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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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no senso comum, <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> “narcisista”. E isto não seria fruto <strong>de</strong> uma beleza e <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>s autênticas do sujeito, mas <strong>de</strong> um excessivo amor nutrido por si mesmo. Em sentidoestrito, “narcisismo” seria, portanto, tomar-se a si mesmo como objeto <strong>de</strong> amor.Na psicanálise, no entanto, através da pena <strong>de</strong> Freud, o termo recebeu o estatuto <strong>de</strong>conceito, <strong>de</strong> elemento presente no psiquismo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nosso nascimento. Ele conferiu ao termoum sentido mais <strong>de</strong>finido e complexo do que os que estão presentes em nosso cotidiano.O narcisismo surge publicamente nas idéias <strong>freudiana</strong>s pela primeira vez em umareunião da Socieda<strong>de</strong> Psicanalítica <strong>de</strong> Viena, em 10 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1909. Segundo a ata dareunião, Freud teria se referido ao narcisismo como um “estágio intermediário necessário napassagem do auto-erotismo para o aloerotismo” 17 (JONES, 1989, p.274). Esta <strong>de</strong>finição, noentanto, apareceria nos textos freudianos anos mais tar<strong>de</strong>. Inicialmente, o termo apareceu emuma nota <strong>de</strong> rodapé acrescentada no ano <strong>de</strong> 1910 na segunda edição dos Três ensaios sobre ateoria da sexualida<strong>de</strong> (1905). Nesta nota, ele é usado <strong>de</strong> forma muito mais in<strong>de</strong>finida que nocomentário anterior da reunião da Socieda<strong>de</strong>. O narcisismo surge neste momento como umamaneira encontrada por Freud (1905, p.137) para explicar o mecanismo do homossexualismomasculino. A nota diz o seguinte:Em todos os casos investigados, constatamos que os futuros invertidosatravessaram, nos primeiros anos <strong>de</strong> sua infância, uma fase muito intensa, emboramuito breve, <strong>de</strong> fixação na mulher (em geral, a mãe), após cuja separaçãoi<strong>de</strong>ntificaram-se com a mulher e tomaram a si mesmo como objeto sexual, ou seja,a partir do narcisismo buscaram homens jovens e parecidos com sua própria pessoa,a quem eles <strong>de</strong>vem amar tal como a mãe os amou.O termo, nesta passagem, é usado para se referir a uma característica dos invertidos –os homossexuais masculinos que, diz Freud, tomam a si mesmo como objeto <strong>de</strong> amor e, porconseguinte, escolhem outros rapazes como objeto <strong>de</strong> amor segundo o narcisismo, isto é, àsua imagem e semelhança. Neste primeiro aparecimento, o sentido é restrito a uma forma <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação que leva o sujeito a tomar a si mesmo como objeto libidinal, e relacionar-se comos objetos visando satisfazer seu narcisismo. Esboça-se nesta passagem a noção <strong>de</strong> que umi<strong>de</strong>ntificação segue como conseqüência <strong>de</strong> uma separação – formulação que alicerçará Freu<strong>de</strong>m Luto e <strong>melancolia</strong>.A referência seguinte ao conceito é encontrada no trabalho Leonardo da Vinci e umalembrança da infância (1910):O amor da criança por sua mãe não po<strong>de</strong> mais continuar a se <strong>de</strong>senvolverconscientemente — ele sucumbe à repressão. O menino reprime seu amor pela17 Orientação da libido para objetos externos; heteroerotismo.119

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