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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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1921, Freud retoma este ponto propondo a seguinte fórmula: o objeto foi colocado no lugardo i<strong>de</strong>al do ego:A tendência que falsifica o julgamento nesse respeito é a i<strong>de</strong>alização. Agora,porém, é mais fácil encontrarmos nosso rumo. Vemos que o objeto está sendotratado da mesma maneira que nosso próprio ego, <strong>de</strong> modo que, quando estamosamando, uma quantida<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> libido narcisista transborda para o objeto.Em muitas formas <strong>de</strong> escolha amorosa, é fato evi<strong>de</strong>nte que o objeto serve <strong>de</strong>sucedâneo para algum inatingido i<strong>de</strong>al do ego <strong>de</strong> nós mesmos. Nós o amamos porcausa das perfeições que nos esforçamos por conseguir para o nosso próprio ego eque agora gostaríamos <strong>de</strong> adquirir, <strong>de</strong>ssa maneira indireta, como meio <strong>de</strong> satisfazernosso narcisismo (FREUD, 1921, p.122).A forma <strong>de</strong> escolha amorosa a que Freud se refere nesta passagem é a escolhanarcísica, aquele tipo específico <strong>de</strong> investimento objetal que foi <strong>de</strong>senvolvido no texto sobre onarcisismo. Uma escolha que visa à satisfação do narcisismo e <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al inatingível. Sefizermos a ligação entre estas afirmações e a <strong>melancolia</strong>, lembraremos rapidamente que umadas características presentes nela é a <strong>de</strong> que o tipo <strong>de</strong> ligação com o objeto é narcísico, isto é,o melancólico realizou uma escolha narcísica <strong>de</strong> objeto. Finalmente chegamos a um achadoimportante: se o vínculo narcísico é um vínculo no qual o objeto se torna i<strong>de</strong>alizado, no casoda <strong>melancolia</strong>, o objeto perdido ou abandonado pelo sujeito teria sido também i<strong>de</strong>alizado. Etalvez mais um passo seja dado neste momento no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir que, na <strong>concepção</strong><strong>freudiana</strong> <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>, temos uma <strong>de</strong>cepção para com o objeto que leva o sujeito aabandoná-lo, e que este abandono ocorre por insatisfação na relação i<strong>de</strong>alizada com o objeto,vista como perfeita, e on<strong>de</strong> não há discriminação entre ego e objeto; um projeto <strong>de</strong> fusãoamorosa sem limites e sem críticas. Estabelece-se uma relação que se constitui com basesnarcísicas, visando à satisfação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais narcisistas do self, e tornando, assim, o objetoi<strong>de</strong>alizado. O objeto não é reconhecido enquanto tal, mas como uma maneira <strong>de</strong> satisfazer asi<strong>de</strong>alizações. Destacamos, pois, que, <strong>de</strong> alguma forma, o objeto escolhido narcisicamente<strong>de</strong>ve ter características para po<strong>de</strong>r conter a i<strong>de</strong>alização. O i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego é responsável, segundoFreud, pelo teste <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>, por verificar a realida<strong>de</strong> das coisas. O ego toma uma percepçãocomo real se a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la é confirmada pela instância mental chamada i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ego. Se osujeito i<strong>de</strong>aliza as características do objeto, tem-se então uma forma <strong>de</strong> tomar o objetosegundo seus próprios i<strong>de</strong>ais, uma forma narcísica <strong>de</strong> se relacionar. A i<strong>de</strong>alização seria entãoum elemento qualitativo da vinculação narcísica.Nesta situação, quanto mais o objeto é investido narcisicamente e i<strong>de</strong>alizado, mais oego se torna <strong>de</strong>spretensioso e mo<strong>de</strong>sto e o objeto, mais sublime e precioso. É uma situação emque o objeto fica com todas as características i<strong>de</strong>alizadas e almejadas e o sujeito permanece141

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