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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Seria esta uma forma <strong>de</strong> se pensar em uma <strong>melancolia</strong> estrutural, isto é, o sujeito estruturariaseu psiquismo melancolicamente. Esta falha afetaria diretamente o sentimento <strong>de</strong> si-mesmo(sentir o self integrado e com recursos, sentimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> epensamento), tornando o sujeito susceptível à <strong>melancolia</strong>.Neste sentido, resta investigar duas questões que, embora diferentes, não sãoexclu<strong>de</strong>ntes. A primeira consiste em saber se o melancólico seria um sujeito portador <strong>de</strong>insuficiências narcísicas que, através do tipo narcísico <strong>de</strong> ligação, se apoiaria nas suasrelações objetais para compensar tais insuficiências, tornando-se assim <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntenarcisicamente e susceptível à <strong>melancolia</strong>. A outra questão que cabe formular é se, emsituações contingenciais que levem a perdas <strong>de</strong> objetos narcísicos, um sujeito seria levado aum processo melancólico ou <strong>de</strong>pressivo. Seria uma questão estrutural e uma questãoocasional. Em outros termos: os fatores precipitantes da <strong>melancolia</strong> são mais reativos eocasionais ou mais constitucionais, ligados à estruturação da personalida<strong>de</strong> na primeirainfância? Talvez a formulação <strong>de</strong>sta questão permita até um vislumbre <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong>algum tipo <strong>de</strong> diferença entre <strong>de</strong>pressão e <strong>melancolia</strong>.De qualquer maneira, em qualquer uma <strong>de</strong>stas duas questões fica afirmada a idéia <strong>de</strong>que tanto a <strong>de</strong>pressão quanto a <strong>melancolia</strong> geralmente estão ligadas a uma perda narcísica.Assim, o que é <strong>de</strong> fundamental importância neste ponto <strong>de</strong> Luto e <strong>melancolia</strong> é a revelação <strong>de</strong>Freud que <strong>de</strong>finirá todo o <strong>de</strong>senvolvimento teórico psicanalítico posterior; a saber, a ligaçãoestabelecida entre <strong>melancolia</strong> e narcisismo e, <strong>de</strong> forma mais abrangente, entre o narcisismo eas patologias <strong>de</strong>pressivas. Retomaremos estas questões no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>ste capítulo.Retomando o curso <strong>de</strong> nossa reflexão sobre Luto e Melancolia, vamos agora à próximacontribuição fundamental contida neste texto. Se a escolha narcísica é uma pré-condição da<strong>melancolia</strong>, não é a única. Freud retoma duas pré-condições da <strong>melancolia</strong>:Portanto, a <strong>melancolia</strong> toma uma parcela <strong>de</strong> suas características emprestadas do luto[reação à perda]; a outra parcela ela retira <strong>de</strong> um processo específico <strong>de</strong> regressão, oqual parte da escolha objetal <strong>de</strong> tipo narcísico e retorna ao estado <strong>de</strong> narcisismo(FREUD, 1917[1915], p.109).Com esta retomada, Freud prepara o terreno para introduzir uma terceira condiçãofundamental para a psicodinâmica da <strong>melancolia</strong>: “a perda do objeto <strong>de</strong> amor mostra-se comouma ocasião muito excepcional para que a ambivalência que havia nas relações amorosasagora se manifeste e passe a vigorar” (FREUD, 1917[1915], p.109-110). É neste ponto que107

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