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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Os homens primitivos e os neuróticos, como já vimos, atribuem uma altavalorização — a nossos olhos, uma supervalorização — aos atos psíquicos. Essaatitu<strong>de</strong> po<strong>de</strong> perfeitamente ser relacionada com o narcisismo e encarada como umcomponente essencial <strong>de</strong>ste. Po<strong>de</strong>-se dizer que, no homem primitivo, o processo <strong>de</strong>pensar ainda é, em gran<strong>de</strong> parte, sexualizado. Esta é a origem <strong>de</strong> sua fé naonipotência dos pensamentos, <strong>de</strong> sua inabalável confiança na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>controlar o mundo e <strong>de</strong> sua inacessibilida<strong>de</strong> às experiências, tão facilmenteobteníveis, que po<strong>de</strong>riam ensinar-lhe a verda<strong>de</strong>ira posição do homem no universo.Com relação aos neuróticos, encontramos que, por um lado, uma parte consi<strong>de</strong>rável<strong>de</strong>sta atitu<strong>de</strong> primitiva sobreviveu em sua constituição e, por outro, que a repressãosexual que neles ocorreu ocasionou uma maior sexualização <strong>de</strong> seus processos <strong>de</strong>pensamento. Os resultados psicológicos <strong>de</strong>vem ser os mesmos em ambos os casos,quer a hipercatexia libidinal do pensamento seja original, quer tenha sido produzidapela regressão: narcisismo intelectual e onipotência <strong>de</strong> pensamentos.Há, neste fragmento, uma comparação entre o homem primitivo e o narcisismo, nosentido <strong>de</strong> em ambos predominar o pensamento onipotente, que nada mais é do que umasupervalorização dos atos psíquicos – um componente essencial do narcisismo. No auge <strong>de</strong>sua inspiração, Freud faz uma comparação entre o <strong>de</strong>senvolvimento da humanida<strong>de</strong> e sua<strong>concepção</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento do sujeito psíquico, isto é, entre a filogênese e a ontogênese.A fase animista, dos povos primitivos, correspon<strong>de</strong>ria à fase do narcisismo, em que seacredita na onipotência do pensamento e na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar o mundo. A fasereligiosa correspon<strong>de</strong>ria à fase da escolha do objeto, cuja característica é a ligação da criançacom os pais, e, por último, a fase científica, representada como a maturida<strong>de</strong> em que o homemrenuncia ao principio do prazer e busca os objetos <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo no mundo externo. A arteseria o único campo em que é mantida a onipotência dos pensamentos, no qual a realizaçãodos <strong>de</strong>sejos se torna possível graças à ilusão artística. Trata-se <strong>de</strong> uma ilusão que produzefeitos emocionais como se fossem reais.Depois do livro Totem e Tabu, Freud finalmente <strong>de</strong>dica um texto exclusivo ao tema donarcisismo, em 1914, no qual examina <strong>de</strong>tidamente seus aspectos e propõe uma série <strong>de</strong> idéiasoriginais para a psicanálise.3.1.2 Introdução ao narcisismoEm 1914, Freud escreve o trabalho Sobre o narcisismo: uma introdução, elevando otermo ao estatuto <strong>de</strong> conceito psicanalítico. Neste estudo, o narcisismo é <strong>de</strong>finido como umperíodo primitivo da infância em que as pulsões parciais e auto-eróticas que coexistiam <strong>de</strong>modo anárquico e sem objeto específico se reúnem numa unida<strong>de</strong> e investem o ego <strong>de</strong>catexias libidinais. Desta forma se origina o ego, bem como a sua libido. Trata-se <strong>de</strong> uma fasedo <strong>de</strong>senvolvimento infantil na qual o ego, agora se unificando, é tomado como objeto <strong>de</strong>123

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