração, da consciência, da morte)(FREUD, 1923, p.71).Na <strong>melancolia</strong>, consi<strong>de</strong>rada uma <strong>de</strong>stas neuroses graves, encontramos intensossentimentos <strong>de</strong> culpa e recriminações e percebemos também este acentuado aumento <strong>de</strong>ansieda<strong>de</strong> entre o ego e superego. O melancólico não aceita o fato <strong>de</strong> perceber-se comlimitações, o que po<strong>de</strong> ser dito simbolicamente <strong>de</strong> outra maneira: não aceita o fato <strong>de</strong> serfinito e limitado. No entanto, com isto não estamos afirmando que o melancólico nega acastração, mas sim que a percepção <strong>de</strong>sta é representada para si próprio como fracasso, falha,<strong>de</strong>feito ou, até mesmo, mutilação. Observa-se que geralmente as queixas e críticas que omelancólico costuma proliferar contra si próprio e contra o mundo são exageradas, severas,exigentes e rígidas. Um “homem comum” 20 diante das mesmas limitações teria uma outrapostura, que é a <strong>de</strong> aceitar e compreen<strong>de</strong>r os limites impostos pelas condições da vida e, porque não?, também da morte. Assim, o melancólico, em oposição ao “homem comum”,castiga-se pelas fatalida<strong>de</strong>s comuns da vida, e não por gran<strong>de</strong>s acontecimentos. Por oraparemos por aqui, pois examinaremos estas questões mais amplamente no capítulo que sesegue. Concluímos, assim, que, na <strong>melancolia</strong>, o conflito ambivalente é expressão <strong>de</strong> umintenso conflito entre o ego e o superego.20 Expressão usada apenas para se distinguir o indivíduo que hipotéticamente teria uma estrutura melancólica doindivíduo não melancólico.159

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