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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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elação ao objeto primário. Fusão, indiferenciação e <strong>de</strong>pendência marcam esta fase inicial donarcisismo primário. O resultado disto é a criação, no bebê, <strong>de</strong> uma ilusão <strong>de</strong> onipotência, namedida em que o seio (objeto metafórico) está sempre à disposição para satisfazer suasnecessida<strong>de</strong>s. Com isto ele não percebe o objeto e o seio se torna sua criação, uma parte <strong>de</strong> simesmo. A <strong>de</strong>pendência não é percebida e o <strong>de</strong>samparo inicial do nascimento torna-sesuportável: “nessa fase o bebê vive um experiência <strong>de</strong> onipotência absoluta, porque suaindiferenciação do objeto lhe dá a ilusão <strong>de</strong> que todo o po<strong>de</strong>r do objeto lhe pertence”(ANDRADE, 1999, p.638). A função da mãe seria a <strong>de</strong> sustentar esta ilusão onipotente e <strong>de</strong>auto-suficiência narcisista do bebê, através <strong>de</strong> seus cuidados exclusivos para ele, permitindo,com isto, a criação <strong>de</strong> condições básicas para a estruturação primitiva do aparelho psíquico.Por isto costuma-se dizer que sujeito e i<strong>de</strong>al se coinci<strong>de</strong>m. Aqui, não existiria para o bebê uminvestimento objetal propriamente dito, mas tão somente i<strong>de</strong>ntificações primárias – ai<strong>de</strong>ntificação do bebê com o objeto primário. Segundo Green (1988, p.24),[...] a i<strong>de</strong>ntificação primária é a mais fundamental. Ela suprime a representação doobjeto, o próprio Eu tornando-se este objeto, confundindo-se com ele. [...] Nocomeço, a i<strong>de</strong>ntificação primária é dita narcisista, o Eu fundindo-se com um objetoque é muito mais uma emanação <strong>de</strong>le mesmo do que um ser distinto reconhecido nasua alterida<strong>de</strong>.Este momento <strong>de</strong> indiscriminação entre sujeito e objeto, entre ego e i<strong>de</strong>al, seria umafase ainda muito inicial na qual o bebê estaria i<strong>de</strong>ntificado com a mãe (o bebê é a mãe, a mãeé o bebê) e que antece<strong>de</strong>ria o nascimento e a estruturação do psiquismo humano(WINNICOTT, 1954). Frente a isto, é essencial que a mãe mantenha um gran<strong>de</strong> interesse(investimento) pelo seu filho neste momento inicial e esteja disponível psiquicamente paracuidar (investir) <strong>de</strong>le, para assim garantir a sua saú<strong>de</strong> mental.O momento que suce<strong>de</strong>, segundo Green (1988), é o narcisismo primário tardio, noqual os investimentos do ego po<strong>de</strong>m ser colocados finalmente em oposição aos investimentosobjetais. Aqui se insere a metáfora da perda do seio, utilizada para se referir ao momento <strong>de</strong>separação entre a mãe e o bebê, no qual acontece a discriminação entre ego e objeto e o<strong>de</strong>corrente conhecimento da realida<strong>de</strong>. É nesta fase que os objetos passam a ser investidoslibidinalmente e são, em seguida, trazidos para o ego por um processo <strong>de</strong>nominado“i<strong>de</strong>ntificação secundária”. Este narcisismo secundário seria a libido retirada dos objetos emdireção ao ego via i<strong>de</strong>ntificação narcísica. Vamos, no entanto, examinar mais <strong>de</strong> perto comose realiza este processo.125

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