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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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externo e dos objetos. Para Freud, o ego não é uma organização psíquica que está presente<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da vida. Ele precisa se constituir nesta operação marcada pelo narcisismo, apartir <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> indiferenciação com o mundo. Green (1988, p.21) explica que existeuma tendência em aceitar que o “<strong>de</strong>senvolvimento do Eu e da libido se manifesta, emparticular, pela capacida<strong>de</strong> do Eu <strong>de</strong> reconhecer o objeto em si mesmo, e não mais comosimples projeção do EU”.O que presenciamos com a introdução do conceito do narcisismo e seus<strong>de</strong>sdobramentos é este processo <strong>de</strong> constituição do ego – <strong>de</strong> forma mais ampla, do sujeito<strong>de</strong>sejante – em uma operação <strong>de</strong> inter-relação com o objeto primário (inicialmente), osobjetos secundários e, por fim, com a realida<strong>de</strong> e o mundo externo.Com a virada da teoria <strong>freudiana</strong> dos anos vinte – a última dualida<strong>de</strong> pulsional e asegunda tópica – ocorrem modificações no conceito <strong>de</strong> narcisismo. Freud <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> distinguiro estado <strong>de</strong> auto-erotismo e narcisismo, que foi estabelecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da história doconceito. Como vimos, o narcisismo seria uma fase que correspon<strong>de</strong>ria ao investimento daspulsões auto-eróticas e parciais em um único objeto <strong>de</strong> satisfação, o ego. Assim, nonarcisismo, ocorreria a unificação das pulsões visando a uma única meta e a constituição doprimeiro objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo: o próprio ego. Por isso narcisismo: um investimento libidinal noego. Segundo Simanke (1994), os dois fatores que levaram Freud a abandonar esta distinçãoentre narcisismo e auto-erotismo foram a necessida<strong>de</strong> da formação do conceito <strong>de</strong> id e acrescente importância que o conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação vinha assumindo. Esta modificação lhepermite formular uma explicação para o surgimento do ego como unida<strong>de</strong> psíquica, “que seformaria pela assimilação i<strong>de</strong>ntificatória da imagem do outro, percebido como igual a si”(SIMANKE, 1994, p. 130).Frente ao exposto, o narcisismo po<strong>de</strong> ser entendido como um estado muito inicial do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> indiferenciação entre o bebê e o mundo e, mais tardiamente, uma fase <strong>de</strong>investimento libidinal no ego contemporânea à separação do objeto, ao início da percepção darealida<strong>de</strong> e da constituição do ego.3.1.3 Usos do conceito narcisismoMuito diferentemente do que em geral se pensa, o narcisismo não é usado somentepara se referir àquele sujeito que nutre amor excessivo a si mesmo e a sua imagem.Comumente, e até mesmo na psicanálise, o termo po<strong>de</strong> ficar restrito a um estado patológico,sendo fácil e equivocadamente consi<strong>de</strong>rado como sinônimo <strong>de</strong> psicopatologia, <strong>de</strong> problemas128

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