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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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o são para o superego; assim, po<strong>de</strong>-se dizer que este último sabia mais do que o ego sobre o idinconsciente – ou sobre os <strong>de</strong>sejos inconcebíveis do Id.Estas consi<strong>de</strong>rações são importantes para esclarecerem as relações do superego com asoutras instâncias, pois é <strong>de</strong>le que vem o sentimento <strong>de</strong> culpa, por motivos conscientes ouinconscientes, que subjuga o ego, presente <strong>de</strong> forma predominante em dois tipos <strong>de</strong> neuroses:a <strong>melancolia</strong> e a neurose obsessiva.Nos casos clínicos que se recusam a aceitar qualquer tipo <strong>de</strong> fala esperançosa por partedo analista e <strong>de</strong> progressos no tratamento, Freud aponta que há subjacente, por trás <strong>de</strong>staatitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> recusa, um “fator ‘moral’, um sentimento <strong>de</strong> culpa, que está encontrandosatisfação na doença e se recusa a abandonar a punição do sofrimento” (FREUD, 1923,p.62). Isolando fatores como a atitu<strong>de</strong> negativa e a rivalida<strong>de</strong> para com o analista, e o apegoaos ganhos secundários da doença, percebe-se que, nesta forma paciente, o que po<strong>de</strong> restarpara explicar este tipo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer doente só po<strong>de</strong> ser um sentimento <strong>de</strong>culpa inconsciente que age sobre o ego. Freud segue dizendo: “esse sentimento <strong>de</strong> culpaexpressa-se apenas como uma resistência à cura que é extremamente difícil <strong>de</strong> superar”(FREUD, 1923, p.62). E em seguida propõe que a atitu<strong>de</strong> do i<strong>de</strong>al do ego <strong>de</strong>termina agravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma neurose. É partindo <strong>de</strong>stas questões que ele se aproxima do exame dosentimento <strong>de</strong> culpa e, por fim, da <strong>melancolia</strong>.Um sentimento <strong>de</strong> culpa normal consciente se baseia na tensão entre o ego e osuperego. A con<strong>de</strong>nação do superego sobre o ego é o que o origina. Referindo-se à<strong>melancolia</strong> e à neurose obsessiva, Freud diz que: “Em duas enfermida<strong>de</strong>s muito conhecidas osentimento <strong>de</strong> culpa é superintensamente consciente; nelas, o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego <strong>de</strong>monstra umaseverida<strong>de</strong> particular e com freqüência dirige sua ira contra o ego <strong>de</strong> maneira cruel.”(FREUD, 1923, p.63)Estamos agora mais próximos da <strong>melancolia</strong>, e da ambivalência, nossos objetos <strong>de</strong>estudo neste tópico. Nas linhas seguintes, Freud irá abordar estes pontos examinando arelação do superego com a <strong>melancolia</strong> e com a i<strong>de</strong>ntificação narcísica. Vejamos:Na <strong>melancolia</strong>, a impressão <strong>de</strong> que o superego obteve um ponto <strong>de</strong> apoio naconsciência (consciousness) é ainda mais forte. Mas aqui o ego não se arrisca afazer objeção; admite a culpa e submete-se ao castigo. [...] na <strong>melancolia</strong> o objeto aque a ira do superego se aplica foi incluído no ego mediante i<strong>de</strong>ntificação.(FREUD, 1923, p 64)A ira voltada para o objeto provém do superego e o objeto se inclui no ego pelaregressão à i<strong>de</strong>ntificação. Diante disso, o superego se volta contra o objeto, que agora resi<strong>de</strong>no interior do ego. Esta ira, que castiga tão severamente o ego, segundo Freud, é uma157

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