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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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diferenciação <strong>de</strong>ntro do ego não vai além da que suce<strong>de</strong> em crianças. Agora, no capítulo XI,Freud volta à questão afirmando que, em muitos indivíduos, a separação entre o ego e o i<strong>de</strong>aldo ego não se acha muito avançada e ambas as instâncias coinci<strong>de</strong>m facilmente; todavia, oego conserva sua primitiva satisfação narcisista <strong>de</strong> si mesmo. Em Sobre o narcisismo, Freud(1914) mostra que o sujeito <strong>de</strong>ve renunciar à satisfação narcisista, dando origem ao i<strong>de</strong>al doego. Teria algo acontecido ainda na fase narcisista para que esta separação não se efetuasse <strong>de</strong>forma suficiente. Uma especulação po<strong>de</strong> aqui advir, pois seria possível que, ao ter estaseparação prejudicada, o indivíduo acabe por funcionar segundo uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mantereste estado, procurando sempre satisfações narcísicas. Em outras palavras, o sujeito viveriasempre buscando alcançar aquela satisfação <strong>de</strong>sfrutada no narcisismo da infância, umarelação <strong>de</strong> indiscriminação com o objeto primário, através <strong>de</strong> relações narcísicas com osobjetos externos. Este linha <strong>de</strong> pensamento que estamos <strong>de</strong>senvolvendo ao longo <strong>de</strong> nossasleituras almeja revelar uma <strong>concepção</strong> <strong>freudiana</strong> <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> que, embora nem sempre clarae evi<strong>de</strong>nte, po<strong>de</strong> ser aprendida a partir das relações entre os conceitos. Freud fala também <strong>de</strong>uma dupla espécie <strong>de</strong> vinculo entre os indivíduos, a i<strong>de</strong>ntificação e a substituição do i<strong>de</strong>al doego por um objeto exterior.Reflitamos que o ego ingressa agora na relação <strong>de</strong> um objeto para com o i<strong>de</strong>al doego, <strong>de</strong>le <strong>de</strong>senvolvido, e que a ação recíproca total entre um objeto externo e o egocomo um todo, com que nosso estudo das neuroses nos familiarizou, <strong>de</strong>vepossivelmente repetir-se nessa nova cena <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>ntro do ego (FREUD, 1921, p.140).Temos então uma relação <strong>de</strong> objeto que acontece <strong>de</strong>ntro do aparelho psíquico. Aonascermos, diz Freud, entramos em um estado <strong>de</strong> transição que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um narcisismoabsolutamente auto-suficiente até o reconhecimento <strong>de</strong> um mundo externo variável e a<strong>de</strong>scoberta dos primeiros objetos. No entanto, esta situação não po<strong>de</strong> ser mantidain<strong>de</strong>finidamente, e periodicamente nos recolhemos para o estado <strong>de</strong> sono, um estado protótipodaquele do narcisismo primário, a uma situação <strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> estímulos e fuga dos objetos.O mesmo acontece com a repressão. Uma separação ocorre entre um ego coerente e uma parteinconsciente e reprimida que é <strong>de</strong>ixada <strong>de</strong> fora por ser inaceitável pelas resistências. Noentanto, esta separação também não po<strong>de</strong> ser mantida <strong>de</strong> forma absoluta, e o que foi <strong>de</strong>ixado<strong>de</strong> fora sempre acaba por retornar à consciência <strong>de</strong> forma disfarçada, burlando as resistênciase obtendo prazer. O humor e os chistes, por exemplo, seriam algumas formas <strong>de</strong>ste retorno doque fora excluído da consciência.Na <strong>melancolia</strong>, como já foi colocado anteriormente, há um conflito entre o ego – quese i<strong>de</strong>ntificou com o objeto – e o i<strong>de</strong>al do ego exigente. Na mania, a separação entre o ego e o143

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