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42 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2012Gente&lustreJustiça LaborinhoLúcio lança livropolémicoCiência Docentedo IPL em <strong>de</strong>staquena revista NatureInvestigação SofiaReboleira <strong>de</strong>scobrepseudoescorpiãoEmigração Leiriense éCônsul Honorário <strong>de</strong>Portugal em FrançaGastronomia Chef <strong>de</strong>Pombal distinguidoem concurso nacional❚ O julgamento – Uma NarrativaCrítica da Justiça é o título do livrodo ex-ministro da Justiça,Laborinho Lúcio, lançado napassada semana, na LivrariaAlmedina, Coimbra. O autor,natural da Nazaré, assume tratar-se<strong>de</strong> um livro “polémico”, visto ser“um <strong>de</strong>safio para o futuro” e “umcaminho para o julgamento que sehá-<strong>de</strong> fazer, não se sabe quando, daJustiça”.❚ Alexandrino Gonçalves, docenteda ESTG do Instituto Politécnico<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, viu <strong>de</strong>stacado o seutrabalho na Nature, reputadarevista internacional <strong>de</strong> ciência.Trata-se da reconstrução virtual<strong>de</strong> um dos espaços maisemblemáticos das ruínas <strong>de</strong>Conimbriga (Sala da Caçada, naCasa dos Repuxos). Este projeto,pioneiro em Portugal, usa atecnologia High Dynamic Range.❚ Um "pseudoescorpião raríssimo”foi encontrado no Algarve, por AnaSofia Reboleira que, com esta<strong>de</strong>scoberta, enfatiza a relevânciadas grutas do sul da PenínsulaIbérica como refúgio <strong>de</strong> animais jáconsi<strong>de</strong>rados relíquias. Esta<strong>de</strong>scoberta ocorreu no âmbito dodoutoramento <strong>de</strong>sta bióloga <strong>de</strong>Caldas da Rainha e aumenta, para11, as novas espécies já <strong>de</strong>scritaspela investigadora.❚ Isidro Fartaria, natural <strong>de</strong> SantaCatarina da Serra, <strong>Leiria</strong>, foinomeado Cônsul Honorário <strong>de</strong>Portugal em Clermont-Ferrand,França. Já galardoado com oPrémio Empreen<strong>de</strong>dorismo naDiáspora, este empresárioportuguês chegou a França há 48anos e hoje presi<strong>de</strong> a um grupoque reúne 11 empresas, na área dadistribuição <strong>de</strong> produtosquímicos para a construção civil.❚ Flávio Silva, <strong>de</strong> Meirinhas,Pombal, ganhou o 2ºlugar noconcurso nacional Revolta doBacalhau, criado pela Recheio -empresa <strong>de</strong> distribuição alimentar,e cujo júri é constituído porconceituados cozinheiros. Chef noVilla Pampilhosa Hotel, Flávio Silva,26 anos, junta esta a outrasdistinções que obteve nos últimosanos, como o Concurso JovemCozinheiro, em 2008.História<strong>de</strong>Vida Júlia Guarda Ribeiro, professoraEnsino, livros e memórias da PIDEDaniela Franco Sousadaniela.sousa@jornal<strong>de</strong>leiria.pt❚ Quase 40 anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação ao ensino, várioslivros publicados e um sobrenome que lhe valeualguns dissabores com a PIDE. Assim se <strong>de</strong>screve,em traços muito largos, a vida <strong>de</strong> Maria JúliaFerreira Barros Guarda Ribeiro. A viúva doadvogado António José Guarda Ribeiro falou aoJORNAL DE LEIRIA do que apren<strong>de</strong>u com omarido, do que alcançou enquanto professora, e <strong>de</strong>como a sua família foi intimidada pela políciapolítica, enquanto o ilustre advogado da MarinhaGran<strong>de</strong> se movimentava à esquerda do regime <strong>de</strong>Salazar.Júlia Guarda Ribeiro nasceu em Torre <strong>de</strong>Moncorvo, em 1938, filha <strong>de</strong> uma camponesahumil<strong>de</strong> e <strong>de</strong> um <strong>de</strong>ntista <strong>de</strong> algumas posses. Foiem Coimbra, como estudante <strong>de</strong> FilologiaGermânica - o curso que mais agradava ao pai- quea jovem alargou os seus horizontes e percebeu queo mundo não se resumia às i<strong>de</strong>ias católicas emonárquicas do <strong>de</strong>ntista.O modo <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> Júlia, diziam alguns dos seuscolegas <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>, era muito parecido com o <strong>de</strong>um jovem trabalhador-estudante, que seapresentava <strong>de</strong> vez em quando na cida<strong>de</strong> paraprestar provas em Direito. Por insistência dosamigos, acabou por conhecer António José GuardaRibeiro, nessa altura copista no Tribunal da Sertã,com quem veio a namorar e a casar-se. “Com omeu marido acabei a minha formação política”,reconhece a professora.Enquanto Júlia concluiu rapidamente o curso e foidar aulas para o Liceu da Figueira da Foz, onamorado, sempre envolvido nas movimentaçõesestudantis, incluindo as <strong>de</strong> 1962, era um nome bemconhecido da PIDE. Por isso, nas datas <strong>de</strong> exames,“Com o meumarido acabeia minhaformaçãopolítica”DANIELA FRANCO SOUSAa polícia fazia questão <strong>de</strong> entreter o jovemtrabalhador-estudante, com interrogatórios que,além <strong>de</strong> intimidar, serviam para atrasar GuardaRibeiro na conclusão do curso.Assim, quando <strong>de</strong>cidiram casar, em 1962, o jovemtrabalhador-estudante ainda frequentava Direito.Além disso, recorda a professora, voltaram a chamá--lo para a tropa, quando já tinha cumprido serviçomilitar, só para o <strong>de</strong>morar ainda mais. Quando saiuda tropa, o curso continuava por terminar. O jovemsó viria a ter condições <strong>de</strong> o concluir <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>terem nascido os seus dois filhos.Com a mulher na Figueira, Guarda Ribeiro teve <strong>de</strong>arranjar emprego na região, ocupando a função <strong>de</strong>fiel <strong>de</strong> armazém no Hospital Rovisco Pais.Mas no Liceu da Figueira da Foz, mal a PIDEpercebeu que Júlia era casada com o jovemopositor do regime, expulsaram-na do ensinooficial. Cingido ao magro vencimento <strong>de</strong> fiel <strong>de</strong>armazém, o jovem casal procurou ajuda junto dospais <strong>de</strong> Guarda Ribeiro, que conseguiram lugarpara Júlia como professora no ensino particular,em Porto <strong>de</strong> Mós. Entretanto, também o maridoconseguiu estágio no escritório do Dr. Vareda,ilustre advogado <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>.Em 1970, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter terminado o estágio noentão Liceu D. João III, em Coimbra, (hoje EscolaSecundária José Falcão), Júlia foi dar aulas para oLiceu <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, on<strong>de</strong> leccionava quando se dá aRevolução <strong>de</strong> 74.Mais tar<strong>de</strong> recebeu o convite para dirigir a Escolado Magistério Primário <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. A professorarecorda o Verão quente <strong>de</strong> 1975, quando oescritório do seu marido e o seu próprio automóvelforam incendiados, a casa apedrejada e os filhos,ainda crianças, foram ameaçados por telefone.Lembra ainda os boatos que circulavam, por nãoser casada pela igreja nem ter baptizado os filhos, oque levou algumas pessoas a pedir a sua expulsãodo Magistério. A professora preferiu sair, mascontinuou sempre a leccionar. Entre outrasactivida<strong>de</strong>s, foi docente no ISLA.Sem militância política, nem religião oficializada,Júlia Guarda Ribeiro diz que só <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicou aoslivros (<strong>de</strong> contos, História e infantis) <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>aposentada, porque “levava muito a sério o seupapel <strong>de</strong> professora, mãe, esposa e dona <strong>de</strong> casa”.A sua obra mais recente, Contos Temperados, seráapresentada dia 14 <strong>de</strong> Dezembro, às 18 horas, noMoinho <strong>de</strong> Papel, em <strong>Leiria</strong>, e no dia seguinte, às 15horas, na Biblioteca Municipal da Marinha Gran<strong>de</strong>,em ambas as datas com a presença <strong>de</strong> CristinaNobre, sua “distinta aluna”.

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