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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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No início do capítulo III <strong>de</strong> O ego e o id (1923), Freud apresenta pela primeira vez aidéia <strong>de</strong> uma parte diferenciada do ego sob o nome <strong>de</strong> “superego”; e esta idéia vinha sendoesboçada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o narcisismo sob o nome <strong>de</strong> “i<strong>de</strong>al do ego”. Aqui, Freud afirma que osuperego está vinculado ao inconsciente. E novamente, como em outros trabalhos, através da<strong>melancolia</strong>, elucida e compreen<strong>de</strong> processos da mente normal.Neste caso, ele afirma que o processo típico da <strong>melancolia</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação – a saber,diante da perda <strong>de</strong> uma ligação libidinal com um objeto, substituir esta ligação pela instalaçãodo objeto no interior do ego – é muito comum e típico na dinâmica psíquica, e está na base daformação do “caráter” do ego. E neste processo um investimento objetal é substituído por umai<strong>de</strong>ntificação.O processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação já havia sido <strong>de</strong>finido em Psicologia <strong>de</strong> grupos como aforma mais antiga <strong>de</strong> relação entre o sujeito e o objeto. Aqui, Freud afirma que, na fase oralprimitiva, a mais inicial do <strong>de</strong>senvolvimento, um investimento libidinal <strong>de</strong> objeto e ai<strong>de</strong>ntificação são indistinguíveis. Ou seja, no início da vida, a ligação do bebê com sua mãe ébaseado numa indiferenciação, “o bebê está i<strong>de</strong>ntificado com sua mãe”. Já num segundomomento, as catexias <strong>de</strong> objeto que provenham do id, <strong>de</strong>vido às tendências eróticas, obriga oego a sujeitar-se a elas.No processo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, que acompanha o momento <strong>de</strong> o sujeito ter <strong>de</strong>abandonar um objeto, a pessoa instala o objeto <strong>de</strong>ntro do ego, causando assim uma alteraçãonele. Neste sentido, Freud revela que é “possível supor que o caráter do ego é um precipitado<strong>de</strong> catexias objetais abandonadas e que ele contém a história <strong>de</strong>ssas escolhas <strong>de</strong> objeto”(FREUD, 1923, p. 42). Ora, ele nos chama atenção para o fato <strong>de</strong> que a formação do ego se dáatravés da i<strong>de</strong>ntificação com seus objetos <strong>de</strong> ligação libidinal.O ego, frente a isto, através do movimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, tenta obter controle sobreo id, mesmo tendo que sujeitar-se às exigências <strong>de</strong>ste último:Quando o ego assume as características do objeto, ele está-se forçando, por assimdizer, ao id como um objeto <strong>de</strong> amor e tentando compensar a perda do id, dizendo:“Olhe, você também po<strong>de</strong> me amar, sou semelhante ao objeto” (FREUD, 1923,p.43).A este processo – substituição da catexia objetal por uma i<strong>de</strong>ntificação - Freud referesecomo uma transformação da libido do objeto em libido narcísica. Logo em seguida, supõeque talvez todo processo <strong>de</strong> sublimação assemelhe-se a esse processo em que o egotransformaria a libido objetal em narcísica, e <strong>de</strong>pois forneceria outro objetivo a ela. O autor151

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