Distribuição espacial e ecologia da comunidade para-epígea ... - ICB

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISPÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃOE MANEJO DA VIDA SILVESTREEntradas de cavernas: interfaces de biodiversidadeentre ambientes externos e subterrâneosDistribuição dos artrópodes da Lapa do Mosquito, Minas GeraisXavier ProusDissertação apresentada ao Instituto deCiências Biológicas da Universidade Federalde Minas Gerais como requisito parcial para aobtenção do título de Mestre em Ecologia,Conservação e Manejo da Vida Silvestre.Área de concentração: Ecologia de Cavernas.Orientador: Dra. Claudia Maria JacobiCo-Orientador: Dr. Rodrigo Lopes FerreiraBelo HorizonteDezembro de 2005

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISPÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA, CONSERVAÇÃOE MANEJO DA VIDA SILVESTREEntra<strong>da</strong>s de cavernas: interfaces de biodiversi<strong>da</strong>deentre ambientes externos e subterrâneos<strong>Distribuição</strong> dos artrópodes <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, Minas GeraisXavier ProusDissertação apresenta<strong>da</strong> ao Instituto deCiências Biológicas <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federalde Minas Gerais como requisito parcial <strong>para</strong> aobtenção do título de Mestre em Ecologia,Conservação e Manejo <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> Silvestre.Área de concentração: Ecologia de Cavernas.Orientador: Dra. Claudia Maria JacobiCo-Orientador: Dr. Rodrigo Lopes FerreiraBelo HorizonteDezembro de 2005


AbstractCave entrances are transition zones with intermediate characteristics betweenepigean environments, which bear lower environmental stability, and hypogeanenvironments, with lower food resources. Associated to these interfaces there is aspecific community, capable of exploring its unique and intermediatecharacteristics, known as <strong>para</strong>-epigean community. Although they are part of thecave system as a whole, no ecological study ever addressed cave entrance zonescomprehensively. This work investigated the <strong>para</strong>-epigean community of Lapa doMosquito, MG, identifying its arthropod species composition and spatial distribution,and exploring its relationships with climatic and structural environmentcharacteristics and trophic relations. Spatially constrained clustering, speciesdiversity and similarity indices were used to map the distribution of the species andhabitat features, and to detect zones of rapid changes on species richness andtotal arthropod abun<strong>da</strong>nce. The first 80 m of the main conduct of the cave and theexternal area surrounding the cave entrance were divided into 418 square sections(4 m 2 ). In each one, ground arthropods were collected, and temperature, moisture,light, organic matter and structural habitat complexity were measured. The totalnumber of arthropods was 12,438, distributed in 483 morpho-species. A <strong>para</strong>epigeancommunity was identified, composed of 155 species, of which 55 wereexclusive of this community, 49 were shared with the epigean community, 37 withthe hypogean community, and 14 were found in the three communities. Althoughdetritus is the base of the <strong>para</strong>-epigean trophic web, light allows the establishmentof some producers, and even herbivores. The <strong>para</strong>-epigean community waspresent in the region comprised between 0 and 36m from the cave entrance.Species richness varied between 4 and 8 in sectors of the hypogean region,increasing gradually towards the entrance, and reaching values of approximately15 species in the epigean environment. Species diversity was intermediate to thatof the adjacent environments. Light is the main filter that acts near the caveentrance and determines the presence and distribution of several species in the<strong>para</strong>-epigean community. Therefore, this community is an integral part of the caveecosystem as a whole. Cave conservation and management strategies shouldincorporate actions to study and protect <strong>para</strong>-epigean communities.Keywords: arthropods, cave, community, ecotone, neotropics, <strong>para</strong>-epigean.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>5


2003) sendo raros os casos onde estes são os principais fornecedores deenergia na base <strong>da</strong> teia trófica. Desta forma, quase todos os nutrientespresentes nos ambientes cavernícolas são provenientes dos ambientesexternos (epígeos). A importação <strong>da</strong> matéria orgânica do ambiente externo<strong>para</strong> as cavernas se dá por agentes físicos ou biológicos (Culver 1982, Ferreirae Martins 1999, Howarth 1983). Rios e enxurra<strong>da</strong>s podem transportar grandequanti<strong>da</strong>de de matéria orgânica na forma de folhas, troncos, e carcaças deanimais (Souza-Silva 2003). Já as águas de percolação podem conter umasérie de compostos orgânicos dissolvidos enquanto infiltrava-se pelo solo(Gibert et al. 1994). Fezes e carcaças de animais que se abrigam em cavernasou que entram acidentalmente são também importantes fontes de recursos,principalmente em cavernas onde não há a presença de água (Culver 1982,Howarth 1983, Ferreira e Martins 1998, Ferreira e Martins 1999).Uma vez que não existem produtores primários fotossintetizantes emcavernas, a base <strong>da</strong> teia alimentar são detritos. Mesmo presente, a matériaorgânica apresenta-se, em geral, pouco disponível, já que deve ser processa<strong>da</strong>por microorganismos que não são tão abun<strong>da</strong>ntes quanto no meio externo.Além disso, as fezes já tiveram grande parte de seu conteúdo orgânicoaproveitado, sendo mais pobre que o alimento de origem. Assim, teias tróficasbasea<strong>da</strong>s em organismos detritívoros em cavernas são freqüentementeconsidera<strong>da</strong>s simples em com<strong>para</strong>ção às do ambiente epígeo, nãocomportando vários níveis tróficos com pre<strong>da</strong>dores de segun<strong>da</strong> ou terceiraordem, por exemplo (Culver 1982, Howarth 1983, Trajano 2000, Poulson 2005).As fortes pressões ambientais existentes nas cavernas podem levar osorganismos a uma série de modificações evolutivas de caráter morfológico,Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>7


fisiológico e comportamental. Os organismos cavernícolas podem seragrupados em três categorias segundo suas modificações evolutivas (Culver eWilkens 2000, modificado do sistema Schinner-Racovitza): i) Troglóxenos sãoaqueles organismos que habitam as cavernas, mas que obrigatoriamente têmque sair dela em algum momento de seu ciclo de vi<strong>da</strong> (exemplo típico são osmorcegos). ii) Troglófilos são os animais que podem completar todo seu ciclode vi<strong>da</strong> tanto no ambiente epígeo quanto hipógeo. iii) Troglóbios são asespécies mais especializa<strong>da</strong>s possuindo, em geral, caracteres a<strong>da</strong>ptativos(morfológicos, fisiológicos e comportamentais) e tendo seu ciclo de vi<strong>da</strong> restritoao abmbiente cavernícola. Tais organismos em geral exibem a tendência àredução de estruturas oculares e asas, e/ou alongamento de apêndicessensoriais, que evoluíram em resposta às pressões seletivas presentes emcavernas ou à ausência de pressões seletivas presentes no meio epígeo (eg.luz).As comuni<strong>da</strong>des cavernícolas terrestres podem ser agrupa<strong>da</strong>s em trêscategorias segundo sua distribuição <strong>espacial</strong> e dependência de recursosalimentares: na zona hipógea estão presentes as recurso-espaço-dependentese as recurso–espaço-independentes, enquanto que na zona <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>(próximas as entra<strong>da</strong>s) além destas existem as comuni<strong>da</strong>des <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>s(Ferreira e Martins 2001). As comuni<strong>da</strong>des recurso-espaço-dependentes sãocompostas geralmente por organismos pequenos (alguns milímetros), de poucamobili<strong>da</strong>de e de ocorrência preferencial junto ao recurso (manchas de guanode morcego, troncos em decomposição). Nas comuni<strong>da</strong>des recurso-espaçoindependentesos organismos não estão restritos a uma mancha de recursoapenas, sendo capazes de se deslocar entre manchas ao longo <strong>da</strong> caverna emComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>8


Ries et al. (2004) identificaram quatro fatores essenciais à determinação <strong>da</strong>presença de espécies nas zonas de ecótone: i) fluxo ecológico, ii) acesso arecursos se<strong>para</strong>dos <strong>espacial</strong>mente, iii) distribuição dos recursos e iv)interações entre espécies. Ries et al. (2004) descrevem modelos gerais queprevêem as possíveis respostas destes fatores a diferentes situações naszonas de ecótone entre diferentes habitats. Entre estas situações, descrevemas possíveis respostas em uma zona de ecótone entre um habitat rico emrecursos e outro pobre, situação encontra<strong>da</strong> nas entra<strong>da</strong>s de cavernas. Nestascondições, os fatores-chave podem ser suplementares, ou seja, aquelespresentes no habitat pobre também estão presentes no habitat rico. Isto gerariaum efeito transicional na disponibili<strong>da</strong>de de recursos, sendo o efeito negativono habitat rico, diminuindo a quali<strong>da</strong>de ou quanti<strong>da</strong>de do fator-chave ao seaproximar <strong>da</strong> transição, e positivo no ambiente pobre, aumentando o fatorchaveao se aproximar <strong>da</strong> zona de transição. Ao invés de suplementares, osrecursos podem ser complementares, ou seja, há recursos no habitat pobreque não existem no habitat rico. Nesta situação, há um efeito positivo nosfatores-chave na zona de transição dos dois habitats, aumentando localmentea disponibili<strong>da</strong>de de recursos na transição (Figura 1).Habitat“rico”Habitatpobrea) Suplementares(mesmos recursos)NegativoPositivob) Complementares(recursos diferentes)PositivoPositivoFigura 1: Modelo preditivo de resposta dos fatores-chave na zona de ecótone em diferentessituações: a) não há nenhum fator-chave novo no habitat pobre, assim a resposta na zona decontato é negativa no habitat rico, diminuindo a quali<strong>da</strong>de ou quanti<strong>da</strong>de do fator-chave, epositivo no habitat pobre, aumentando o fator-chave. b) o habitat pobre tem fatores-chaveComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>10


diferentes <strong>da</strong>queles presentes no habitat rico, assim, na zona de contato há uma soma destesfatores, sendo positivo <strong>para</strong> os dois habitats. (modificado de Ries et al. 2004).Características como eleva<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de, influência no fluxo de energiaentre os ambientes adjacentes e a falta de conhecimento sobre os efeitos <strong>da</strong>salterações antrópicas sobre estes ambientes fazem dos ecótones importantesáreas <strong>para</strong> o desenvolvimento de estudos ecológicos (Risser 1990 e 1995,Fagan et al. 1999, Fagan et al. 2003, Cadenasso et al. 2003, Strayer et al.2003).Apesar de serem reconheci<strong>da</strong>mente importantes (Gibert 1997), estudosabor<strong>da</strong>ndo a transição entre os ambientes epígeos e hipógeos são raros.Grandes avanços ocorreram nos últimos anos na identificação e compreensãodos processos biológicos e abióticos que ocorrem nos ecótones entre riosepígeos e hipógeos (Gibert et al. 1990, Gibert et al. 1994, Gibert et al. 1997,Gibert et al. 2000). No entanto, estudos sobre ecótones terrestres entreambientes epígeos e hipógeos continuam escassos (Culver e Poulson 1970,Prous et al. 2004).Estudos que abordem aspectos <strong>da</strong> distribuição <strong>espacial</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de,dos recursos e a interação entre estes são primordiais na compreensão dofuncionamento dos ecótones. As comuni<strong>da</strong>des presentes nas entra<strong>da</strong>s decavernas constituem um dos principais componentes dos ecótones entre osambientes epígeos e hipógeos. O contato entre os organismos dos ambientesepígeos e hipógeos ocorre nas zonas de entra<strong>da</strong>. Do mesmo modo, os filtrospresentes nas chama<strong>da</strong>s membranas de permeabili<strong>da</strong>de seletiva e que agemsobre os organismos, permitindo ou não a colonização e fixação de populaçõesnos ambientes cavernícolas, atuam principalmente nestas zonas. Assim, antesde tentar compreender como é o funcionamento <strong>da</strong> zona de ecótone e, atéComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>11


mesmo, o funcionamento de todo o ecossistema cavernícola, é primordial acompreensão de como é a estrutura e funcionamento <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>scavernas. No entanto, nenhum trabalho jamais investigou as zonas de entra<strong>da</strong>de cavernas de forma abrangente, abor<strong>da</strong>ndo os aspectos de estrutura <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de, distribuição <strong>da</strong>s populações e relações tróficas. No presenteestudo foram investiga<strong>da</strong>s a entra<strong>da</strong> e regiões adjacentes de uma caverna afim de avançar na compreensão do funcionamento dos ecossistemascavernícolas como um todo.2 – Objetivos2.1 – Objetivo geralEste trabalho tem como objetivo geral estu<strong>da</strong>r as comuni<strong>da</strong>des deartrópodes nas regiões externa, <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> e interna <strong>da</strong> Lapa do Mosquito,identificando-as quanto à composição e distribuição <strong>espacial</strong> de suas espécies,bem como explorar suas possíveis relações com características climáticas eestruturais do ambiente e relações tróficas. Para tanto foram explora<strong>da</strong>s asseguintes hipóteses e suas predições:Hipótese 1 – Ambientes epígeos e hipógeos são extremos quanto àestabili<strong>da</strong>de ambiental e características tróficas.Predição i – Por estarem localiza<strong>da</strong>s entre estes dois ambientes, as zonas deentra<strong>da</strong> de caverna são ecótones com características ambientais e tróficasúnicas e intermediárias àquelas encontra<strong>da</strong>s nos ambientes adjacentes.Predição ii – Existem espécies de artrópodes na zona de entra<strong>da</strong> de cavernas,compondo uma comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, capaz de explorar as característicaspeculiares e transicionais deste ambiente.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>12


Hipótese 2 – Ecótones localizados entre ambientes com diversi<strong>da</strong>desextremas, um muito diverso e outro pouco diverso, a diversi<strong>da</strong>de éintermediária.Predição – Por estar entre um ambiente com alta diversi<strong>da</strong>de (epígeo) e outrocom baixa diversi<strong>da</strong>de (hipógeo) as entra<strong>da</strong>s de caverna têm diversi<strong>da</strong>debiológica intermediária a estes.Hipótese 3 – Ecótones funcionam como membranas de permeabili<strong>da</strong>deseletiva permitindo a passagens de algumas espécies e não de outras.Predição i – Existem filtros que atuam na membrana.Predição ii – Espécies diferentes têm capaci<strong>da</strong>des (facili<strong>da</strong>de) diferentes deatravessar a zona de entra<strong>da</strong> de uma caverna (ecótone) e estabelecerpopulações em seu interior.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>13


0 Km 5 Km 10 Km3 – Área de estudoO estudo foi realizado na Lapa do Mosquito (18°37‟34‟‟S, 44°24‟45‟‟W),uma caverna calcária localiza<strong>da</strong> no município de Curvelo, MG (Figura 2). Aregião tem clima predominantemente seco, com temperatura média de 28°C.Cerrado senso estrito é a principal formação vegetal, mas existem grandesáreas com plantações de eucaliptos nas proximi<strong>da</strong>des. A Lapa do Mosquitoestá localiza<strong>da</strong> em um fragmento de floresta subcaducifólia, com estratoarbóreo-arbustivo.Figura 2: Imagem de satélite <strong>da</strong> região de Curvelo (MG), com destaque <strong>para</strong> a localização <strong>da</strong>Lapa do Mosquito em um fragmento florestal (fonte: Google Earth 3.0).Descrição física <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>deA caverna tem uma projeção horizontal de mais de 1.000 metros, compelo menos três entra<strong>da</strong>s. A maior <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s, e objeto deste estudo, temaproxima<strong>da</strong>mente 50 metros de largura e 20 metros de altura. Após umaconstrição por depósitos de carbonato de cálcio a 30 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> iniciaseo principal conduto <strong>da</strong> caverna com largura média de aproxima<strong>da</strong>mente 20metros. Nos primeiros 150 metros deste conduto o piso é coberto porsedimento terroso extremamente ressequido, devido à ausência de drenagemComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>14


à exceção de alguns pontos de gotejamento. Após percorrer aproxima<strong>da</strong>mente150 metros, este conduto se conecta a outro percorrido por uma drenagemexterna que penetra na caverna pela entra<strong>da</strong> inferior.Na entra<strong>da</strong> principal, blocos de abatimento formam um aglomerado quedeclina tanto <strong>para</strong> o interior <strong>da</strong> caverna como <strong>para</strong> fora, sendo o ponto maiselevado deste aglomerado bem abaixo <strong>da</strong> projeção vertical <strong>da</strong> frente calcária.Internamente, os blocos estão dispostos até 20 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>. Após osblocos de abatimento, o piso do conduto principal <strong>da</strong> caverna é coberto porterra e algumas pedras esparsas. O córrego que originalmente penetrava nacaverna por sua entra<strong>da</strong> principal sofreu um desvio em conseqüência desteabatimento. Atualmente esta drenagem entra na caverna por uma aberturatopograficamente rebaixa<strong>da</strong> situa<strong>da</strong> a 50 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> principal. Apóspercorrer 150 metros pela nova entra<strong>da</strong>, o córrego intercepta o condutoprincipal e nele segue até seu sumidouro. Uma terceira entra<strong>da</strong> localiza<strong>da</strong> a800 metros <strong>da</strong>s duas outras consiste de uma clarabóia (entra<strong>da</strong> vertical) que seabre na mata que recobre to<strong>da</strong> a região.Condição tróficaNa zona de entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, uma vegetação arbóreo-arbustivarecobre o aglomerado de blocos de abatimento. Serapilheira recobre todo oaglomerado de blocos na área externa e, por ser um declive acentuado,também cobre parte dos blocos abatidos já no interior <strong>da</strong> caverna, atéaproxima<strong>da</strong>mente 10 metros. Briófitas e algas são encontra<strong>da</strong>s nas paredes eblocos até aproxima<strong>da</strong>mente 30 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, onde ain<strong>da</strong> há a presençaconsiderável de luz. Uma grande colônia de morcegos, onde coexistemindivíduos hematófagos (Desmodus rotundus), carnívoros (ChrotopterusComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>15


auritus) e onívoros (Phyllostomus elongatus), é responsável pelo aporte deuma grande quanti<strong>da</strong>de de guano, depositado principalmente em um salãosituado a 200 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>. Esta grande mancha é heterogênea, comáreas mais antigas e outras recém deposita<strong>da</strong>s, além de possuir áreas comgrande quanti<strong>da</strong>de de sementes e outras com apenas guano de hematófagosou carnívoros. Manchas esparsas de guano são encontra<strong>da</strong>s por to<strong>da</strong> aextensão <strong>da</strong> caverna. Junto ao leito do córrego são encontrados bancos dematéria orgânica (eg. folhas, troncos) provenientes de pulsos de inun<strong>da</strong>çõesfreqüentes nos períodos chuvosos.Uso histórico <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>deO primeiro mapa <strong>da</strong> Lapa do Mosquito foi feito por Peter Lund e AndreasBrandt. A Lapa do Mosquito foi local de escavação <strong>da</strong>quele que é consideradoo pai <strong>da</strong> Paleontologia brasileira, Peter Lund. Entre os anos de 1830 e 1840Lund retirou <strong>da</strong> Lapa do Mosquito centenas de peças fósseis <strong>da</strong> megafauna doPleistoceno. Naquela oportuni<strong>da</strong>de foi monta<strong>da</strong> na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna to<strong>da</strong>uma infra-estrutura <strong>para</strong> a manutenção <strong>da</strong> equipe de escavação. Foramconstruídos currais <strong>para</strong> os animais que carregavam as cargas, áreas <strong>para</strong>depósito de materiais, área <strong>para</strong> o preparo <strong>da</strong> alimentação e locais deprocessamento do material retirado <strong>da</strong> caverna (Figura 3). Assim, a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>Lapa do Mosquito sofreu uma possível desestruturação na sua condiçãooriginal quando dos trabalhos desenvolvidos há mais de 150 anos e ain<strong>da</strong> hojeé possível encontrar material abandonado pela equipe.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>16


Figura 3a: Desenho <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito feito por Brant durante as escavações <strong>da</strong>equipe de Peter Lund na caverna.Figura 3b: Foto atual <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>17


4 – Materiais e métodos4.1 – Levantamento de <strong>da</strong>dosO estudo foi realizado no período de chuvas, entre janeiro e abril de2004. A detecção de padrões espaciais na distribuição <strong>da</strong>s espécies deartrópodes de solo e <strong>da</strong>s características ambientais na Lapa do Mosquitodependem de um mapeamento detalhado de to<strong>da</strong> a área <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, focoprincipal deste estudo. A fim de possibilitar o uso de métodos de análisesespaciais, uma rede de quadrículas de 4m² foi traça<strong>da</strong> no piso por to<strong>da</strong> a áreapróxima à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, incluindo o ambiente epígeo (figura 4 e figura 5).A quadriculação se estendeu no ambiente hipógeo até o ponto em que aluminosi<strong>da</strong>de atingiu o valor de 0 Lux. Como isto ocorreu a 68m de distância <strong>da</strong>entra<strong>da</strong>, to<strong>da</strong> a área interna localiza<strong>da</strong> entre a entra<strong>da</strong> e os primeiros 68 metros<strong>da</strong> caverna foi quadricula<strong>da</strong>.Uma amostragem <strong>da</strong>s variáveis bióticas e abióticas no ambiente epígeoera fun<strong>da</strong>mental <strong>para</strong> a identificação e compreensão <strong>da</strong>s peculiari<strong>da</strong>des naregião <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna. No entanto, uma quadriculação em uma grandeárea externa inviabilizaria o estudo, uma vez que a quanti<strong>da</strong>de de organismosencontrados e de quadrículas necessitaria de um tempo muito extenso <strong>para</strong>seu processamento. A fim de viabilizar o estudo, era necessário um desenhoamostral que permitisse a coleta em uma grande área externa, mas quereduzisse o número de quadrículas. Assim, foram traçados 5 raios de 20m apartir do ponto central <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, sendo um a 0° (perpendicular àlinha <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>) e outros quatro a 30°, 60°, 300° e 330°. Nestes raios foramtraçados transectos de quadrículas, sendo que o transecto localizado no raiode 0° tinha largura de 8m (4 quadrículas), os de raio 30° e 330°, largura de 6m(3 quadrículas) e os de raio 60° e 300°, largura de 4m (2 quadrículas). OComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>18


começo <strong>da</strong> caverna foi definido a partir <strong>da</strong> linha de gotejamento (“dripline”), queé forma<strong>da</strong> a partir do gotejamento proveniente <strong>da</strong> rocha localiza<strong>da</strong> acima <strong>da</strong>entra<strong>da</strong>.Ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quadrículas recebeu uma identificação numérica. Foramtraça<strong>da</strong>s 294 quadrículas no interior <strong>da</strong> caverna e 124 na área externa,totalizando 418 quadrículas.0m10mFigura 4: Croqui esquemático <strong>da</strong> área de estudo, mostrando as quadrículas numera<strong>da</strong>s naárea interna e externa <strong>da</strong> cavernaComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>19


Figura 5: Área quadricula<strong>da</strong> próxima à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito4.1.1 – Variáveis abióticasEm ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quadrículas foram medi<strong>da</strong>s a temperatura e umi<strong>da</strong>decom auxílio de termo-higrômetro, a luminosi<strong>da</strong>de com um luxímetro e,finalmente, a estrutura do habitat. Para medir esta variável, ca<strong>da</strong> quadrícula de4m² foi dividi<strong>da</strong> em 100 parcelas de 400cm². Ca<strong>da</strong> uma destas parcelas foiclassifica<strong>da</strong> de acordo com o substrato predominante: clastos, terra, rocha,Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>20


serapilheira, tronco, guano, árvore, espeleotema e raiz (Figura 6). Assim, foipossível uma estimativa de porcentagem de cobertura de ca<strong>da</strong> quadrícula de4m² por ca<strong>da</strong> tipo de substrato. Isto permitiu também uma estimativa <strong>da</strong>porcentagem de cobertura de ca<strong>da</strong> quadrícula por matéria orgânica em geral,sendo esta a soma de guano, raízes, serapilheira, troncos e árvores.Figura 6: Divisão e contagem do tipos de substrato em ca<strong>da</strong> parcelas de 400 cm². Em a)pode-se notar terra e clastos e em b) serapilheira, terra e clastos.A diversi<strong>da</strong>de estrutural do habitat foi obti<strong>da</strong> a partir do índice dediversi<strong>da</strong>de de Shannon,cH’= -Σ pi ln(pi)ionde C é o número de categorias (tipos de cobertura) e pi é a proporção <strong>da</strong>categoria i na amostra.A que<strong>da</strong> de uma árvore que encobriu 37 quadriculas na área externaimpossibilitou as medições de estrutura de habitat neste local (Figura 7).Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>21


abFigura 7: Gameleira localiza<strong>da</strong> na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito: a) de pé e b) após tombarsobre a área de estudo.4.1.2 – Amostragem de artrópodes de soloEm ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quadrículas foi feita uma busca minuciosa por todosos artrópodes presentes e, com o auxílio de pinças e pincéis, foram coletadostodos aqueles não identificados no local. Aquelas espécies identifica<strong>da</strong>s nomomento <strong>da</strong> coleta eram apenas conta<strong>da</strong>s e um indivíduo era coletado comotestemunho. Todos os organismos coletados eram colocados dentro de vidroscontendo álcool 70% e identificados com o número de ca<strong>da</strong> quadrícula.Na área externa <strong>da</strong> caverna as buscas foram direciona<strong>da</strong>s a ambientescom características microclimáticas semelhantes às do ambiente cavernícola,como debaixo de pedras e troncos.Em laboratório todos os organismos coletados foram identificados até omenor nível taxonômico possível e se<strong>para</strong>dos em morfoespécies. Pelaimpossibili<strong>da</strong>de de identificação <strong>da</strong>s larvas e seus respectivos adultos, to<strong>da</strong>s aslarvas foram considera<strong>da</strong>s morfoespécies à parte.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>22


Todos os organismos coletados estavam de acordo com a licençaforneci<strong>da</strong> pelo IBAMA/CECAV (n° 02015.02006.212003-55) <strong>para</strong> a realizaçãodesta pesquisa.4.1.3 – <strong>Distribuição</strong> <strong>espacial</strong> <strong>da</strong>s variáveis bióticas e abióticasMapas com a distribuição de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s espécies mais freqüentes e<strong>da</strong>s variáveis abióticas foram confeccionados com o auxílio do programaBoun<strong>da</strong>rySeer versão 1.2.0 (TerraSeer Inc.‟s Software for GeographicBoun<strong>da</strong>ry Analysis, http://www.terraseer.com). As cores em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>squadrículas simbolizam o valor <strong>da</strong> variável mapea<strong>da</strong>, correspondendo tonsclaros a baixos valores e escuros a altos valores. Como os valores deluminosi<strong>da</strong>de eram muito discrepantes, desde valores muito elevados a valoresmuito baixos, estes foram logaritmizados (ln) e depois multiplicados por 10 <strong>para</strong>permitir seu mapeamento.4.2 – Análises4.2.1 – Análise de Grupos Restrita Espacialmente - AGREA divisão em zonas climáticas, tipos predominantes de habitat e deespécies de artrópodes na comuni<strong>da</strong>de foi feita através de Análise de GruposRestrita Espacialmente - AGRE. A análise de agrupamentos tradicional(“Cluster analysis”) une objetos basea<strong>da</strong> na proximi<strong>da</strong>de dos valores <strong>da</strong>svariáveis (similari<strong>da</strong>de), independentemente de sua localização <strong>espacial</strong>. Já aAGRE leva em consideração também a posição <strong>espacial</strong> do ponto em relaçãoa um grupo. Assim, este ponto fará parte do grupo apenas se estiver<strong>espacial</strong>mente próximo a este. Pontos distantes <strong>espacial</strong>mente, mesmo queComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>23


com valores similares ao grupo, não farão parte dele. A AGRE identifica, assim,áreas com relativa homogenei<strong>da</strong>de, produzindo mapas com grupos fechados.Algoritmos de ligaçãoEm análises de agrupamentos, inicialmente ca<strong>da</strong> elementos representaum grupo, e a distância entre os elementos é obti<strong>da</strong> pela medi<strong>da</strong> de distânciadefini<strong>da</strong>, como o índice de Bray-Curtis, por exemplo. No entanto, a medi<strong>da</strong> quevários elementos são ligados e reunidos em grupos é necessária uma regraque defina quando dois grupos, sejam eles compostos de um único elementosou vários, são suficientemente similares <strong>para</strong> serem unidos em um mesmogrupo (Legendre e Legendre 1998).Existem diferentes algoritmos que definem como devem ser conectadosos diferentes grupos. O algoritmo de ligação simples (Single Linkage), tambémchamado de “vizinho mais próximo”, une dois grupos desde que quaisquer doiselementos presentes nestes sejam mais próximos entre si do que de outrosgrupos. O algoritmo de Ligação completa (Complete linkage) une dois gruposdesde que a distância entre os dois elementos mais distantes destes gruposseja menor do que a maior distância destes elementos em relação aos deoutros grupos. No presente estudo a ligação completa não seria a maisadequa<strong>da</strong> por ser muito restritiva, o que poderia levar a um número muitogrande de pequenos grupos, sendo de difícil interpretação. A ligação simplestampouco era adequa<strong>da</strong> por ser muito flexível, o que geraria grupos muitoheterogêneos e pouco informativos.Assim, um terceiro algoritmo, de ligação intermediária, que permitequalquer escolha entre a ligação simples e a ligação completa, foi utilizado.Optou-se por uma ligação próxima <strong>da</strong> completa, a fim de obter gruposComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>24


epresentativos e informativos. Enfatizou-se assim a importância <strong>da</strong> construçãode grupos coesos, com menor variabili<strong>da</strong>de entre os objetos de um mesmogrupo.As distâncias entre os pares de amostras foram calcula<strong>da</strong>s usando-se oíndice de similari<strong>da</strong>de de Bray-Curtis abaixo:B =p2Σmin(z’ i – z” i )I=ip pΣz’ i + Σz” ii=i i=1Onde p representa o número de categorias, Z‟ i é o valor <strong>da</strong> categoria ino primeiro ponto, e Z” i é o valor <strong>da</strong> categoria i no segundo ponto. O índice deBray-Curtis, também chamado de Sørensen quantitativo, tem a vantagem deser auto-normalizante, onde os valores variam de 0 a 1.Definição do número de gruposUm problema recorrente em análises de agrupamentos é a decisão dequantos grupos devem ser divididos seus <strong>da</strong>dos. Várias estratégias <strong>para</strong>definição do número ideal de grupos ou de número ideal de elementos em ca<strong>da</strong>grupo existem (Fraley e Raftery, 1998). Para estimar o número ideal de grupos<strong>para</strong> a análise usou-se o índice de Gordon (Fortin e Dale 2005):G(k) = [B/(k-1)] / [W/(n-k)]onde B é a variância inter-grupo, W é a variância intra-grupo, k é onumero de grupos e n é o número de pontos.O método inicia-se com k grupos pré-determinados e, a partir <strong>da</strong>í,realoca-se os elementos entre os diferentes grupos com o objetivo deComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>25


minimizar as diferenças dentro de um mesmo grupo e de maximizar a diferençaentre os grupos.Definiu-se que o índice seria aplicado sobre grupos entre 3 e 30, umavez que mais de 30 grupos poderia tornar a interpretação difícil e poucoinformativa. Após aplicar o índice, um gráfico de dispersão foi gerado com umvalor obtido pelo índice <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> conjunto de grupos definido. Os conjuntos degrupos que têm maior valor obtido pelo índice são os mais indicados <strong>para</strong> aanálise de agrupamento. A fim de minimizar a presença de grupos compostospor uma quadrícula optou-se pelo menor número de agrupamentos dentreaqueles que geraram picos a partir do índice de Gordon.Para viabilizar a análise <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de de artrópodes por AGRE foramconsidera<strong>da</strong>s apenas aquelas espécies presentes em pelo menos 10% <strong>da</strong>squadrículas, ou seja em mais de 41 quadrículas. Assim, procurou-se restringir aanálise às espécies mais freqüentes no ambiente epígeo e hipógeo. Adicionouseas larvas de formiga-leão (Myrmeleonti<strong>da</strong>e) às demais espécies por ser estaum possível filtro biológico <strong>da</strong> zona de entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.As AGRE foram realiza<strong>da</strong>s usando-se o programa Boun<strong>da</strong>ry-Seer(versão 1.2.0), TerraSeer Inc.‟s Software for Geographic Boun<strong>da</strong>ry Analysis(http://www.terraseer.com).4.2.2 – Matriz de Similari<strong>da</strong>deUtilizando-se a metodologia modifica<strong>da</strong> a partir de Prous et al. (2004),definiu-se os limites <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des <strong>epígea</strong> e <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> nointerior <strong>da</strong> Lapa do Mosquito. O método original consiste em com<strong>para</strong>r asespécies presentes em setores eqüidistantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, o quepermite uma delimitação do ecótone na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>26


No presente trabalho dois setores de referência foram definidos <strong>para</strong> setraçar a similari<strong>da</strong>de entre estes e os demais setores. Ca<strong>da</strong> setor consiste naárea compreendi<strong>da</strong> pelas quadrículas de uma mesma linha a uma determina<strong>da</strong>distância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>. Ou seja, to<strong>da</strong>s as quadrículas eqüidistantes em linha reta<strong>da</strong> entra<strong>da</strong> fazem parte de um mesmo setor.Os dois setores de referência são o mais externo, com a menorinfluencia possível do ambiente hipógeo, e o setor localizado no início <strong>da</strong>caverna (logo abaixo <strong>da</strong> linha de gotejamento – setor de entra<strong>da</strong>). Paraidentificar a presença de organismos epígeos na caverna, foi com<strong>para</strong><strong>da</strong> asimilari<strong>da</strong>de entre a fauna do setor de referência externo com a dos demaissetores. Já a similari<strong>da</strong>de entre a fauna presente no setor de referência <strong>da</strong>entra<strong>da</strong> e demais setores <strong>da</strong> caverna foi usa<strong>da</strong> <strong>para</strong> delimitar a distribuição <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>.Para determinar a similari<strong>da</strong>de entre os setores foi empregado o índicede Sørensen qualitativo, S = 2c/a+b, onde c é o número de espécies comuns aambas as amostras (setores), a é o número total de espécies na amostra A, b éo número total de espécies na amostra B. O índice de Sørensen qualitativo levaem conta apenas a presença ou ausência <strong>da</strong>s espécies, não importando suaabundância. Uma vez que buscava-se apenas a similari<strong>da</strong>de quanto àpresença de espécies, este índice foi mais adequado que um quantitativo.A matriz foi feita usando-se o programa BioDiversity Pro (The ScottishAssociation for Marine Science, http://www.sams.ac.uk/index.htm) e os valoresforam expressos em porcentagem de similari<strong>da</strong>de.4.2.3 – Riqueza e Diversi<strong>da</strong>deComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>27


A riqueza e diversi<strong>da</strong>de foram calcula<strong>da</strong>s <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> setor definido comodescrito <strong>para</strong> a matriz de similari<strong>da</strong>de. A diversi<strong>da</strong>de foi calcula<strong>da</strong> usando-se oíndice de Shannon.4.2.4 – Relações entre as variáveis ambientais e espéciesAs relações entre as diferentes variáveis ambientais, assim como asrelações entre algumas <strong>da</strong>s espécies mais abun<strong>da</strong>ntes e as variáveisambientais foram analisa<strong>da</strong>s através de regressões lineares múltiplas (Zar1986).5 – Resultados5.1 – Variáveis ambientaisA luminosi<strong>da</strong>de medi<strong>da</strong> em ca<strong>da</strong> quadrícula variou em um gradiente demaior luminosi<strong>da</strong>de fora e menor dentro. A luminosi<strong>da</strong>de atingiu valor de 0 Luxa aproxima<strong>da</strong>mente 68 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito. Deste pontoaté o exterior foi possível identificar um aumento gra<strong>da</strong>tivo, sendo que na boca<strong>da</strong> caverna a luminosi<strong>da</strong>de teve valores bem similares àqueles de pontosexternos (maiores que 2000 Lux ) (Figura 8).A temperatura média no interior <strong>da</strong> caverna (19,8°C) foi inferior à externa(26,6°C). Uma evidente tendência à constância <strong>da</strong> temperatura foi observa<strong>da</strong>nas porções mais distantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, (variando de 18°C a22°C)de enquanto que o ambiente externo mostrou uma grande amplitudetérmica até mesmo entre quadrículas próximas (variando de 21°C a 35°C)(Figura 9a). A umi<strong>da</strong>de exibiu um padrão inverso à temperatura, sendo maiseleva<strong>da</strong> no interior <strong>da</strong> caverna (média de 63%) e baixa na região externaComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>28


(média de 50%). A zona localiza<strong>da</strong> entre 20 e 40 metros no interior <strong>da</strong> cavernateve a maior umi<strong>da</strong>de relativa do ar (média de 73%). Nesta região haviapequenas poças de água forma<strong>da</strong>s a partir de água de percolação que gotejamconstantemente (Figura 9b).Todo o ambiente epígeo e a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna tiveram diversi<strong>da</strong>de dehabitat mais elevados que o interior <strong>da</strong> caverna e valores próximos. Após 30metros de distância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, a diversi<strong>da</strong>de de habitat teve uma que<strong>da</strong>,atingindo valores mais baixos a partir dos 40 metros (Figura 10a). A matériaorgânica (MO) encontra<strong>da</strong> nas quadrículas externas foi principalmentecomposta por serapilheira, alguns troncos caídos e poucos troncos de árvores.To<strong>da</strong>s as quadrículas externas tiveram parte de sua superfície coberta por MO,variando de 30% a 98% de cobertura (Figura 10b).Internamente poucas manchas de matéria orgânica foram encontra<strong>da</strong>s.Duas quadrículas se destacaram por ter 40% e 58% de sua superfície cobertapor guano de morcegos hematófagos (Figura 11a). As demais quadrículasapresentaram apenas uma pequena porcentagem de sua superfície cobertapor MO, em geral raízes ou pequenos troncos. Na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna umgrande número de quadrículas ain<strong>da</strong> estava coberto por serapilheira trazi<strong>da</strong> porvento ou gravi<strong>da</strong>de a partir do ambiente externo, facilitado por um acentuadodeclive causado pelos blocos de abatimento (Figura 11b).O vento é um veículo pouco eficiente quanto à distância de transporte departículas grandes, assim a maior parte desta matéria orgânica está localiza<strong>da</strong>logo nos primeiros metros <strong>da</strong> caverna, onde há um grande declive. Após 10m<strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, os recursos alimentares tornam-se escassos restando apenasalguns poucos troncos, raízes e pequenas e manchas de guano jáComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>29


depaupera<strong>da</strong>s. A maior parte <strong>da</strong> matéria orgânica presente no interior <strong>da</strong> Lapado Mosquito parece ser importa<strong>da</strong> através do córrego localizado em umasegun<strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, ou via terrestre, na forma de fezes de morcego. Assim, aentra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, apesar de grande, é um ambiente pobre emmatéria orgânica quando com<strong>para</strong>do ao ambiente epígeo, pois a maior parte dorecurso alimentar que entra ou está restrito aos primeiros metros <strong>da</strong> caverna ousão transportados diretamente às regiões mais distantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> pelosmorcegos.Os substratos predominantes no piso <strong>da</strong> caverna foram terra e clastos.As quadrículas situa<strong>da</strong>s a mais de 30 metros de distancia <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> eramquase que inteiramente cobertas por terra, enquanto que aquelas localiza<strong>da</strong>spróximas <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> (de 0 a 30 metros <strong>da</strong> caverna) tinham uma grandequanti<strong>da</strong>de de clastos recobrindo o piso (Figura 12a e 12b).As regressões demonstraram relação significativa positiva entreluminosi<strong>da</strong>de e temperatura (r 2 = 0,4821; p = 0,0000) e relação significativanegativa entre temperatura e umi<strong>da</strong>de (r 2= 0,6302; p = 0,0000) entre asvariáveis climáticas de temperatura, umi<strong>da</strong>de e luminosi<strong>da</strong>de (Figuras 13 e 14).Houve relação significativa negativa entre umi<strong>da</strong>de e luminosi<strong>da</strong>de, porém aporcentagem <strong>da</strong> variação dos <strong>da</strong>dos explicados pela regressão foi muito baixa(r 2 = 0,1679; p = 0,0000).Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>30


Luminosi<strong>da</strong>de (ln Lux x 10)Figura 8: Mapa <strong>da</strong> luminosi<strong>da</strong>de (ln Lux X 10).Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>31


Temperatura (°C)Umi<strong>da</strong>de (%)abFigura 9: Mapas <strong>da</strong> a) temperatura (°C) e b) umi<strong>da</strong>de relativa do ar (%).Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>32


aDiversi<strong>da</strong>de de habitat (H‟ x 100)b% de cobertura de MOTFigura 10: Mapas <strong>da</strong> a) diversi<strong>da</strong>de de habitat (H’) e b) cobertura por matéria orgânica total (guano, raízes, serapilheira e troncos).Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>33


Guano (% de cobertura)Serapilheira (% de cobertura)abFigura 11: Mapas indicando porcentagem de cobertura de ca<strong>da</strong> quadrícula pelos diferentes substratos: a) Guano, b) Serapilheira.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>34


Terra (% de cobertura)Clastos (% de cobertura)abFigura 12: Mapas indicando a porcentagem de cobertura de ca<strong>da</strong> quadrícula pelos diferentes substratos: a) Terra, b) Clastos..Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>35


36r 2 = 0.4821; p = 00.0000; y = 18.0783486 + 0.855173697*x343230Temperatura (°C)2826242220180 2 4 6 8 10 12Luminosi<strong>da</strong>de (ln Lux)Figura 13: Regressão linear simples entre temperatura e luminosi<strong>da</strong>de.80r 2 = 0.6302; p = 00.0000; y = 106.134866 - 2.15486605*x70Umi<strong>da</strong>de (%)6050403018 20 22 24 26 28 30 32 34 36Temperatura (°C)Figura 14: Regressão linear simples entre umi<strong>da</strong>de e temperatura.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>36


5.2 – Principais grupos faunísticos encontradosAo todo foram encontrados 12.438 indivíduos, distribuídos em 483morfoespécies (Apêndice 1) dos seguintes taxa: Araneae (96 spp), Acari (28spp), Pseudoscorpiones (5 spp), Opiliones (4 spp), Palpigradi (1 sp), Isopo<strong>da</strong> (2spp), Coleoptera (97 spp), Collembola (20 spp), Dermaptera (1 sp), Dictyoptera(9 spp), Diplura (4 spp), Diptera (49 spp), Ephemeroptera (1 sp), Heteroptera(17 spp), Homoptera (12 spp), Hymenoptera (62 spp), Isoptera (2 spp),Lepidoptera (24 spp), Neuroptera (1 sp), Orthoptera (5 spp), Psocoptera (19spp), Thysanoptera (2 spp), Diplopo<strong>da</strong> (8 spp), Chilopo<strong>da</strong> (7 spp), Symphyla (2spp), Pauropo<strong>da</strong> (2 spp), Platyhelminthes (1 sp), Oligochaeta (1 sp) e Hirudinea(1 sp).Dos aracnídeos, Araneae foi a ordem com maior riqueza, com 96morfoespécies distribuí<strong>da</strong>s em pelo menos 27 famílias. Theridii<strong>da</strong>e foi a famíliacom maior riqueza, 27 morfoespécies, enquanto que as espécies maisabun<strong>da</strong>nte foram Loxosceles similis (n = 3.439) (Sicarii<strong>da</strong>e) e Oecobius navus(n = 1.927) (Oecobi<strong>da</strong>e).Já entre os insetos, a ordem com maior riqueza foi Coleoptera, com 97morfoespécies distribuí<strong>da</strong>s em, no mínimo, 18 famílias. A família com maiorriqueza foi Staphylini<strong>da</strong>e, com 37 morfoespécies, e a morfoespécie maisabun<strong>da</strong>nte foi uma larva de Tenebrioni<strong>da</strong>e (95 indivíduos).A grande maioria <strong>da</strong>s espécies foi encontra<strong>da</strong> em menos de 40quadrículas amostra<strong>da</strong>s, sendo que apenas 20 estavam presentes em pelomenos 10% <strong>da</strong>s quadrículas. Estas espécies são: Loxosceles similis (287quadrículas), Oecobius navus (212 quadrículas), Zelurus sp1 (180 quadrículas),Tinei<strong>da</strong>e larva sp1 (126 quadrículas), Psylipsoci<strong>da</strong>e sp2 (121 quadrículas),Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>37


Pholci<strong>da</strong>e sp1 (109 quadrículas), Theridii<strong>da</strong>e sp5 (90 quadrículas), Tinei<strong>da</strong>esp1 (76 quadrículas), Pseudoescorpiones sp3 (69 quadrículas), Entomobryi<strong>da</strong>esp1 (64 quadrículas), Coleoptera larva sp1 (59 quadrículas), Acarina sp1 (57quadrículas), Polyxeni<strong>da</strong> sp2 (53 quadrículas), Psocoptera sp2 (50quadrículas), Acarina sp7 (49 quadrículas), Milichii<strong>da</strong>e sp1 (47 quadrículas),Opiliones sp1 (46 quadrículas), Formici<strong>da</strong>e sp5 (44 quadrículas), Acarina sp10(42 quadrículas) e Campodei<strong>da</strong>e sp1 (42 quadrículas).5.3 – Análise de Grupos Restrita EspacialmenteNúmero de agrupamentosA partir dos gráficos gerados pelo índice de Gordon, escolheu-se 8grupos como divisão ideal <strong>para</strong> a estrutura de habitat, 14 grupos <strong>para</strong> acomuni<strong>da</strong>de de artrópodes,6 grupos <strong>para</strong> luminosi<strong>da</strong>de e 7 grupos <strong>para</strong>temperatura e umi<strong>da</strong>de.5.3.1 – Luminosi<strong>da</strong>deO mapa de agrupamentos apresenta seis grupos de luminosi<strong>da</strong>de naLapa do Mosquito (Figura 15a). O grupo 1 tem uma luminosi<strong>da</strong>de média de77,79 ln Lux x 10 e é uma grande área composta por 235 elementos que une aárea externa e o início <strong>da</strong> cavi<strong>da</strong>de, onde ain<strong>da</strong> existe uma incidência direta deluz (zona eufótica). O grupo 2 é composto de 95 elementos com luminosi<strong>da</strong>demédia de 31,67 ln Lux x 10 e está disposto logo após o primeiro grupo,seguindo no conduto principal <strong>da</strong> caverna, região que recebe luz refleti<strong>da</strong> <strong>da</strong>zona eufótica. Os grupos 3 e 4 são compostos por 38 e 45 elementos e têmluminosi<strong>da</strong>de média de 0,47 e 1,83 ln Lux x 10 respectivamente, sendo queapenas algumas quadrículas têm luminosi<strong>da</strong>de em intensi<strong>da</strong>de muito baixa, eComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>38


as demais afóticas. Apesar de seus valores muito próximos, os grupos 3 e 4não podem ser fundidos por estarem se<strong>para</strong>dos <strong>espacial</strong>mente pelo grupo 2. Ogrupo 5 é uma única quadrícula que teve uma luminosi<strong>da</strong>de de 7 ln Lux x 10 eo grupo 6 é composto por 4 quadrículas com luminosi<strong>da</strong>de zero.5.3.2 – Estrutura de habitatO mapa <strong>da</strong> AGRE de estrutura de habitat é dividido em 8 grupos (Figura15b). O grupo 1 é composto por 98 quadrículas localiza<strong>da</strong>s principalmente nomeio externo à caverna, conseqüentemente o substrato mais abun<strong>da</strong>nte éserapilheira. O grupo 2 tem 66 quadrículas que se estendem desde a entra<strong>da</strong> aaté aproxima<strong>da</strong>mente 30 metros no interior <strong>da</strong> caverna. O substratopredominante no agrupamento são clastos, resultado dos abatimentosocorridos na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna. O grupo 3 é o maior dos agrupamentos,composto por 184 quadrículas. As quadrículas deste grupo englobampraticamente to<strong>da</strong> a área quadricula<strong>da</strong> interna a partir dos 30 metros dedistância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna. As quadrículas são cobertas principalmentepor terra.Os grupos 4, 5 e 8 são pequenos grupos de 3, 2 e 1 quadrículas, sendoseus substratos predominantes rocha, serapilheira e clastos respectivamente.Os grupos 6 e 7 são grupos de 14 e 13 quadrículas onde terra e espeleotemapredominam.De maneira geral, é possível distinguir três grandes áreas quanto àestrutura do habitat, uma predominantemente coberta por serapilheira (grupo 1)e localiza<strong>da</strong> no ambiente externo, outra coberta por clastos (grupo 2),Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>39


localiza<strong>da</strong> na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, e outra com substrato predominantementeterroso (grupo 3) localiza<strong>da</strong> no interior <strong>da</strong> caverna (Tabela 1).Tabela 1: Porcentagem média de cobertura de uma quadrícula por ca<strong>da</strong> tipo de estrutura e número dequadrículas em ca<strong>da</strong> agrupamento.Grupo Nº quadriculas Árvore Espeleotema Serapilheira Guano Clasto Raiz Rocha Terra Tronco1 98 3,0 0,0 61,6 0,0 32,3 4,2 6,0 11,7 6,32 66 0,0 28,6 26,2 0,0 64,7 0,0 28,3 22,8 5,73 184 0,0 12,6 40,0 8,3 12,0 5,6 15,0 84,4 2,64 3 0,0 0,0 22,7 0,0 17,0 0,0 69,5 13,5 15,05 2 0,0 46,0 63,0 0,0 14,0 0,0 0,0 0,0 0,06 14 0,0 37,9 6,0 0,0 21,7 0,0 31,0 50,3 3,87 13 0,0 64,3 3,0 5,0 14,8 0,0 0,0 33,5 1,08 1 0,0 0,0 0,0 0,0 85,0 0,0 0,0 15,0 0,05.3.3 – EspéciesDos quatorze grupos obtidos a partir <strong>da</strong>s espécies determina<strong>da</strong>s, trêsgrupos se destacam (Figura 15c). O maior deles é composto por 166quadrículas e se estende desde o ambiente epígeo até o hipógeo, a umadistância de aproxima<strong>da</strong>mente 50 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>. Neste grande grupo, aespécie predominante é Loxosceles similis (abundância média de 19,62indivíduos por quadrícula), seguido de Diptera larva sp3 e Oecobius navus,com abundância média de 7,63 e 7,18 indivíduos por quadrícula,respectivamente.O segundo maior grupo tem 153 quadrículas e está na caverna. Nestegrupo, a espécie predominante é O. navus (abundância média de 10,52indivíduos por quadrícula), seguido de Entomobryi<strong>da</strong>e sp1 e L. similis, comabundância média de 9,71 e 7,23 indivíduos por quadrícula, respectivamente.O terceiro grande grupo é composto por 56 quadrículas distribuí<strong>da</strong>sentre o ambiente epígeo e a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna. Este grupo possui apenasuma espécie que se destaca em abundância, Myrmeleonti<strong>da</strong>e sp1 (abundânciamédia de 6,0 indivíduos por quadrícula).Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>40


Os demais agrupamentos são de no máximo 13 quadrículas, sendo quevários destes são compostos apenas por uma quadrícula. Estes grupos de umaquadrícula em geral se diferenciam <strong>da</strong>quele pelo qual está rodeado por possuiruma abundância eleva<strong>da</strong> de uma determina<strong>da</strong> espécie.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>41


31213a b c2Figura 15: Grupos obtidos a partir <strong>da</strong>s AGRE e os fatores principais de ca<strong>da</strong> grupo: a) Luminosi<strong>da</strong>de; b) Diversi<strong>da</strong>de de habitat: 1-serapilheira, 2 – clastos, 3 - terra; e c) Comuni<strong>da</strong>de de artrópodes: 1 – L.similis, 2 - O. navus, 3 – Myrmeleonti<strong>da</strong>eComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>42


5.4 – Delimitação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>5.4.1 – Similari<strong>da</strong>deA similari<strong>da</strong>de entre o setor de referência externo e demais setores eentre o de referência <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> e demais setores <strong>da</strong> caverna está apresenta<strong>da</strong>na Figura 16.A similari<strong>da</strong>de entre a fauna do setor de referência externo e demaissetores diminui lentamente até a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna. A partir <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong>caverna há uma que<strong>da</strong> brusca nos valores de similari<strong>da</strong>de, atingindo valoresmuito baixos a partir de 10 metros no interior <strong>da</strong> caverna. Os valores desimilari<strong>da</strong>de entre o setor de referencia externo e os setores localizados entre10 metros e 36 metros no interior <strong>da</strong> caverna oscilam entre 0% a 2,75%.Quando com<strong>para</strong>do com os setores distantes a mais de 36 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong><strong>da</strong> caverna, a similari<strong>da</strong>de entre o setor de referência é zero. Assim, a partir de38 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna não há representantes <strong>da</strong>s espécies no setorde referência externo.A fauna presente no setor de referência <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> tem similari<strong>da</strong>de comtodos os demais setores cavernícolas. Inicialmente, a similari<strong>da</strong>de diminuigra<strong>da</strong>tivamente de 26,39% quando com<strong>para</strong>do com o setor a 4 metros <strong>da</strong>entra<strong>da</strong>, a até 10,53% no setor localizado a 36 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna.A similari<strong>da</strong>de entre o primeiro setor <strong>da</strong> caverna (setor de entra<strong>da</strong>) e os setoreslocalizados a partir de 38 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> exibe uma tendência àestabilização dos valores, que flutuaram entre 5,17% e 9,62%. Estes últimosvalores não atingiram zero principalmente pela presença de L. similis, Zelurussp. e O. navus, em quase to<strong>da</strong>s as quadrículas amostra<strong>da</strong>s.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>43


Sobrepondo-se os valores de similari<strong>da</strong>de do setor de referência externocom os demais e os valores de similari<strong>da</strong>de do setor de referência <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>com os demais percebe-se uma congruência na posição onde as similari<strong>da</strong>desatingem seus valores mais baixos. Ou seja, a partir de 38 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> éobserva<strong>da</strong> uma ausência de espécies <strong>epígea</strong>s, além <strong>da</strong> ausência de espécieslocaliza<strong>da</strong>s na entra<strong>da</strong>, exceção feita a algumas espécies presentes em todo oambiente cavernícola. Assim, a comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquitocorresponde à zona compreendi<strong>da</strong> entre 0 metros e 38 metros a partir <strong>da</strong>entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna (Figura 16). A comuni<strong>da</strong>de <strong>epígea</strong> esta na área externa e acomuni<strong>da</strong>de hipógea após os 38 metros iniciais <strong>da</strong> caverna.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>44


Distância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> (m)Índice de Similari<strong>da</strong>de de Sorensen (%)2018 37,6916 37,8014 29,7912 34,3110 31,548 26,816 22,864 23,482 18,64-2 11,61-4 26,39 6,35-6 26,47 6,61-8 15,87 3,57-10 15,52 0,92-12 13,79 1,87-14 11,67 0,92-16 9,09 0,00-18 5,88 0,00-20 13,79 1,87-22 13,04 1,68-24 9,62 0,00-26 8,51 0,00-28 7,81 2,75-30 10,00 1,03-32 11,48 1,83-34 12,28 0,94-36 10,53 1,92-38 5,26 0,00-40 8,93 0,00-42 5,17 0,00-44 5,88 0,00-46 6,12 0,00-48 5,77 0,00-50 5,77 0,00-52 5,88 0,00-54 5,77 0,00-56 5,77 0,00-58 5,88 0,00-60 9,62 0,00-62 5,66 0,00-64 9,26 0,00-66 7,41 0,00-68 6,90 0,00Figura 16: Similari<strong>da</strong>de (índice de Sorensen) entre o setor de referência externo (em azul) edemais setores, e entre o setor de referência interno (em verde) e demais setores <strong>da</strong> caverna.O setor em amarelo indica o setor final <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>45


Riqeza5.5 – Riqueza e Diversi<strong>da</strong>de de artrópodes por setorPadrões similares foram observados <strong>para</strong> riqueza e diversi<strong>da</strong>de nossetores. No interior <strong>da</strong> caverna os dois apresentaram baixos valorescom<strong>para</strong>dos aos do exterior. No entanto, na região localiza<strong>da</strong> na entra<strong>da</strong> háuma transição gradual entre os ambientes epígeo e hipógeo. Esta região detransição compreende aproxima<strong>da</strong>mente 20 metros, sendo 10 metros nacaverna e 10 metros no exterior.Pode-se observar uma certa estabili<strong>da</strong>de na riqueza nos setores internosmais distantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, que tinham valores variando entre 4 e 8espécies por setor. A partir dos 10 metros iniciais <strong>da</strong> caverna tem-se umaumento acentuado do número de espécies, chegando a 19 espécies no setorlocalizado a 8 metros no ambiente epígeo. Segue-se então uma que<strong>da</strong>acentua<strong>da</strong> no número de espécies, atingindo-se uma riqueza de 11 espéciesno setor mais externo, a 20 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna (Figura 17).20161284020100-10-20-30-40-50-60-70Distância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> (m)Figura 17: Riqueza média de espécies por quadrícula de ca<strong>da</strong> setor <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>46


Diversi<strong>da</strong>de (H')Assim como a riqueza, a diversi<strong>da</strong>de foi baixa e relativamente constantenos setores internos mais distantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, oscilando entre 0,6e 1,0. Já na zona <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, a partir dos primeiros 6m <strong>da</strong> caverna, há umacentuado aumento na diversi<strong>da</strong>de, atingindo um patamar de 1,8 no setorexterno localizado a 6 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>. Deste setor em diante a diversi<strong>da</strong>depermanece por volta de 1,8 até o ultimo setor externo, a 20 metros <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>(Figura 18).21,81,61,41,210,80,60,420100-10-20-30-40-50-60-70Distância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>Figura 18: Diversi<strong>da</strong>de de Shannon (H‟) nos setores <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.A regressão múltipla indicou relações significativas e positivas (r 2 =0,509;p=0,000) entre a riqueza nas quadriculas e diversi<strong>da</strong>de de habitat (=0,104),luminosi<strong>da</strong>de (=0,135) e temperatura (=0,419).5.6 – <strong>Distribuição</strong> <strong>da</strong>s espécies de artrópodes nos compartimentos epígeo,<strong>para</strong>-epígeo e hipógeoMuitas espécies (165) só foram encontra<strong>da</strong>s em uma quadrícula. Agrande maioria <strong>da</strong>s espécies (372 espécies ou 77%) se restringiu a apenas umcompartimento, sendo que 63% destas estavam presentes apenas noComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>47


compartimento epígeo, 15% no <strong>para</strong>-epígeo e 22% no hipógeo. Ao todo, 14espécies estavam presentes em todos os três compartimentos, 49 espéciesestavam presentes nos compartimentos epígeo e <strong>para</strong>-epígeo, 37 espécies noscompartimentos hipógeo e <strong>para</strong>-epígeo e 11 espécies estavam presentesexclusivamente no compartimento hipógeo e epígeo (Tabela 2, Apêndice 1).Tabela 2: Número de espécies encontra<strong>da</strong>s nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito.Hipógeo Para-epígeo Epígeo14493711* 11*2365582* Ao todo foram encontra<strong>da</strong>s 11 espécies em comumnos compartimentos hipógeo e epígeo5.7 – <strong>Distribuição</strong> <strong>da</strong>s 21 populações utiliza<strong>da</strong>s nas análises de agrupamentosTanto as larvas de Diptera sp3 (figura 22a) quanto Diplura sp2 (figura22b) foram encontra<strong>da</strong>s apenas no ambiente epígeo, sempre de baixo depedras. Já Formici<strong>da</strong>e sp5 foi encontra<strong>da</strong> no ambiente externo e alguns poucosindivíduos nos primeiros metros <strong>da</strong> caverna (figura 23a). Entomobryi<strong>da</strong>e sp1 foiobservado no ambiente epígeo, na área abrangi<strong>da</strong> pela comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong><strong>epígea</strong>(figura 27b), sendo que na zona <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, foram observados apenasem uma região onde existem pequenas poças de água forma<strong>da</strong>s pelogotejamento de água de percolação. Dípteros Milichii<strong>da</strong>e sp1 foram observadosexclusivamente no compartimento hipógeo, sendo que a grande maioria dosindivíduos foi encontra<strong>da</strong> em zonas afóticas (figura 28a).Os indivíduos de Myrmeleonti<strong>da</strong>e sp1 foram todos encontrados emquadrículas localiza<strong>da</strong>s nos metros iniciais <strong>da</strong> caverna (de 0 a 10 metros)Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>48


(figura 25a), área coberta por terra. As larvas de Tinei<strong>da</strong>e sp1 estavamdistribuí<strong>da</strong>s por to<strong>da</strong> a extensão <strong>da</strong> área amostra<strong>da</strong>. Na área externa, estãodistribuí<strong>da</strong>s de forma esparsa, enquanto que no interior <strong>da</strong> caverna as larvasestavam localiza<strong>da</strong>s principalmente na porção central do conduto principal(figura 28b). Os psocópteros Psyllipsoci<strong>da</strong>e sp1 foram todos encontradosapenas no interior <strong>da</strong> caverna, sendo observados inicialmente já na região<strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, aumentando sua abundância nas regiões mais distantes <strong>da</strong>entra<strong>da</strong> (figura 29b). Zelurus sp. foi encontrado exclusivamente no interior <strong>da</strong>caverna, sendo que sua maior abun<strong>da</strong>ncia registra<strong>da</strong> após a zona <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>,localiza<strong>da</strong> em uma região onde a superfície é coberta predominantemente porterra (figura 30b).Dos aracnídeos, Quase todos os indivíduos de Mesabolivar sp1(Pholci<strong>da</strong>e) foram encontrados nos compartimentos <strong>para</strong>-epígeo e epígeo, emgeral, associados a vãos de pedras ou à parede <strong>da</strong> caverna (figura 26a).Theridii<strong>da</strong>e sp5 é uma aranha pequena (1 cm aproxima<strong>da</strong>mente) queencontra<strong>da</strong> principalmente na área externa, sendo que apenas alguns poucosindivíduos ocorriam nos primeiro 4 metros <strong>da</strong> caverna (figura 26b). Em geral,estas aranhas foram encontra<strong>da</strong>s em pedras ou em espaços e fissuras <strong>da</strong>smesmas. A distribuição de Oecobius navus (Oecobi<strong>da</strong>e) também se restringiuao interior <strong>da</strong> caverna. Foi observa<strong>da</strong> uma distribuição mais uniforme por to<strong>da</strong>a área quadricula<strong>da</strong>, com um aumento na abundância na região hipógea (figura29a). A população de aranhas-marrons (L. similis) praticamente se restringiu aoambiente cavernícola, sendo poucos indivíduos encontrados no ambienteepígeo. Apesar de presente em quase to<strong>da</strong> a caverna, L. similis foi encontra<strong>da</strong>Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>49


em maior abundância na região <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> (figura 30a), zona com maiorconcentração de clastos no ambiente.Pseudoscorpiones sp3 foi encontrado exclusivamente no ambienteepígeo, tendo ocorrido indivíduos por quase to<strong>da</strong> a área externa amostra<strong>da</strong>(figura 23a), distribuição bem similar à de Opiliones sp1 (figura 25b). Entre osácaros, Acarina sp7 (figura 24a) e Acarina sp 10 (figura 24b) foramencontrados principalmente no ambiente externo, enquanto Acarina sp1 (figura27a) foi encontrado de forma mais dispersa desde o ambiente externo até ointerior <strong>da</strong> caverna.A regressão múltipla entre a abundância de L. similis e as demaisvariáveis indicou relações significativas (r 2 =0,53; p=0,000) positivas comdiversi<strong>da</strong>de de habitat (=0,253), luminosi<strong>da</strong>de (=0,389), abundância deZelurus sp. (=0,268) e abundância total (=0,274).A regressão múltipla entre a abundância de Zelurus sp. e as demaisvariáveis indicou relações significativas (r 2 =0,31; p=0,000) positivas comsubstrato terroso (=0,436), umi<strong>da</strong>de (=0,317) e abundância de L. similis(=0,396), e negativa com luminosi<strong>da</strong>de (= - 0,47) (Figura 19).Figura 19: Mapas de distribuição evidenciando as áreas de maior abundância de Zelurus sp. emenor luminosi<strong>da</strong>de.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>50


A distribuição <strong>da</strong> população de O. navus demonstrou-se independente<strong>da</strong>s variáveis medi<strong>da</strong>s e <strong>da</strong> presença de L. similis ou de Zelurus sp. uma vezque nenhuma relação significativa foi encontra<strong>da</strong> entre a abundância destaespécie nas quadrículas e outros fatores.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>51


aRiquezabAbundância totalFigura 20: Mapas de a) riqueza e b) abundância de artrópodes encontrados nas quadrículas.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>52


aAbundância de pre<strong>da</strong>doresbAbundância de detritívorosFigura 21: Mapas de a) abundância de pre<strong>da</strong>dores e b) abundância de detritívoros encontrados nas quadrículas.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>53


aAbundância de Diptera larva sp3bAbundância de Diplura sp2Figura 22: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Diptera larva sp3 e b) Diplura sp2.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>54


aAbundância de Formici<strong>da</strong>e sp5bAbundância dePseudoescorpiones sp3Figura 23: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Formici<strong>da</strong>e sp5 e b) Pseudoescorpiones sp3.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>55


aAbundância de Acari sp10bAbundância de Acari sp7Figura 24: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Acari sp10 e b) Acari sp7.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>56


aAbundância de Myrmeleonti<strong>da</strong>e sp1bAbundância de Opiliones sp1Figura 25: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Myrmeleonti<strong>da</strong>e sp1 e b) Opiliones sp1.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>57


abAbundância de Mesabolivar sp1Abundância de Theridii<strong>da</strong>e sp5Figura 26: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Mesabolivar sp1 e b) Theridii<strong>da</strong>e sp5.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>58


aAbundância de Acari sp1bAbundância de Entomobryi<strong>da</strong>e sp1Figura 27: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Acari sp1 e b) Entomobryi<strong>da</strong>e sp1.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>59


aAbundância de Milichii<strong>da</strong>e sp1bAbundância de Tinei<strong>da</strong>e larva sp1Figura 28: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Milichii<strong>da</strong>e sp1 e b) Tinei<strong>da</strong>e larva sp1.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>60


aAbundância de Oecobius navusbAbundância de Psyllipsoci<strong>da</strong>e sp1Figura 29: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Oecobius navus e b) Psyllipsoci<strong>da</strong>e sp1.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>61


aAbundância de Loxosceles similisbAbundância de Zelurus sp1Figura 30: Mapas com a distribuição <strong>da</strong>s populações de a) Loxosceles similis e b) Zelurus sp1.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>62


5.8 – Teias tróficasProdutores primários e detritos eram a base <strong>da</strong> teia trófica no ambienteepígeo, sendo consumidos por uma varie<strong>da</strong>de muito grande de organismosherbívoros e detritívoros, entre eles os mais comuns foram formigas,colêmbolos e larvas de dípteros. Estes herbívoros e detritívoros são presas deum grande número de pre<strong>da</strong>dores, principalmente aranhas (as mais comunseram Theridii<strong>da</strong>e) e coleópteros (Staphilini<strong>da</strong>e).Na comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, produtores primários foram escassos eapenas um pequeno número de herbívoros ain<strong>da</strong> foi encontrado. A maior parte<strong>da</strong> base trófica era constituí<strong>da</strong> por detritos, consumi<strong>da</strong> por organismosdetritívoros. Pre<strong>da</strong>dores com estratégias diversifica<strong>da</strong>s de caça foramencontrados em grande número. As estratégias de caça vão desde espéciespraticamente sedentários que constroem armadilhas, como Myrmeleonti<strong>da</strong>e, aaranhas que constroem teias, como Mesabolivar sp1, e caçadores cursoriaisque vagam a procura <strong>da</strong> presa, como Zelurus sp. e Loxosceles similis (Figura31).Na comuni<strong>da</strong>de hipógea <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, a base trófica constituisueprincipalmente de matéria orgânica morta trazi<strong>da</strong> via córrego ou guano demorcegos, sendo também encontrados poucos locais com raízes expostas.Uma grande varie<strong>da</strong>de de organismos detritívoros estava associa<strong>da</strong> àsmanchas de matéria orgânica, enquanto outros estavam dispersos por todo oconduto <strong>da</strong> caverna, se deslocando entre as manchas de recurso alimentar. Ospre<strong>da</strong>dores eram abun<strong>da</strong>ntes ao longo de to<strong>da</strong> a caverna, sendo a pre<strong>da</strong>çãoativa a mais freqüente. Os principais pre<strong>da</strong>dores foram aranhas (Sicarii<strong>da</strong>e,Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>63


Theridii<strong>da</strong>e), pseudoescorpiões (Cherneti<strong>da</strong>e) e heterópteros (Reduvii<strong>da</strong>e,Ploiari<strong>da</strong>e).Vários organismos estavam presentes em mais de uma região, algumasvezes desempenhando funções de grande importância nas diferentescomuni<strong>da</strong>des. L. similis foi um pre<strong>da</strong>dor abun<strong>da</strong>ntemente encontrado tanto nascomuni<strong>da</strong>des hipógea quanto na <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, assim como O. navus e Zelurussp. Já Mesabolivar (Pholci<strong>da</strong>e), outra espécie pre<strong>da</strong>dora, foi encontra<strong>da</strong> emgrande número nas regiões <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> e <strong>epígea</strong>. A presença de váriosorganismos cursoriais em mais de um compartimento, como alguns dospre<strong>da</strong>dores descritos acima, indica que estes podem estar se movimentandode um compartimento ao outro. Este fato indica uma conexão entre osdiferentes compartimentos tróficos, envolvendo inclusive um compartilhamentode organismos e, conseqüentemente de energia.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>64


HerbívorosColeopteraChrysomeli<strong>da</strong>eCurculioni<strong>da</strong>eHeteropteraEnsiferaCaeliferaHomopteraCicadelli<strong>da</strong>eHymenopteraFormici<strong>da</strong>eHeteropteraReduvii<strong>da</strong>e (Zelurus)Ploiari<strong>da</strong>eNeuropteraMyrmeleonti<strong>da</strong>ePseudoscorpionesCherneti<strong>da</strong>eAcarinaPre<strong>da</strong>doresAranaeAranei<strong>da</strong>eAgeleni<strong>da</strong>ePholci<strong>da</strong>e(Mesabolivar)Theridii<strong>da</strong>eTheridiosomati<strong>da</strong>eUlobori<strong>da</strong>eCteni<strong>da</strong>e (Ctenus)Saltici<strong>da</strong>eScytodi<strong>da</strong>eSicarii<strong>da</strong>e(Loxosceles similis)Oecobi<strong>da</strong>e(Oecobius navus)Oonopi<strong>da</strong>eTetrablemmi<strong>da</strong>eCaponi<strong>da</strong>eLepidopteraNoctui<strong>da</strong>eTinei<strong>da</strong>eHymenopteraApi<strong>da</strong>eBraconi<strong>da</strong>emicro-HymenopteraIsopteraTermiti<strong>da</strong>eNasutitermiti<strong>da</strong>eDictyopteraBlattelli<strong>da</strong>eDetritívorosDipteraCulici<strong>da</strong>eDrosophili<strong>da</strong>eMilichii<strong>da</strong>eMycethophili<strong>da</strong>ePhori<strong>da</strong>ePsychodi<strong>da</strong>e(Lutzomia)Tipuli<strong>da</strong>eEnsifera(Endecous)CaeliferaCollembolaEntomobryi<strong>da</strong>eSminthuri<strong>da</strong>ePsocopteraLyposceli<strong>da</strong>ePseudocaecili<strong>da</strong>ePsylipsoci<strong>da</strong>eAcarinaPara-epígeoVegetaçãoSerapilheiraMatéria Orgânica TotalPre<strong>da</strong>ção intraguil<strong>da</strong>Pre<strong>da</strong>çãoFigura 31: Provável teia trófica <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>65


6 – DiscussãoA maioria dos trabalhos em ambientes cavernícolas abor<strong>da</strong>principalmente os organismos troglóbios e muitas vezes generalizaçõesecológicas são feitas com base nestas espécies (Sket 1999, Schneider eCulver 2004, Culver e Sket 2000, Christman e Culver 2001, Gibert e Deharveng2002, Deharveng 2005, Hobbs III 2005, Humphreys 2005, Gibert e Culver2005) e, como ressaltado por Ferreira (2004), desconsideram o resto <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> caverna.A freqüente ênfase <strong>da</strong><strong>da</strong> a espécies troglóbias pode ser importante <strong>para</strong>se discutir padrões ecológicos de organismos desta categoria, mas não sãosignificativas quando se pretende avaliar a comuni<strong>da</strong>de cavernícola como umtodo. Ferreira (2004) observa que tal ênfase em organismos troglóbiosdemonstra a pouca importância que as pesquisas vêm dispensando àcompreensão do funcionamento dos ambientes cavernícolas em geral,analisando apenas alguns componentes do ecossistema cavernícola como umtodo. Mais recentemente surgiram alguns estudos abrangendo as interrelaçõesde to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de cavernícola e suas relações com o ambiente,especialmente no meio aquático (Edington 1984, Humphreys 1991, Galas et al.1996, Jasinska et al. 1996, Simon et. al 2003, Souza-Silva 2003, Ferreira2004).Apesar de entra<strong>da</strong>s de cavernas fazerem parte do sistema cavernícolacomo um todo, pouca atenção vem sendo <strong>da</strong><strong>da</strong> a estas regiões. Poucosestudos abor<strong>da</strong>m as relações dos organismos ali presentes com o ambiente eentre eles (Culver e Poulson 1970; Peck 1976; Gers 1998; Prous et al. 2004,Ducarme et al. 2004). Este é o primeiro estudo a identificar especificamenteComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>66


quem são os componentes <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, avaliando suadistribuição <strong>espacial</strong> e relações tróficas.6.1 – Ambiente físico <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>Poucos estudos abor<strong>da</strong>ram os aspectos climáticos <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s decavernas (Serena e Meluzzi 1997; Turquin e Bouvet 1977; Pentecost e Zhaohui2001). A estabili<strong>da</strong>de climática nas regiões mais distantes <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s já foiregistra<strong>da</strong> em vários estudos (di Russo et al 1999; Pentecost e Zhaohui 2001,Ferreira 2004). A entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito é uma zona de evidentetransição entre os ambientes epígeos e hipógeos onde, em direção ao interior,as amplitudes são ameniza<strong>da</strong>s. Este mesmo efeito já foi observado em váriosoutros trabalho (di Russo et al 1999; Serena e Meluzzi 1997; Turquin e Bouvet1977; Pentecost e Zhaohui 2001).O uso de critérios diferentes <strong>para</strong> a delimitação <strong>da</strong>s zonas de penumbra,de temperatura variável e de temperatura constante (Mohr e Poulson 1966,Poulson e White 1969) acaba por gerar um conflito <strong>para</strong> sua aplicação. Gambleet al. (2000) ressaltam que esta zonação, a princípio sugeri<strong>da</strong> <strong>para</strong> cavernasem ambientes temperados, dificilmente pode ser adota<strong>da</strong> em cavernastropicais. Tais autores afirmam que as entra<strong>da</strong>s de cavernas tropicais estãosujeitas a maiores amplitudes diárias de temperatura e umi<strong>da</strong>de que emcavernas tempera<strong>da</strong>s, assim, a zonação variaria ao decorrer de um mesmo dia.Na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, a regressão mostrar uma relação evidenteentre a luminosi<strong>da</strong>de e temperatura, mas apenas até uma determina<strong>da</strong>intensi<strong>da</strong>de de luminosi<strong>da</strong>de (aproxima<strong>da</strong>mente 5 ln Lux). Em intensi<strong>da</strong>desinferiores a esta, a temperatura se estabiliza, contrariamente à luminosi<strong>da</strong>deque continua a baixar, impossibilitando a adoção <strong>da</strong> zonação descrita acima.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>67


Resultados semelhantes foram encontrados por Pentecost e Zhaohui (2001),que observaram uma constância <strong>da</strong> temperatura e umi<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> em umazona de penumbra. Além disso, deve-se avaliar qual a importância efetiva queestes fatores têm <strong>para</strong> os diferentes componentes biológicos <strong>da</strong> caverna.Uma vez que a presença de luz nas entra<strong>da</strong>s de caverna é fatorprimordial <strong>para</strong> a presença de uma série de organismos (Serena e Meluzzi1997; Pentecost e Zhaohui 2001), a definição de zonas basea<strong>da</strong> nesta variávelpode ser mais interessante do ponto de vista biológico. Culver (1982) descreveuma zonação composta pelas zonas eufótica (onde há incidência direta de luz),disfótica (onde há incidência de luz refleti<strong>da</strong>) e áfotica. Os valores deluminosi<strong>da</strong>de inferiores a 5 ln Lux (a partir do qual há a estabilização <strong>da</strong>temperatura) ocorrem por volta dos 30 metros de distância <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> ecorresponde ao inicio do segundo grupo <strong>da</strong> AGRE de luminosi<strong>da</strong>de, que éjustamente a região disfótica, reforçando a consistência desta zonação. Assim,o uso desta zonação parece ser mais coerente <strong>para</strong> a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa doMosquito.6.2 – Estrutura trófica em cavernasAs entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s cavernas são muito importantes como locais de aportede matéria orgânica do ambiente epígeo <strong>para</strong> o hipógeo, que tem basedetritívora (Gibert 1997, Prous et al. 2004, Culver 2005). Além dos de recursosalimentares trazidos de forma abiótica (gravitacional, enxurra<strong>da</strong>s, córregos etc)e por morcegos, os próprios invertebrados presentes em cavernas podemfuncionar como importadores de alimento. Opiliões do gênero Goniosomaforam observados deixando as cavernas onde habitavam <strong>para</strong> se alimentar nasComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>68


copas de árvores próximas às entra<strong>da</strong>s nos períodos noturnos (Gnaspini 1996,Santos e Gnaspini 2002, Machado et al 2001). Da mesma forma, grilos sãofreqüentemente apontados como organismos que abandonam as cavernas<strong>para</strong> se alimentar, retornando em segui<strong>da</strong> (Reichle 1963, Reichle et al. 1965,Gnaspini e Hoenen 1999, Poulson 2005, Taylor et al. 2004). Em geral estestroglóxenos ao retornar defecam, são presas ou morrem disponibilizando aenergia obti<strong>da</strong> no ambiente epígeo <strong>para</strong> o consumo dentro <strong>da</strong> caverna. Assim,as comuni<strong>da</strong>des de invertebrados cavernícolas têm uma ligação evidente como ambiente externo, e as entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s cavernas são justamente uma <strong>da</strong>s maisimportantes conexões entre o ambiente epígeo e hipógeo.A ausência permanente de luz em cavernas restringe as teiasalimentares a dois grupos, os detritívoros e os pre<strong>da</strong>dores (Mohr e Poulson1966), a exceção de alguns casos de teias basea<strong>da</strong>s em microorganismosquimioautotróficos (Sarbu et al. 1996, Poulson 2005, Summers 2005) e emraízes (Howarth 1983, Jasinska et al. 1996; Poulson e Lavoie 2000, SouzaSilva 2003, Stone et al. 2005). Além <strong>da</strong>s teias tróficas cavernícolas serem, emgeral, restritas a dois grupos (detritívoros e pre<strong>da</strong>dores) alguns autoressugerem que estas possam ser ain<strong>da</strong> mais simples, considerando uma granderedução no número de pre<strong>da</strong>dores que podem até mesmo deixar de existir(Gibert e Deharveng 2002). Há alguns casos de pre<strong>da</strong>dores típicos emambiente epígeos que no interior de cavernas passam a ser detritívoros, comoo isópode intersticial Stenasellus virei que normalmente se alimenta deartrópodes vivos e em cavernas se alimenta principalmente de detritospresentes no sedimento (Magniez 1975), ou os coleópteros do gêneroAphaenops que, apesar de seu aparelho bucal altamente especializado àComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>69


pre<strong>da</strong>ção, se alimenta de madeira em decomposição e terra (Gers 1995). Emgeral, os pre<strong>da</strong>dores presentes na Lapa do Mosquito são generalistas, o quecorrobora a idéia de que uma comuni<strong>da</strong>de basea<strong>da</strong> troficamente em recursosefêmeros (como comuni<strong>da</strong>des de guano ou cavernas em geral) é pobre empre<strong>da</strong>dores especializados (Ostfeld e Keesing 2000, Gibert e Deharveng 2002).O grande número de pre<strong>da</strong>dores e de detritívoros no interior <strong>da</strong> Lapa doMosquito, quando com<strong>para</strong><strong>da</strong> a cavernas tempera<strong>da</strong>s, se deve provavelmenteà disponibili<strong>da</strong>de eleva<strong>da</strong> de recursos alimentares. Em geral, a quanti<strong>da</strong>de dealimento é maior em cavernas tropicais que em tempera<strong>da</strong>s, pois a biomassano ambiente epígeo é maior nos trópicos e sua produção é contínua ao longode todo o ano (Poulson e Lavoie 2000; Souza Silva 2003, Hüpop 2005). Assim,a freqüente grande redução ou inexistência de pre<strong>da</strong>dores em cavernas comodescrito por Gibert e Deharveng (2002) dificilmente ocorre em cavernastropicais, como pode ser observado em um grande número de estudos comvários pre<strong>da</strong>dores em suas teias tróficas (Trajano 2000, Ferreira e Martins1999, Souza Silva 2003, Gnaspini 2005) e pelos inúmeros pre<strong>da</strong>doresnormalmente encontrados em trabalhos de levantamento <strong>da</strong> fauna cavernícola(Pinto-<strong>da</strong>-Rocha 1995, Gnaspini e Trajano 1994, Ferreira e Martins 1998,Ferreira e Martins 1999, Ferreira et al. 2000).A presença de luz nas zonas de entra<strong>da</strong> de cavernas permite oestabelecimento de vários organismos fotossintetizantes como algas, briófitas eangiospermas (Serena e Meluzzi 1997, Dobat 1998, Pentecost e Zhaohui2001). Assim, a teia trófica <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de associa<strong>da</strong> à entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa doMosquito se diferencia <strong>da</strong> teia trófica do interior <strong>da</strong> caverna principalmente pelapresença de espécies herbívoras. Além destas espécies herbívoras, a teiaComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>70


trófica <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito pode ter ain<strong>da</strong> espécies que exploremrecursos no ambiente epígeo e que se abriguem na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, comojá observado <strong>para</strong> algumas espécies de opilião e grilos (Gnaspini 1996, Santose Gnaspini 2002, Machado et al. 2001, Taylor et al. 2004). O provável aumentona quanti<strong>da</strong>de de alimento disponível permite um aumento no número deespécies detritívoras e de pre<strong>da</strong>dores.6.2 – Padrões espaciais de diversi<strong>da</strong>de e riqueza na Lapa do MosquitoAo se abor<strong>da</strong>r a diversi<strong>da</strong>de geral <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des cavernícolas, énotório que esta é baixa quando com<strong>para</strong><strong>da</strong> com o ambiente epígeo. Sket(1999) salienta três razões <strong>para</strong> explicar esta baixa diversi<strong>da</strong>de:1 - Acesso limitado ao habitat: de forma geral, uma caverna tem umaárea muito maior do que as áreas abrangi<strong>da</strong>s pelas possíveis fontes deentra<strong>da</strong>. Assim, a zona de contato entre os ambientes epígeos e hipógeos épequena, restringindo a possibili<strong>da</strong>de de um determinado organismo encontraresta entra<strong>da</strong> e adentrá-la.2 - A homogenei<strong>da</strong>de relativa do habitat: uma caverna pode ter umadiversi<strong>da</strong>de grande de habitats, no entanto, quando com<strong>para</strong>do ao ambienteepígeo, esta diversi<strong>da</strong>de é pequena uma vez que não existem plantas em seuinterior que, associado à variação de condições climáticas, poderiam agregarum número incontável de habitats.3 - A baixa disponibili<strong>da</strong>de de energia: a ausência de produtoresprimários, com exceção de alguns quimioautotróficos, restringe adisponibili<strong>da</strong>de de recurso alimentar. Assim, em geral, cavernas não suportamespécies ou grandes populações que necessitem de grande quanti<strong>da</strong>de dealimento.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>71


As baixas diversi<strong>da</strong>de e riqueza encontra<strong>da</strong>s na região hipógea <strong>da</strong> áreaestu<strong>da</strong><strong>da</strong> na Lapa do Mosquito, quando com<strong>para</strong><strong>da</strong>s com o ambiente epígeo,podem ser reflexo <strong>da</strong> relativa homogenei<strong>da</strong>de do habitat nas áreas maisdistantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> e <strong>da</strong> baixa disponibili<strong>da</strong>de de recursos alimentares, comoprevisto por Sket (1999). Vários estudos demonstram que a complexi<strong>da</strong>deestrutural do habitat tem relações positivas importantes na diversi<strong>da</strong>de deartrópodes (Greenstone 1984, Davidowitz e Rosenzweig 1998, Halaj et al.2000, Romero-Alcaraz e Ávila 2000, Tanabe et al. 2001, Tews et al. 2004)incluindo cavernas (Culver 1969, Poulson e Culver 1969). Nas regiões maisdistantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito o piso <strong>da</strong> caverna era coberto quaseque exclusivamente por terra. Além disto, temperatura, umi<strong>da</strong>de eluminosi<strong>da</strong>de eram fatores ambientais pouco variáveis. Estes fatores resultamem uma diversi<strong>da</strong>de de habitat pequena nesta região.Uma vez que entra<strong>da</strong>s de caverna são considerados ecótones (Prous etal. 2004, Culver 2005) e que uma <strong>da</strong>s características típicas de ecótones é apresença de espécies dos ambientes adjacentes, soma<strong>da</strong> a espéciesexclusivas, seria natural admitir que esta zona é a mais diversa (Trajano eAndrade 2005).A diversi<strong>da</strong>de na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, no entanto, foiintermediária àquelas dos ambientes epígeo e hipógeo. Estes resultadoscorroboram as predições de Hansen e colaboradores (1988a), que afirmam quediversi<strong>da</strong>des intermediárias podem ser encontra<strong>da</strong>s em ecótones entreambientes onde em um deles existe uma diversi<strong>da</strong>de muito superior ao outro.Prous et al. (2004), Culver e Poulson (1970) e Gers (1998) tambémobservaram que a diversi<strong>da</strong>de em ecótones localizados nas entra<strong>da</strong>s deComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>72


caverna é intermediária àquelas encontra<strong>da</strong>s no ambiente epígeo e hipógeo.Hansen e colaboradores (1988a) também sugerem que uma diversi<strong>da</strong>de maisbaixa pode ser encontra<strong>da</strong> em ecótones que sejam áreas que sofram grandese constantes distúrbios. Peck (1976) observou uma biodiversi<strong>da</strong>de menor nazona de entra<strong>da</strong> de uma caverna localiza<strong>da</strong> em uma região tempera<strong>da</strong>(Alabama - EUA), e que vivencia fortes amplitudes térmicas anuais. Até opresente, ain<strong>da</strong> não há estudos que tenham constatado que a diversi<strong>da</strong>de émaior na entra<strong>da</strong> de cavernas.A riqueza total <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, 248 morfoespécies, é muitoeleva<strong>da</strong> quando com<strong>para</strong><strong>da</strong> a cavernas inventaria<strong>da</strong>s em vários estudos járealizados no Brasil (Dessen et al. 1980, Chaimowicz 1984, Trajano 1987,Trajano e Gnaspini-Netto 1991, Trajano e Moreira 1991, Trajano 1992, Trajano1996, Trajano 1998, Bichuette e dos Santos 1998, Trajano 2000, Ferreira eHorta 2001, Zeppelini Filho et al. 2003, Chagas et al. 2004). No entanto, agrande diferença de riqueza na Lapa do Mosquito pode ser reflexo <strong>da</strong> diferençaentre as metodologias emprega<strong>da</strong>s nos levantamentos. No presente estudo,além <strong>da</strong> inclusão <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> como parte integrante <strong>da</strong>comuni<strong>da</strong>de cavernícola, grande atenção foi dispensa<strong>da</strong> aos micro-habitats.Outros trabalhos que utilizaram metodologias similares encontraram tambémriquezas bem eleva<strong>da</strong>s, como Souza-Silva (2003) que encontrou mais de 200espécies de artrópodes na Lapa Ribeirão dos Porcos (GO), e Ferreira (2004)que registrou mais de 100 espécies em 6 cavernas de Minas Gerais. Assim, agrande riqueza <strong>da</strong> Lapa do Mosquito é, na ver<strong>da</strong>de, o resultado de uminventário minucioso. Ferreira (2005) ressalta apouca atenção quetradicionalmente vem sendo dispensa<strong>da</strong> aos micro-habitats durante inventáriosComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>73


em cavernas, fato provavelmente resultante <strong>da</strong> concepção errônea de que osorganismos cavernícolas não buscam abrigos com condições microclimáticasespecíficas, uma vez que estas condições já estão presentes no ambientecavernícola (ausência de luz, eleva<strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de, temperatura constante). Comoconseqüência deste descaso com micro-habitats a maioria dos inventáriosresultam em uma riqueza sub-estima<strong>da</strong> dos ambientes hipógeos.6.3 – <strong>Distribuição</strong> <strong>espacial</strong> de algumas populações de pre<strong>da</strong>doresA distribuição de algumas espécies na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquitoapresenta indícios de uma estruturação <strong>espacial</strong>. Três destas espécies sãopre<strong>da</strong>dores muito abun<strong>da</strong>ntes na Lapa do Mosquito, sendo duas delas comunstambém em muitas outras cavernas de Minas Gerais, L. similis e Zelurus sp.(Ferreira e Martins 1998, Ferreira 2004, Pinto-<strong>da</strong>-Rocha 1995). Oecobius foiregistrado em duas outras cavernas em Minas, Lapa Nova de Maquiné (O.navus, Ferreira 2004) e em uma caverna no município de Poté (Oecobius sp.Souza Silva com. pess.). Ao contrário <strong>da</strong> Lapa do Mosquito, apenas poucosindivíduos de O. navus foram encontrados na Lapa Nova de Maquiné, mas emPoté foi encontra<strong>da</strong> uma grande população de Oecobius sp. Apesar destas trêsespécies estarem presentes em quase to<strong>da</strong>s as quadrículas amostra<strong>da</strong>s nacaverna, as regiões de maior abundância de ca<strong>da</strong> uma delas se localizam emáreas distintas. A distribuição destas espécies pode estar vincula<strong>da</strong> acaracterísticas físicas do habitat.L. similis é geralmente encontra<strong>da</strong> junto a pedras ou frestas em rochas,locais que permitem a instalação de sua teia residencial (Bucherl 1961, Ferreiraet al. 2005). A grande quanti<strong>da</strong>de de pedras e blocos abatidos presentes naComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>74


entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito oferece um aumento na diversi<strong>da</strong>de de habitat e,consequentemente, na quanti<strong>da</strong>de de micro-habitats ideais <strong>para</strong> a instalaçãode suas teias, sendo que em áreas mais distantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> estes microhabitatsjá não são tão freqüentes Entre as presas potenciais de Loxoscelesestão heterópteros, coleópteros, lepidópteros, diplópodes e ortópteros (Levi eSpilman 1961, Hite et al 1996, Fischer 1996, Ferreira et al 2005). Ferreira et al.(2005) observaram uma maior quanti<strong>da</strong>de de L. similis nas regiões próximas àentra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Gruta <strong>da</strong> Lavoura (MG), conseqüência provável <strong>da</strong> maiordisponibili<strong>da</strong>de de presas nesta região que em outras partes <strong>da</strong> caverna.Assim, a maior abundância de presas potenciais na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa doMosquito também podem ser a causa <strong>da</strong> maior abundância de L. similis nestaregião.O. navus constrói sua teia em pequenas depressões, seja nas rochas ouem pedras, e também é encontra<strong>da</strong> sobre ou em fissuras nas manchas deguano (Ferreira e Martins 1998). Na Lapa do Mosquito, O. navus se distribuiupraticamente por to<strong>da</strong> a área amostra<strong>da</strong>, assim como observado por Ferreira eMartins (1998) com uma população na caverna Morrinho (BA). A presença delocais favoráveis à instalação de sua teia residencial por to<strong>da</strong> a cavernapermite que O. navus ocupe to<strong>da</strong> a extensão <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.Zelurus sp. é um heteróptero que tem por hábito se cobrir de terra (oualguns outros sedimentos). As áreas mais distantes <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa doMosquito são as regiões onde uma percentagem maior do solo é coberta porsedimento terroso, ideal <strong>para</strong> que Zelurus sp. se cubra. No entanto, adistribuição de Zelurus sp. aparenta ser fortemente influencia<strong>da</strong> pelaluminosi<strong>da</strong>de, uma vez que estes evitam áreas cobertas por sedimento terrosoComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>75


e que ain<strong>da</strong> estão expostas a luz refleti<strong>da</strong> (zona disfótica), concentrando-se nasregiões praticamente afóticas.6.4 – Comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> e os filtros ecológicosA zona <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito é um mosaico composto porblocos abatidos, terra, serapilheira e outras estruturas. Somando-se a variaçãoclimática a estas estruturas, surge um número alto de micro-habitats quepodem ser explorados por diferentes organismos. Associado a isso, existe naentra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna uma grande abundância de recursos alimentares quandocom<strong>para</strong>do ao interior <strong>da</strong> caverna, e uma relativa estabili<strong>da</strong>de ambientalquando com<strong>para</strong>do ao exterior. Assim, o efeito combinado de fatoresessenciais que ocorre em ecótones entre áreas complementares, comoproposto por Ries et al. (2004), é facilmente distinguível na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Este mesmo efeito foi descrito por Prous et al. (2004) nas entra<strong>da</strong>s<strong>da</strong>s grutas Dona Rita e do Retiro (MG), o que pode apontar <strong>para</strong> um padrãogeral, ao menos <strong>para</strong> cavernas tropicais.Os organismos móveis, que precisam buscar por seus recursos<strong>espacial</strong>mente espalhados, encontram maior quanti<strong>da</strong>de de recursos ao seaproximar <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna. Já os sedentários, que não vão a busca deseus recursos, vivenciam um fluxo de recursos maior na entra<strong>da</strong> que no interior<strong>da</strong> caverna (como aranhas que constroem teias, eg. Mesabolivar e Theridii<strong>da</strong>e,e larvas de formiga-leão). A distribuição dos recursos de maneira diferente <strong>da</strong>encontra<strong>da</strong> no interior <strong>da</strong> caverna possivelmente faz com que as espéciestambém estejam distribuí<strong>da</strong>s de forma diferente. A mu<strong>da</strong>nça na distribuição <strong>da</strong>sespécies na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna pode levar a novas interações, o que implicariaComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>76


em novas mu<strong>da</strong>nças de abun<strong>da</strong>ncia e distribuição destas espécies, além <strong>da</strong>possibili<strong>da</strong>de de fixação de novas espécies. A soma de to<strong>da</strong>s estas mu<strong>da</strong>nçasem composição, interação e distribuição <strong>da</strong>s espécies tem como resultado aestruturação <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>.O grande número de espécies exclusivas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>,55 espécies de um total de 248, demonstra a capaci<strong>da</strong>de deste ecótone emabrigar espécies que não são viáveis nos ambientes adjacentes, oferecendouma varie<strong>da</strong>de de recursos ausentes tanto no ambiente epígeo quanto hipógeo(Hansen et al. 1988a). O número maior de espécies comuns às comuni<strong>da</strong>des<strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> e <strong>epígea</strong> (49 espécies), quando com<strong>para</strong>do às espécies comuns à<strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> e hipógea (37 espécies), assemelha-se ao encontrado por Prouset al. (2004). Este fato indica que em ambientes tropicais o ambiente epígeo émais importante como fonte de espécies <strong>para</strong> a comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> doque o hipógeo. Contrariamente, Culver e Poulson (1970), encontraram umasimilari<strong>da</strong>de maior entre as comuni<strong>da</strong>des localiza<strong>da</strong> na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> cavernaCathedral (Kentucky – USA) e aquela hipógea. Possivelmente casos como estesão mais comuns em cavernas tempera<strong>da</strong>s, onde ambientes epígeos estãosob influencia de grandes amplitudes térmicas anuais (Prous et al. 2004).Espécies que estavam presentes apenas no ambiente hipógeo e epígeo,mas não no <strong>para</strong>-epígeo, são indícios <strong>da</strong> importância <strong>da</strong>s diferentes entra<strong>da</strong>scomo vias de colonização <strong>da</strong> Lapa do Mosquito. Opiliones, Palpigradi eIsopo<strong>da</strong> são grupos que normalmente são encontrados em regiões desubstrato mais úmido. O substrato na entra<strong>da</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong> é extremamenteressequido, salvo exceções de pequenos gotejamentos. A colonização dointerior <strong>da</strong> caverna pode ter ocorrido pelas outras entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Lapa. Uma delasComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>77


é um conduto com substrato bem úmido, sendo que em períodos de chuva háuma drenagem que percorre todo o conduto e que leva ao conduto principal <strong>da</strong>caverna. A outra entra<strong>da</strong> é uma clarabóia localiza<strong>da</strong> em meio a mata quecircun<strong>da</strong> to<strong>da</strong> a caverna. A colonização pode ain<strong>da</strong> ter ocorrido pela entra<strong>da</strong>principal mas, por ser uma área pouco favorável ao estabelecimento depopulações destes grupos (muito seca), as espécies atravessaram-na porcompleto fixando população apenas no interior <strong>da</strong> caverna.Ecótones são descritos como membranas de permeabili<strong>da</strong>de seletiva(Hansen et al. 1988a e 1988b, Wiens et al.1985, Johnston e Naiman 1987,Bider 1968; Wegner e Merriam 1979; Schonewald-Cox e Bayless 1986; Faganet al. 1999, Prous et al. 2004). A que<strong>da</strong> no número de espécies herbívoras natransição do ambiente epígeo <strong>para</strong> o hipógeo, assim como a diminuição nariqueza em geral, indica que a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito funciona comouma membrana de permeabili<strong>da</strong>de seletiva, assim como sugerido por Prous etal. (2004) <strong>para</strong> entra<strong>da</strong>s de caverna em geral.Segundo Strayer et al. (2003) esta membrana (ou ecótones) pode atuarsobre espécies, matéria ou energia de diferentes formas, podendo transmiti-lasparcialmente, transformá-las, absorvê-las, refleti-las, amplificá-las ou atuar deforma neutra. Os filtros presentes nestas membranas podem ser biológicos oufísicos. A maioria <strong>da</strong>s espécies do ambiente epígeo e hipógeo <strong>da</strong> Lapa doMosquito não são capazes de atravessar esta membrana localiza<strong>da</strong> naentra<strong>da</strong>. A entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito funciona <strong>para</strong> estas espécies comouma membrana impermeável, não permitindo a passagem de organismos deum ambiente a outro, uma vez que esta entra<strong>da</strong> é seca em com<strong>para</strong>ção comos ambientes adjacentes. Este efeito de impermeabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s áreas deComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>78


transição sobre animais já é bem documentado (Wiens et al. 1985, Duelli et al.1990, Fagan et al. 1999, Lidicker 1999).Várias espécies de pre<strong>da</strong>dores (eg. Saltici<strong>da</strong>e) e herbívoros (eg.Cicadeli<strong>da</strong>e) são absorvi<strong>da</strong>s pela comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>, sendo capazes dese estabelecer na zona de entra<strong>da</strong> onde ain<strong>da</strong> existe luminosi<strong>da</strong>de suficienteque permita a pre<strong>da</strong>ção visual e a presença de fotossintetizantes, masincapazes de colonizar o ambiente hipógeo. Já populações de algumasespécies de pre<strong>da</strong>dores muito comuns no ambiente hipógeo, como L. similis,Zelurus sp. e Ctenus sp, podem ter sido amplifica<strong>da</strong>s quando colonizaram ascavernas. As fortes pressões seletivas do ambiente cavernícola, como baixaabundância de presas potenciais e a ausência de luz, restringem a colonizaçãoe estabelecimento de populações no interior <strong>da</strong> caverna a poucos pre<strong>da</strong>doresgeneralistas pré-a<strong>da</strong>ptados às condições hipógeas. A redução na riqueza depre<strong>da</strong>dores (e respectiva competição inter-específica e pre<strong>da</strong>ção intra-guil<strong>da</strong>)possibilita então o aumento no tamanho <strong>da</strong>s populações <strong>da</strong>s espécies capazesde colonizar o ambiente hipógeo quando com<strong>para</strong><strong>da</strong>s àquelas populações doambiente epígeo.A luz parece ser um dos filtros mais importantes desta membrana,impossibilitando a presença no interior <strong>da</strong> caverna de quaisquer organismos(pre<strong>da</strong>dor, herbívoro e detritívoro) que dela depen<strong>da</strong>m. Uma evidência disto é aclara sobreposição <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> com a área demaior luminosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> AGRE. No entanto, caso a presença de luz fosse oúnico filtro era de se esperar que as espécies tivessem sua distribuiçãogradualmente reduzi<strong>da</strong> a medi<strong>da</strong> que se entra na caverna, assim como a luz.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>79


No entanto, as espécies estão distribuí<strong>da</strong>s de forma irregular, o que aponta<strong>para</strong> a presença de outros filtros.Algumas espécies já estabeleci<strong>da</strong> na zona de entra<strong>da</strong> podem funcionarcomo filtros biológicos. A presença de larvas de neurópteros (formigas-leão)em uma área é fortemente influencia<strong>da</strong> por fatores ambientais comotemperatura e compactação do solo, freqüência de distúrbio <strong>da</strong> armadilha(que<strong>da</strong> de folhas, chuva) e presença de presas (Gotelli 1993, Gatti e Farji-Brener 2002, Farji-Brener 2003). Espécies como as formigas-leão têm grandebenefício ao se abrigar na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna, diminuindo os riscos dedestruição de sua armadilha por chuva ou folhas que caem <strong>da</strong>s árvores e aoabrigo de um insolação intensa. Aliado a este ganho em estabili<strong>da</strong>de ambiental,está a relativa freqüência de presas potenciais, como formigas, presentes emgrande número no ambiente epígeo e que por ali transitam. Apesar <strong>da</strong>abundância de presas não ser considerado fator determinante na distribuição<strong>da</strong>s populações de formigas-leão (Gotelli 1993, Crowley e Linton 1999), éprovável que a colonização do ambiente hipógeo por estas espécies éimpedi<strong>da</strong> pela escassez na abundância de espécies cursoriais, sendo este umfiltro <strong>para</strong> formiga-leão. Dos dois registros de larva de formiga-leão no interiorde cavernas, estas estavam sobre manchas de guano e não construíamarmadilhas do tipo funil (Ferreira e Martins 1999 na Toca do Morrinho - BA, eFerreira com. pessoal em Coromandel - MG). No entanto, o comportamento depre<strong>da</strong>ção não foi visualizado.Interações entre espécies também são filtros biológicos. A grandeabundância de Loxosceles similis (Ferreira et al. 2005) e de formiga-leão noComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>80


piso <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s de cavernas pode funcionar como um filtro absorvendo asespécies cursoriais <strong>epígea</strong>s que “aventuram-se” a tentar entrar nas cavernas.Desta forma, as entra<strong>da</strong> de caverna funcionam como membranas depermeabili<strong>da</strong>de seletiva, atuando de diferentes formas sobre diferentesespécies. A combinação entre os diferentes filtros, biológicos ou não, éresponsável pela presença e distribuição <strong>da</strong>s espécies tanto nas entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong>scavernas quanto no interior destas.Uma vez que o arranjo <strong>espacial</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> depende <strong>da</strong>combinação de vários fatores, entre eles climáticos, é importante ressaltar quevariações sazonais podem levar a mu<strong>da</strong>nças na comuni<strong>da</strong>de ao longo dotempo. Provavelmente as comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>s são dinâmicas,modificando sua estrutura <strong>espacial</strong> em resposta às variações externas.6.5 – Considerações finaisAções humanas têm levado a modificações no funcionamento dosecossistemas cavernícolas como: supressão de cavernas, alteração <strong>da</strong>sdinâmicas hídricas, eutrofização de cursos d‟água, mu<strong>da</strong>nças no aporte dealimentos entre outros (Gilbert et al. 1995, Trajano 2000, Ferreira e Martins2001, Ferreira 2004, Elliott 2005). Entra<strong>da</strong>s de cavernas são regiões quefreqüentemente sofrem alterações de natureza antrópica como a instalação decurrais, depósitos de material, construção de residências, barragens,santuários, infra-estrutura turística e, até mesmo, pesquisas cientificas (eg.escavações paleontológicas e arqueológicas) (Figura 32). Os impactosprovocados pelas diferentes ações antrópicas variam desde pontuais, como opisoteio de uma visitação esporádica, a até impactos de grandes proporções,Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>81


como inun<strong>da</strong>ções e escavações, que podem provocar a desestruturaçãocompleta <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s de cavernas e conseqüentemente <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des<strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>s.abcdefFigura 32: Impactos antrópicos em entra<strong>da</strong>s de caverna, a) residência, b) barragem e bomba<strong>para</strong> captação de água, c) curral, d) depósito de materiais, e) e f) santuários.A própria entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito foi local de profundos impactosdurante os anos de escavações paleontológicas conduzi<strong>da</strong>s por Peter Lund.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>82


Apesar <strong>da</strong>s escavações em si não terem ocorrido na entra<strong>da</strong>, to<strong>da</strong> uma infraestruturafoi monta<strong>da</strong> <strong>para</strong> manter a equipe no local. A construção de currais<strong>para</strong> seus animais de carga, a presença <strong>da</strong>s fogueiras <strong>para</strong> cozinhar asrefeições <strong>da</strong> equipe, o pisoteio e a introdução de vários materiais “estranhos”ao ambiente cavernícola provavelmente provocaram profun<strong>da</strong>s alterações nacomuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. No entanto, houve umapossível reestruturação desta comuni<strong>da</strong>de ao longo dos mais de 150 anos quedecorreram desde então. É impossível definir o grau de reestruturação, umavez que não se sabe o que havia antes, mas a presença de uma comuni<strong>da</strong>de<strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> e de suas relações ecológicas demonstra que ao menos há umarecuperação funcional <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> caverna.Vários estudos já evidenciaram como os sistemas cavernícolasdependem dos ambientes epígeos <strong>para</strong> manter sua estrutura, principalmentecomo fornecedores de recursos alimentares (Ferreira e Horta 2001, Ferreira eMartins 2001, Souza-Silva 2003, Ferreira 2004). Apesar <strong>da</strong> grande importância<strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s de cavernas como interface entre os ambientes epígeos ehipógeos, influenciando no fluxo de nutrientes, na estrutura <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de<strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> e na estrutura <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de cavernícola como um todo, estudosabor<strong>da</strong>ndo de que maneira modificações no ambiente epígeo podem afetar aszonas de entra<strong>da</strong>s e suas respectivas comuni<strong>da</strong>des ain<strong>da</strong> são muito escassos,a maioria se restringindo a ambientes aquáticos (Gilbert et al. 1995, Gillieson eThurgate 1999, Neil 2004). Esta negligência com as entra<strong>da</strong>s de caverna sedeve a várias razões como:i) aplicação incorreta de pressupostos, assumindo, por exemplo, queesta é uma região que pouco pode contribuir <strong>para</strong> a comuni<strong>da</strong>deComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>83


hipógea, ou ain<strong>da</strong>, assumindo que, por ser uma zona de ecótone,têm uma maior diversi<strong>da</strong>de;ii) dificul<strong>da</strong>de de se trabalhar em tais ambientes, uma vez que deixamde ser ambientes estáveis e simplificados como o meio hipógeo,considerado um laboratório ideal <strong>para</strong> estudos ecológicos (Culver1982);iii) maior interesse histórico nas espécies troglóbias, que tendem a sedistribuir em regiões mais distantes de entra<strong>da</strong>s;iv) maior interesse nas espécies do que nas relações entre elas e nofuncionamento do ecossistema.As cavernas devem ser considera<strong>da</strong>s como uma uni<strong>da</strong>de funcional,composta por diferentes espécies, com diferentes graus de especialização eque dependem de processos ecológicos (Ferreira 2004). Sob esta perspectiva,estudos sobre as entra<strong>da</strong>s de cavernas e suas respectivas comuni<strong>da</strong>des <strong>para</strong><strong>epígea</strong>são primordiais <strong>para</strong> quaisquer ações que visem à conservação emesmo o manejo de cavernas.7 – ConclusõesEm relação às predições referentes às diferentes hipóteses envolvi<strong>da</strong>sneste estudo, conclui-se que:– As entra<strong>da</strong>s de caverna são ecótones entre os ambientes epígeos ehipógeos, e possuem características ambientais e tróficas tanto intemediárias aestes quanto características exclusivas. A relativa estabili<strong>da</strong>de ambiental,quando com<strong>para</strong><strong>da</strong> ao ambiente epígeo, e eleva<strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de recursosComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>84


alimentares, quando com<strong>para</strong><strong>da</strong> ao ambiente hipógeo, são característicasintermediárias <strong>da</strong> região <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong>.– Existe uma comuni<strong>da</strong>de <strong>para</strong>-<strong>epígea</strong> na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito,composta por espécies exclusivas desta região e por espécies dos ambientesadjacentes, com capaci<strong>da</strong>des diferencia<strong>da</strong>s de explorar as característicasdesta região.– A diversi<strong>da</strong>de biológica na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito foiintermediária aos ambientes adjacentes. No entanto, a casos onde adiversi<strong>da</strong>de nas entra<strong>da</strong>s de cavernas pode ser inferior. Ain<strong>da</strong> não existemcasos relatados de entra<strong>da</strong>s de caverna com diversi<strong>da</strong>de biológica superior aosambientes adjacentes.– Vários filtros foram identificados na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito.Filtros ecológicos, como presença de espécies pre<strong>da</strong>doras, e físicos, comoluminosi<strong>da</strong>de, atuam em conjunto determinando a presença e distribuição <strong>da</strong>spopulações de diferentes espécies.– Os filtros presentes na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa do Mosquito atuam de formadistinta sobre as diferentes espécies, podendo amplificar, absorver ou refletir asespécies.Comuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>85


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Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491Aracni<strong>da</strong>Aranae- Aranae sp4 X- Aranae sp6 X X- Aranae sp11 X- Aranae sp15 X- Aranae sp19 X X- Aranae sp27 X- Aranae sp29 X- Aranei<strong>da</strong>e sp2 X X- Aranei<strong>da</strong>e sp3 X- Aranei<strong>da</strong>e sp4 X- Aranei<strong>da</strong>e sp6 X- Aranei<strong>da</strong>e sp9 X- Aranei<strong>da</strong>e sp10 X- Aranei<strong>da</strong>e sp11 X- Aranei<strong>da</strong>e sp12 X- Aranei<strong>da</strong>e sp13 X- Ageleni<strong>da</strong>e sp1 X- Anypheni<strong>da</strong>e sp1 X- Anypheni<strong>da</strong>e sp2 X- Anypheni<strong>da</strong>e sp3 X- Anypheni<strong>da</strong>e sp4 X- Anypheni<strong>da</strong>e sp5 X- Caponi<strong>da</strong>e sp1 X- Caponi<strong>da</strong>e sp2 X- Caponi<strong>da</strong>e sp3 X- Corini<strong>da</strong>e sp1 X- Cteni<strong>da</strong>e sp1 X X X- Cteni<strong>da</strong>e sp2 X- Dipluri<strong>da</strong>e sp1 X- Dipluri<strong>da</strong>e sp2 X- Gnaphosi<strong>da</strong>e sp1 X- Gnaphosi<strong>da</strong>e sp2 X- Gnaphosi<strong>da</strong>e sp3 X- Gnaphosi<strong>da</strong>e sp4 X- Hahnii<strong>da</strong>e sp1 X- Hahnii<strong>da</strong>e sp2 X- Loxosceles similis X X X X- Lycosi<strong>da</strong>e sp1 X- Lycosi<strong>da</strong>e sp2 X- Mimeti<strong>da</strong>e sp1 X- Oecobius navus X X X- Oonopi<strong>da</strong>e sp1 X X- Oonopi<strong>da</strong>e sp2 X X- Oonopi<strong>da</strong>e sp3 X X- Oonopi<strong>da</strong>e sp4 X- Oonopi<strong>da</strong>e sp5 X- Oonopi<strong>da</strong>e sp6 X- Oonopi<strong>da</strong>e sp7 X XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>100


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Mesabolivar sp1 X X X- Pholci<strong>da</strong>e sp2 (NI) X X X- Pholci<strong>da</strong>e sp2 X- Plato sp1 X- Saltici<strong>da</strong>e sp1 X X- Saltici<strong>da</strong>e sp2 X X- Saltici<strong>da</strong>e sp3 X- Saltici<strong>da</strong>e sp4 X- Scytodi<strong>da</strong>e sp1 X- Scytodi<strong>da</strong>e sp2 X- Segestri<strong>da</strong>e sp1 X- S<strong>para</strong>ssi<strong>da</strong>e sp1 X- Synphitognathi<strong>da</strong>e sp1 X- Tetrablemmi<strong>da</strong>e sp1 X X- Tetrablemmi<strong>da</strong>e sp2 X- Tetrablemmi<strong>da</strong>e sp3 X- Tetragnathi<strong>da</strong>e sp1 X- Theridii<strong>da</strong>e sp1 X X X- Theridii<strong>da</strong>e sp2 X X- Theridii<strong>da</strong>e sp3 X X- Theridii<strong>da</strong>e sp4 X X- Theridii<strong>da</strong>e sp5 X X- Theridii<strong>da</strong>e sp6 X- Theridii<strong>da</strong>e sp7 X- Theridii<strong>da</strong>e sp8 X- Theridii<strong>da</strong>e sp9 X- Theridii<strong>da</strong>e sp11 X- Theridii<strong>da</strong>e sp13 X- Theridii<strong>da</strong>e sp14 X- Theridii<strong>da</strong>e sp15 X- Theridii<strong>da</strong>e sp16 X- Theridii<strong>da</strong>e sp17 X- Theridii<strong>da</strong>e sp18 X- Theridii<strong>da</strong>e sp19 X- Theridii<strong>da</strong>e sp20 X- Theridii<strong>da</strong>e sp21 X- Theridii<strong>da</strong>e sp22 X- Theridii<strong>da</strong>e sp23 X- Theridii<strong>da</strong>e sp24 X- Theridii<strong>da</strong>e sp25 X- Theridii<strong>da</strong>e sp26 X- Theridii<strong>da</strong>e sp27 X X- Theridii<strong>da</strong>e sp28 X- Theridii<strong>da</strong>e sp29 X- Theridiosomati<strong>da</strong>e sp3 X- Theridiosomati<strong>da</strong>e sp5 X- Thomisi<strong>da</strong>e sp1 X- Ulobori<strong>da</strong>e sp1 X XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>101


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491Pseudoescorpiones- Pseudoescorpiones sp1 X X- Pseudoescorpiones sp2 X- Pseudoescorpiones sp3 X- Pseudoescorpiones sp4 X X- Pseudoescorpiones sp5 XAcari- Acari sp1 X X X- Acari sp2 X X- Acari sp3 X X- Acari sp4 X X- Acari sp5 X X- Acari sp6 X X X- Acari sp7 X X- Acari sp8 X- Acari sp9 X- Acari sp10 X X- Acari sp11 X- Acari sp12 X- Acari sp13 X- Acari sp14 X- Acari sp15 X- Acari sp16 X- Acari sp17 X- Acari sp18 X- Acari sp19 X- Acari sp20 X- Acari sp21 X- Acari sp22 X- Acari sp23 X- Acari sp24 X- Acari sp25 X- Acari sp26 X- Acari sp27 X- Ornithodorus sp1 XOpiliones- Opiliones sp1 X X- Opiliones sp2 X- Opiliones sp3 X- Opiliones sp4 X XPalpigradi- Eukoenenia sp1 X XCrustaceaIspo<strong>da</strong>- Isopo<strong>da</strong> sp1 X XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>102


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Isopo<strong>da</strong> sp2 XInsectaColeoptera- Carabi<strong>da</strong>e sp1 X X- Carabi<strong>da</strong>e sp2 X- Carabi<strong>da</strong>e sp3 X- Carabi<strong>da</strong>e sp4 X- Carabi<strong>da</strong>e sp5 X- Carabi<strong>da</strong>e sp6 X- Chrysomeli<strong>da</strong>e sp1 X X- Chrysomeli<strong>da</strong>e sp2 X- Coccineli<strong>da</strong>e sp1 X- Coccineli<strong>da</strong>e sp2 X- Coccineli<strong>da</strong>e sp3 X- Curculioni<strong>da</strong>e sp1 X- Curculioni<strong>da</strong>e sp2 X- Driopi<strong>da</strong>e sp1 X- Driopi<strong>da</strong>e sp2 X- Driopi<strong>da</strong>e sp3 X- Dytisci<strong>da</strong>e sp1 X- Elmi<strong>da</strong>e sp1 X- Histeri<strong>da</strong>e sp1 X X- Histeri<strong>da</strong>e sp2 X- Histeri<strong>da</strong>e sp3 X- Leptodiri<strong>da</strong>e sp1 X- Leiodi<strong>da</strong>e sp1 X- Nitiduli<strong>da</strong>e sp1 X- Platipodi<strong>da</strong>e sp1 X X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp1 X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp2 X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp3 X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp4 X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp5 X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp6 X- Pselaphi<strong>da</strong>e sp7 X- Ptilo<strong>da</strong>ctyli<strong>da</strong>e sp1 X- Ptilo<strong>da</strong>ctyli<strong>da</strong>e sp2 X- Ptilo<strong>da</strong>ctyli<strong>da</strong>e sp3 X- Scarabei<strong>da</strong>e sp1 X- Scarabei<strong>da</strong>e sp2 X- Scarabei<strong>da</strong>e sp3 X- Scydmaeni<strong>da</strong>e sp1 X- Scydmaeni<strong>da</strong>e sp2 X- Scydmaeni<strong>da</strong>e sp3 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp1 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp2 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp3 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp4 X XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>103


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Staphylini<strong>da</strong>e sp5 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp6 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp7 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp8 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp9 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp10 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp11 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp12 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp13 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp14 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp15 X X- Staphylini<strong>da</strong>e sp16 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp17 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp18 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp19 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp20 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp21 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp22 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp23 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp24 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp25 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp26 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp27 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp28 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp29 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp30 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp31 X- Staphylini<strong>da</strong>e sp32 X- Staphylini<strong>da</strong>e larva sp1 X- Staphylini<strong>da</strong>e larva sp2 X- Coleoptera sp1 X X- Coleoptera sp2 X- Coleoptera sp3 X- Coleoptera sp4 X- Coleoptera sp5 X- Coleoptera sp6 X- Coleoptera sp7 X- Col 18 HMPTRA??? X- Coleoptera sp8 X- Coleoptera sp9 X- Coleoptera sp10 X- Coleoptera sp11 X X- Tenebrioni<strong>da</strong>e larva sp1 X X- Coleoptera larva sp2 X- Coleoptera larva sp3 X- Coleoptera larva sp4 X- Coleoptera larva sp5 X- Coleoptera larva sp6 X- Coleoptera larva sp7 XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>104


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Coleoptera larva sp8 X- Coleoptera larva sp9 X- Lampiri<strong>da</strong>e larva sp1 XCollembola- Entomobryi<strong>da</strong>e sp1 X X X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp2 X X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp3 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp4 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp5 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp6 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp7 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp8 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp9 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp10 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp11 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp12 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp13 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp14 X- Entomobryi<strong>da</strong>e sp15 X- Sminthuri<strong>da</strong>e sp1 X- Sminthuri<strong>da</strong>e sp2 X- Poduri<strong>da</strong>e sp1 X- Poduri<strong>da</strong>e sp2 X- Poduri<strong>da</strong>e sp3 XDermaptera- Dermaptera sp1 XDictyoptera- Dictyoptera sp1 X X X- Dictyoptera sp2 X- Dictyoptera sp3 X X- Dictyoptera sp4 X- Dictyoptera sp5 X X- Dictyoptera sp6 X- Dictyoptera sp7 X- Dictyoptera sp8 X- Dictyoptera sp9 XDiplura- Campodei<strong>da</strong>e sp1 X- Diplura sp1 X X X- Diplura sp3 X- Diplura sp4 XDiptera- Culici<strong>da</strong>e sp1 X X- Culici<strong>da</strong>e sp2 XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>105


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Culicinae sp1 X X- Culicinae sp2 X X- Culicinae sp3 X X- Dipetra sp1 X X- Dipetra sp2 X X- Dipetra sp3 X- Dipetra sp4 X- Dipetra sp5 X- Dipetra sp6 X- Dipetra sp7 X- Dipetra sp8 X- Dipetra sp9 X- Dipetra sp10 X- Dipetra sp11 X- Dipetra sp12 X- Dipetra sp13 X- Dipetra sp14 X- Dipetra sp15 X- Diptera larva sp1 X X X- Diptera larva sp2 X X- Diptera larva sp3 X X- Diptera larva sp4 X X- Diptera larva sp5 X- Diptera larva sp6 X- Diptera larva sp7 X- Diptera larva sp8 X- Diptera larva sp9 X- Diptera larva sp10 X- Diptera larva sp11 X- Diptera larva sp12 X- Dolichopodi<strong>da</strong>e sp1 X- Drosophili<strong>da</strong>e sp1 X X X- Lonchei<strong>da</strong>e sp1 X X- Lutzomia sp1 X X X- Milichii<strong>da</strong>e sp1 X X X- Mycethophili<strong>da</strong>e sp1 X X X- Mycethophili<strong>da</strong>e sp2 X- Mycethophili<strong>da</strong>e sp3 X- Phori<strong>da</strong>e sp1 X X X- Phori<strong>da</strong>e sp2 X X- Phori<strong>da</strong>e sp3 X- Phori<strong>da</strong>e sp4 X- Psychodi<strong>da</strong>e sp1 X X X- Sarchophagi<strong>da</strong>e sp1 X- Tipuli<strong>da</strong>e sp1 X X- Tipuli<strong>da</strong>e sp2 X- Trichoceri<strong>da</strong>e sp1 XEphemeropteraComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>106


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Ephemeroptera sp1 XHeteroptera- Heteroptera sp1 X X- Heteroptera sp2 X X- Heteroptera sp3 X- Heteroptera sp4 X- Heteroptera sp5 X- Heteroptera sp6 X- Heteroptera sp7 X- Heteroptera sp8 X- Heteroptera sp9 X- Heteroptera sp10 X- Heteroptera sp11 X- Heteroptera sp12 X- Ploiari<strong>da</strong>e sp1 X- Ploiari<strong>da</strong>e sp2 X- Ploiari<strong>da</strong>e sp3 X- Ploiari<strong>da</strong>e sp4 X- Zelurus sp1 X X X XHomoptera- Cicadelli<strong>da</strong>e sp1 X X- Cicadelli<strong>da</strong>e sp2 X- Cicadelli<strong>da</strong>e sp3 X- Cicadelli<strong>da</strong>e sp4 X- Cicadelli<strong>da</strong>e sp6 X- Homoptera sp1 X- Homoptera sp2 X- Homoptera sp3 X- Homoptera sp4 X- Homoptera sp5 X- Homoptera sp6 X- Membraci<strong>da</strong>e sp1 XHymenoptera- Api<strong>da</strong>e sp1 X- Braconi<strong>da</strong>e sp1 X X- Formici<strong>da</strong>e sp1 X- Formici<strong>da</strong>e sp2 X X- Formici<strong>da</strong>e sp3 X X- Formici<strong>da</strong>e sp4 X X- Formici<strong>da</strong>e sp5 X X- Formici<strong>da</strong>e sp6 X X- Formici<strong>da</strong>e sp7 X- Formici<strong>da</strong>e sp8 X- Formici<strong>da</strong>e sp9 X- Formici<strong>da</strong>e sp10 X- Formici<strong>da</strong>e sp11 XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>107


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Formici<strong>da</strong>e sp12 X- Formici<strong>da</strong>e sp13 X X- Formici<strong>da</strong>e sp14 X- Formici<strong>da</strong>e sp15 X- Formici<strong>da</strong>e sp16 X- Formici<strong>da</strong>e sp17 X- Formici<strong>da</strong>e sp18 X- Formici<strong>da</strong>e sp19 X- Formici<strong>da</strong>e sp20 X- Formici<strong>da</strong>e sp21 X- Formici<strong>da</strong>e sp22 X- Formici<strong>da</strong>e sp23 X- Formici<strong>da</strong>e sp24 X- Formici<strong>da</strong>e sp25 X- Formici<strong>da</strong>e sp26 X- Formici<strong>da</strong>e sp27 X- Formici<strong>da</strong>e sp28 X X- Formici<strong>da</strong>e sp29 X- Formici<strong>da</strong>e sp30 X- Formici<strong>da</strong>e sp31 X- Formici<strong>da</strong>e sp32 X- Formici<strong>da</strong>e sp33 X- Formici<strong>da</strong>e sp34 X- Formici<strong>da</strong>e sp35 X X- Formici<strong>da</strong>e sp37 X- Formici<strong>da</strong>e sp38 X- Formici<strong>da</strong>e sp39 X- Formici<strong>da</strong>e sp40 X- Formici<strong>da</strong>e sp41 X- Formici<strong>da</strong>e sp42 X- Formici<strong>da</strong>e sp43 X- Formici<strong>da</strong>e sp44 X- Formici<strong>da</strong>e sp45 X- Formici<strong>da</strong>e sp46 X- Formici<strong>da</strong>e sp47 X- Formici<strong>da</strong>e sp48 X- Hymenoptera larva sp1 X- Hymenoptera sp1 X X X- Hymenoptera sp2 X- Hymenoptera sp3 X- Hymenoptera sp4 X- Hymenoptera sp5 X- Hymenoptera sp6 X- Hymenoptera sp7 X- Hymenoptera sp8 X- Hymenoptera sp9 X- Hymenoptera sp10 X- Hymenoptera sp11 X- Mymari<strong>da</strong>e sp1 XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>108


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491Isoptera- Isoptera sp1 X X- Isoptera sp2 X XLepidoptera- Lepidoptera larva sp1 X- Lepidoptera larva sp2 X X- Lepidoptera larva sp3 X- Lepidoptera larva sp4 X- Lepidoptera larva sp5 X X- Lepidoptera larva sp6 X- Lepidoptera larva sp7 X- Lepidoptera larva sp8 X- Lepidoptera larva sp9 X- Lepidoptera larva sp10 X- Lepidoptera larva sp11 X- Lepidoptera larva sp12 X- Lepidoptera sp1 X X- Lepidoptera sp2 X- Lepidoptera sp3 X- Microlepidoptera sp1 X- Microlepidoptera sp2 X- Noctui<strong>da</strong>e sp1 X X- Noctui<strong>da</strong>e sp2 X- Tinei<strong>da</strong>e larva sp1 X X X X- Tinei<strong>da</strong>e larva sp2 X- Tinei<strong>da</strong>e sp1 X X X- Tinei<strong>da</strong>e sp2 X- Tinei<strong>da</strong>e sp3 XNeuroptera- Myrmeleonti<strong>da</strong>e sp1 XOrthoptera- Acridi<strong>da</strong>e sp1 X X- Ensifera sp1 X X- Endecous sp1 X X- Ensifera sp2 X- Grylacridii<strong>da</strong>e sp1 XPsocoptera- Lyposceli<strong>da</strong>e sp1 X X- Lyposceli<strong>da</strong>e sp2 X- Lyposceli<strong>da</strong>e sp3 X- Pseudocaecili<strong>da</strong>e sp1 X X- Pseudocaecili<strong>da</strong>e sp2 X X- Pseudocaecili<strong>da</strong>e sp3 X X- Pseudocaecili<strong>da</strong>e sp4 X- Pseudocaecili<strong>da</strong>e sp5 XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>109


Apêndice 1: Lista de taxa encontrados nos diferentes compartimentos <strong>da</strong> Lapa doMosquito. Interno + 1-131: Hipógeo; 132-287: Para-epígeo; 288-491: EpígeoTaxa Interno 1-131 132-287 288-491- Psocoptera sp1 X X X- Psocoptera sp2 X X- Psocoptera sp3 X X- Psocoptera sp4 X X X- Psocoptera sp5 X- Psocoptera sp6 X X- Psocoptera sp7 X X- Psocoptera sp8 X- Psocoptera sp9 X- Psylipsoci<strong>da</strong>e sp1 X X X- Psylipsoci<strong>da</strong>e sp2 X X XThysanoptera- Thysanpotera sp1 X- Thysanpotera sp2 XDiplopo<strong>da</strong>- Pyrgodesmi<strong>da</strong> sp1 X- Polydesmi<strong>da</strong> sp1 X- Polydesmi<strong>da</strong> sp2 X- Polydesmi<strong>da</strong> sp3 X- Polyxeni<strong>da</strong> sp2 X- Spiroboli<strong>da</strong> sp1 X X- Spirostrepti<strong>da</strong> sp1 X X X- Polyxeni<strong>da</strong> sp1 X XChilopo<strong>da</strong>- Chilopo<strong>da</strong> sp1 X- Chilopo<strong>da</strong> sp2 X- Chilopo<strong>da</strong> sp3 X- Geophilomorpha sp1 X X- Geophilomorpha sp2 X- Geophilomorpha sp3 X- Lithobiomorpha sp1 XSymphyla- Symphyla sp1 X- Symphyla sp2 XPauropo<strong>da</strong>- Pauropo<strong>da</strong> sp1 X- Pauropo<strong>da</strong> sp2 XPlathyelminthes- Planaria sp1 XOligochaeta- Oligochaeta sp1 XHirudinea- Hirudinea sp1 XComuni<strong>da</strong>de Para-<strong>epígea</strong>110

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