13.07.2015 Views

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A relevância <strong>de</strong>ste fragmento está no fato <strong>de</strong> ser a primeira <strong>de</strong>finição mais explicita esistemática do narcisismo como uma fase normal do <strong>de</strong>senvolvimento humano, necessária eque se impõe na passagem do auto-erotismo para o amor objetal. No artigo do qual foiretirado esta citação, o foco <strong>de</strong> Freud era explicar a paranóia. Isto foi feito através <strong>de</strong> umarelação entre paranóia e <strong>de</strong>sejos homossexuais insuportáveis e inadmissíveis. O narcisismo,como vimos, foi inicialmente pensado como uma forma <strong>de</strong> escolha homossexual, e por isso sejustifica sua inclusão neste texto sobre a paranóia. Esta última será arrolada entre os distúrbiosnarcísicos nos anos seguintes, ao lado da <strong>melancolia</strong> e da esquizofrenia. Ainda no CasoShereber encontramos uma aproximação entre a megalomania e a paranóia:Recordar-se-á que a maioria dos casos <strong>de</strong> paranóia exibe traços <strong>de</strong> megalomania, eque a megalomania po<strong>de</strong>, por si mesma, constituir uma paranóia. Disto po<strong>de</strong>-seconcluir que, na paranóia, a libido liberada vincula-se ao ego e é utilizada para oengran<strong>de</strong>cimento <strong>de</strong>ste. Faz-se assim um retorno ao estádio do narcisismo (quereconhecemos como estádio do <strong>de</strong>senvolvimento da libido), no qual o único objetosexual <strong>de</strong> uma pessoa é seu próprio ego. Com base nesta evidência clínica,po<strong>de</strong>mos supor que os paranóicos trouxeram consigo uma fixação no estádio donarcisismo, e po<strong>de</strong>mos asseverar que a extensão do retrocesso do homossexualismosublimado para o narcisismo constitui medida da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regressãocaracterística da paranóia (FREUD, 1911, p.79-80).Inicialmente o narcisismo foi <strong>de</strong>finido como escolha objetal e i<strong>de</strong>ntificação; nomomento seguinte, junta-se a noção <strong>de</strong> uma fase narcísica no <strong>de</strong>senvolvimento, formado-se,assim, as bases do conceito. Megalomania, paranóia e homossexualismo são <strong>de</strong>finidos comouma fixação e uma regressão às etapas iniciais do <strong>de</strong>senvolvimento, o estádio do narcisismo.A sua próxima aparição se <strong>de</strong>u no livro Totem e Tabu, <strong>de</strong> 1913, no qual Freud ofereceuma ampla discussão sobre a idéia <strong>de</strong> narcisismo, já como uma fase que o sujeito nuncaabandona completamente, po<strong>de</strong>ndo ficar mais ou menos fixado. A idéia é praticamente amesma do texto anterior; no entanto, Freud parece estar mais certo sobre postular a existência<strong>de</strong> uma fase em que o bebê tome a si mesmo como objeto <strong>de</strong> amor. O narcisismo aparece,assim, como uma segunda fase do auto-erotismo, no momento próximo à constituição do ego.Contudo, é importante sublinhar que esta divisão entre narcisismo e auto-erotismo<strong>de</strong>saparecerá nos anos subseqüentes:Estudos ulteriores <strong>de</strong>monstraram que é conveniente e verda<strong>de</strong>iramenteindispensável inserir uma terceira fase entre aquelas duas, ou, em outras palavras,dividir a primeira fase, a do auto-erotismo, em duas. Nessa fase intermediária, cujaimportância a pesquisa tem evi<strong>de</strong>nciado cada vez mais, os instintos sexuais atéentão isolados já se reuniram num todo único e encontraram também um objeto.Este objeto, porém, não é um objeto externo, estranho ao sujeito, mas se trata <strong>de</strong>seu próprio ego, que se constituiu aproximadamente nessa mesma época. Tendo emmente as fixações patológicas <strong>de</strong>ssa nova fase, que se tornam observáveis maistar<strong>de</strong>, <strong>de</strong>mos-lhe o nome <strong>de</strong> narcisismo. O sujeito comporta-se como se estivesse121

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!