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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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uma característica <strong>de</strong>senvolvida a partir <strong>de</strong> repetidas experiências que envolveram a ameaça<strong>de</strong> perda do objeto e que, como conseqüência, <strong>de</strong>spertou a vivência sistemática <strong>de</strong> sentimentos<strong>de</strong> ambivalência (FREUD, 1917[1915]).Nas situações <strong>de</strong> perda, a ambivalência afetiva fica reforçada, alimentando um gran<strong>de</strong>ódio contra o objeto, um ódio que será voltado, mais tar<strong>de</strong>, contra o próprio ego, on<strong>de</strong> oobjeto perdido se encontrará alojado. Convém ressaltar que muitas vezes este ódio não tinhaespaço na relação, que era mascarada por um i<strong>de</strong>al absoluto <strong>de</strong> intenso amor. O que seobserva é uma luta entre o ódio – tentando separar a libido do objeto perdido – e o amor – quetenta resistir a esta separação. O ódio não permite que o sujeito perceba o amor pelo objeto, esua conseqüente importância e valor, impedindo assim qualquer tipo <strong>de</strong> elaboração ouconsciência da causa do sofrimento. A questão que se põe neste caso é a seguinte: Por quesofrer por um objeto que não se ama, que não tem valor em minha vida? Entre outras coisas, éa impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer o objeto como amado, apesar <strong>de</strong> odiado, que não permite aelaboração do luto, dando origem a uma prisão melancólica.Uma consi<strong>de</strong>ração das mais pertinentes, contidas em Luto e <strong>melancolia</strong>, é a <strong>de</strong> que asituação <strong>de</strong> perda se constituí em um eficiente gatilho para que se disparem os sentimentos <strong>de</strong>ódio e <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong> reprimidos na relação com o objeto. Isto quer dizer que a situação <strong>de</strong>perda é uma ótima oportunida<strong>de</strong> para que a ambivalência, até então oculta, se manifeste.O conceito <strong>de</strong> ambivalência afetiva apareceu formulado pela primeira vez no artigo Adinâmica da transferência, em 1912. No entanto, a idéia <strong>de</strong> uma inter-relação entre amor eódio, ambos voltados para o mesmo objeto, já aparecia indiretamente em muitos escritos <strong>de</strong>Freud, como nos casos clínicos publicados em 1909, sobre o Pequeno Hans e o Homem dosratos (LAPLANCHE, 1998, p.17). Não será em poucos trabalhos que Freud <strong>de</strong>finirá aambivalência como a principal característica da neurose obsessiva – a neurose estudada nestesdois casos clínicos. Em Totem e tabu (1913 [1912-1913]) a ambivalência é <strong>de</strong>finida como aexistência simultânea <strong>de</strong> amor e ódio para como o mesmo objeto, estando presente em maiorou menor grau na disposição inata <strong>de</strong> cada indivíduo.No entanto, o conceito <strong>de</strong> ambivalência é elaborado e <strong>de</strong>senvolvido em termosmetapsicológicos no artigo Os instintos e suas vicissitu<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> 1915. Neste trabalho o conceitoem questão é formulado em relação à teoria dos instintos, sendo o conflito entre amor e ódioequiparado ao conflito entre os instintos sexuais e os instintos do ego. Com a elaboração daúltima dualida<strong>de</strong> pulsional – as pulsões <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> morte – a ambivalência é diretamenteligada ao conflito entre estas duas pulsões, especialmente nos trabalhos Além do princípio doprazer, <strong>de</strong> 1920, O ego e id, <strong>de</strong> 1923, e O mal-estar na civilização, <strong>de</strong> 1930. Neste último149

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