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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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i<strong>de</strong>al do ego <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir, po<strong>de</strong>ndo o ego, <strong>de</strong>sta forma, ficar livre <strong>de</strong> toda crítica e acusaçãoa que fora submetido com tanta intensida<strong>de</strong> e severida<strong>de</strong> na <strong>melancolia</strong>.De forma análoga àqueles estados em que periodicamente <strong>de</strong>vemos retornar – ao <strong>de</strong>narcisismo através do sono e da volta recorrente do reprimido à consciência, Freud mostra quetambém a separação entre o ego e o i<strong>de</strong>al do ego não po<strong>de</strong> ser sempre mantida. Ela étemporariamente suspensa em algumas ocasiões. Exemplos disto seriam os antigos festivaisdas tribos primitivas, as saturnais romanas e o mo<strong>de</strong>rno carnaval. São ocasiões em que muitasdas coisas normalmente proibidas são permitidas e liberadas:Mas o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego abrange a soma <strong>de</strong> todas as limitações a que o ego <strong>de</strong>veaquiescer e, por essa razão, a revogação do i<strong>de</strong>al constituiria necessariamente ummagnífico festival para o ego, que mais uma vez po<strong>de</strong>ria então sentir-se satisfeitoconsigo próprio (FREUD, 1921, p.141).O autor afirma que, quando algo no ego coinci<strong>de</strong> com o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego, há uma sensação<strong>de</strong> triunfo e, ainda, que os sentimentos <strong>de</strong> culpa e inferiorida<strong>de</strong> expressam uma tensão entre oego e o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego. Tanto o triunfo quanto a culpa estariam, para Freud, associados aorelacionamento entre o ego e seu i<strong>de</strong>al. A <strong>concepção</strong> <strong>freudiana</strong> <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> vai assim se<strong>de</strong>senhado. Sentimentos <strong>de</strong> culpa e <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>, principais sintomas da <strong>melancolia</strong>,acontecem, segundo esta visão, porque o ego fracassa em satisfazer o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego e, comosabemos, tal satisfação está ligada a um objeto externo escolhido segundo o mo<strong>de</strong>lo donarcisismo. O objeto i<strong>de</strong>alizado narcisicamente tem como tarefa, segundo a lógica da<strong>melancolia</strong>, ajudar o sujeito a manter menor distância possível entre o ego e seu i<strong>de</strong>al.Enquanto isto é alcançado, a relação com o objeto é mantida, e seus ganhos <strong>de</strong>sfrutados pelosujeito. Mas se, do contrário, este objetivo fracassa, teremos então o surgimento <strong>de</strong> um estadomelancólico, no qual a distância entre o ego e o i<strong>de</strong>al ficará por <strong>de</strong>mais evi<strong>de</strong>nciada, causandouma gran<strong>de</strong> tensão no interior do ego. O sujeito sentirá que se encontra no extremo <strong>de</strong>stadistância, que nunca po<strong>de</strong>rá ser o i<strong>de</strong>al. Trata-se <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> novo o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego,um <strong>de</strong>sejo que obe<strong>de</strong>ce a uma lógica absoluta, como já acontecera na infância primitiva; seriapor este <strong>de</strong>sejo, irrealizável e inalcançável <strong>de</strong> forma absoluta, que o melancólico se sentefracassado e culpado? É possível que sim.Baseando-se nestas idéias, temos então a conjetura <strong>de</strong> Freud sobre o <strong>de</strong>slocamento da<strong>melancolia</strong> para a mania:[na mania] Seu i<strong>de</strong>al do ego po<strong>de</strong>ria ter-se temporariamente convertido no ego,após havê-lo anteriormente governado com especial rigi<strong>de</strong>z. [...] nos casos <strong>de</strong>mania, o ego e o i<strong>de</strong>al do ego se fundiram, <strong>de</strong> maneira que a pessoa, em estado <strong>de</strong>ânimo <strong>de</strong> triunfo e auto-satisfação, imperturbada por nenhuma auto-crítica, po<strong>de</strong>144

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