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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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<strong>de</strong>sfrutar a abolição <strong>de</strong> suas inibições, sentimentos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração pelos outros eautocensuras (FREUD, 1921, p.142).Esta é a hipótese sobre a mania, uma extinção da diferenciação entre o ego e o i<strong>de</strong>al doego. Isto permite a Freud formular com maior precisão o conflito do melancólico:Não é tão óbvio, não obstante muito provável, que o sofrimento do melancólicoseja a expressão <strong>de</strong> um agudo conflito entre as duas instâncias psíquicas <strong>de</strong> seu ego,conflito em que o i<strong>de</strong>al, em excesso <strong>de</strong> sensitivida<strong>de</strong>, incansavelmente exibe suacon<strong>de</strong>nação do ego com <strong>de</strong>lírios <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> e com auto<strong>de</strong>preciação (FREUD,1921, p.142).O conflito do melancólico aparece quando um estado <strong>de</strong>sejado é perdido; o narcisismoda infância, um estado i<strong>de</strong>alizado e anteriormente <strong>de</strong>sfrutado <strong>de</strong> não separação e diferençaentre o ego e o i<strong>de</strong>al. Um conflito é causado por uma exigência constante sobre o ego, <strong>de</strong>aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas do i<strong>de</strong>al e, mais ainda, <strong>de</strong> ser novamente como o i<strong>de</strong>al. Quando fracassa,o ego é i<strong>de</strong>ntificado a um objeto fracassado e <strong>de</strong>cepcionante, recebendo todas as duras críticasdo i<strong>de</strong>al do ego. Seria este agudo conflito que o sofrimento melancólico vem <strong>de</strong>nunciar? Naedição espanhola das obras <strong>de</strong> Freud 18 encontramos esta mesma passagem anterior com umapequena diferença que vale ser enfatizada: “la miseria <strong>de</strong>l melancólico constituye la expresión<strong>de</strong> una oposición muy aguda entre ambas instancias <strong>de</strong>l yo”. A passagem citada na ediçãobrasileira, que diz do agudo conflito, torna-se mais clara quando comparada com a espanhola.O conflito agudo seria fruto <strong>de</strong> uma oposição muito aguda entre o ego e o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego.Po<strong>de</strong>mos pensar em um conflito em que as personagens ocupem posições opostas ou muitodistantes.Freud se refere ainda às <strong>melancolia</strong>-manias, que não teriam uma origem por trauma,isto é, não seriam psicogênicas. Ele questiona se as causas <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>veriam ser atribuídas àsrebeliões periódicas do ego frente ao i<strong>de</strong>al do ego ou a outras circunstâncias. Nestes tiposespontâneos ele supõe “que o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego está inclinado a apresentar uma rigi<strong>de</strong>z peculiar,que então resulta automaticamente em sua suspensão temporária” (FREUD, 1921, p.143).No caso das manias que seguem uma <strong>melancolia</strong> psicogênica, ou seja, ocasionada porperdas objetais reais ou i<strong>de</strong>ais, ele atribui uma outra causa para a suspensão do i<strong>de</strong>al do ego.Freud repete sua tese <strong>de</strong>senvolvida no artigo Luto e <strong>melancolia</strong>: o objeto é abandonado porter-se mostrado indigno <strong>de</strong> amor, sendo assim, erigido <strong>de</strong>ntro do ego através da i<strong>de</strong>ntificação.O ego passa então a ser severamente con<strong>de</strong>nado pelo i<strong>de</strong>al do ego. O fato <strong>de</strong> o objeto serindigno <strong>de</strong> amor, e por isso abandonado, po<strong>de</strong> ser interpretado como o objeto sendo incapaz18 Psicologia <strong>de</strong> las masas y analisis <strong>de</strong>l yo. In Obras Completas <strong>de</strong> Sigmund Freud. Tomo III (1916-1938).Tradução direta do alemão <strong>de</strong> Luis Lopez-Ballesteros y <strong>de</strong> Torres. Madrid: Biblioteca Nueva, 1981, p. 2602.145

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