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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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A perda e a <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sta são colocadas totalmente em relação com oconceito <strong>de</strong> narcisismo. A perda do seio traz a consciência da separação – e a vivência <strong>de</strong>staconsciência é <strong>de</strong>pressiva – no sentido <strong>de</strong> uma perda que tem <strong>de</strong> ser elaborada. O bebê, frente àvivência <strong>de</strong>sta perda, recorre aos mecanismos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação para a manutenção <strong>de</strong> seupsiquismo. A i<strong>de</strong>ntificação, neste caso secundária, é o meio <strong>de</strong> se conservar uma relação ouum estado que o princípio <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> obrigou a abandonar (HORNSTEIN, 1989). Estanoção, do uso <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntificação secundária com o objeto diante da vivência <strong>de</strong> perda,permite ao ego se apropriar do objeto, ou <strong>de</strong> traços <strong>de</strong>ste, formando assim o ego, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>e os i<strong>de</strong>ais: “é incorporando em si as características <strong>de</strong> um objeto privilegiado que o ego seconstitui como unida<strong>de</strong> autônoma e diferenciada do não-ego” (SIMANKE, 1994).Se for possível <strong>de</strong>finir as i<strong>de</strong>ntificações <strong>de</strong> maneira esquemática, nós asdiferenciaríamos da seguinte maneira: a i<strong>de</strong>ntificação primária é aquela que antece<strong>de</strong> uminvestimento objetal propriamente dito, é uma etapa prévia ao investimento libidinal <strong>de</strong> objetoe coinci<strong>de</strong> com o narcisismo primário. A i<strong>de</strong>ntificação secundária se caracteriza pela retraçãopara o ego do investimento libidinal no objeto; seu significado é incorporar novos objetos noego. Este último é um narcisismo secundário, contemporâneo à formação do ego. Assim, “onarcisismo do ego é um narcisismo secundário, que foi retirado dos objetos” (FREUD, 1923,p.59).Neste interjogo se estabelecem as instâncias i<strong>de</strong>ais. O narcisismo absoluto onipotentedo momento inicial é quebrado pelo <strong>de</strong>senvolvimento do princípio <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>. Estaonipotência é renunciada na forma <strong>de</strong> um eu i<strong>de</strong>al ao qual o sujeito se esforçará paraconformar-se. A introjeção do objeto i<strong>de</strong>alizado como onipotente se realizará em um processo<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação secundária (a libido retirada dos objetos para o ego), enriquecendo <strong>de</strong>stamaneira o ego. Há a formação <strong>de</strong> um ego i<strong>de</strong>al que servirá <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para o ego real, que, porsua vez, guarda a onipotência renunciada do narcisismo primário e a onipotência retirada dospais por meio da i<strong>de</strong>ntificação (ANDRADE, 1999):Quando as condições são favoráveis à inevitável separação entre a mãe e a criança,ocorre no seio do Eu uma mutação <strong>de</strong>cisiva. O objeto materno se apaga enquantoobjeto primário <strong>de</strong> fusão, para dar lugar aos investimentos próprios ao Eu,fundadores <strong>de</strong> seu narcisismo pessoal, Eu doravante capaz <strong>de</strong> investir seus própriosobjetos distintos do objeto primitivo (GREEN, 1988, p.273-74).Na realida<strong>de</strong>, estes dois momentos do narcisismo, que são marcados pela experiênciada perda do seio, compõem um processo <strong>de</strong> evolução progressiva que se efetua passo a passo,indo <strong>de</strong> um ego não discriminado do objeto até um ego formado e discriminado do mundo127

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