13.07.2015 Views

Descarregar PDF - Jornal de Leiria

Descarregar PDF - Jornal de Leiria

Descarregar PDF - Jornal de Leiria

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

PUBLICIDADE36 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2012EntrevistaPaulo Camacho jornalista, autor do livro Debaixo <strong>de</strong> Fogo“É preciso apren<strong>de</strong>r a vivercom o medo e superá-lo”DRJacinto Silva Durojacinto.duro@jornal<strong>de</strong>leiria.pt❚Escolheu 12 histórias, vividas durante os seus 28anos <strong>de</strong> jornalismo activo, para contar no seu livroDebaixo <strong>de</strong> Fogo. São as que mais o marcaram?Contei algumas histórias que estavam mais vivas naminha memória, presumo que também por teremsido das que mais me marcaram. Mas o título do livrorestringiu o seu âmbito, pelo que ficaram por contarmuitas episódios igualmente marcantes, masque não foram vividos <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> fogo.Cobriu uma boa parte dos conflitos mais importantesque ocorreram no Mundo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados da década<strong>de</strong> 80... Diz-se que, em situações <strong>de</strong> conflito,quem não tem medo é um aci<strong>de</strong>nte pronto a acontecer.Como era a sua relação com o medo?O medo faz parte da experiência. É preciso apren<strong>de</strong>ra viver com o medo e superá-lo. É um mecanismo <strong>de</strong>auto-<strong>de</strong>fesa que não <strong>de</strong>vemos querer aniquilar.E a inocência? É a primeira coisa que se per<strong>de</strong> numaguerra?As pessoas são todas diferentes, mas creio que a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> distinguir o bem do mal –a inocência nãoé também isso? – não <strong>de</strong>saparece com a exposição àssituações extremas com que se contacta em palcos<strong>de</strong> guerra.Esteve ao serviço da BBC, Expresso e SIC, entre outrosórgãos <strong>de</strong> comunicação, relatando as guerras doGolfo, os conflitos angolano e moçambicano, a Somáliaou a queda da Cortina <strong>de</strong> Ferro, o que recordados seus sentimentos durante a sua primeiragran<strong>de</strong> reportagem?A minha primeira gran<strong>de</strong> reportagem foi no País <strong>de</strong>Gales, Reino Unido, durante uma greve <strong>de</strong> mineirosque durou um ano e que o governo <strong>de</strong> Margaret That-cher conseguiu quebrar. A memória que me fica <strong>de</strong>ssaexperiência está ligada à dignida<strong>de</strong> e à capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> sofrimento <strong>de</strong> quem luta pelas suas convicções.Pouco <strong>de</strong>pois, parti para a minha primeira reportagemem África e passei um mês em viagem pelo mato,sem nunca dormir numa casa ou ter visto uma casa<strong>de</strong> banho. É uma das experiências que recordo no Debaixo<strong>de</strong> Fogo.O Paulo esteve na primeira emissão da SIC há 20 anose acompanhou a criação <strong>de</strong> um novo estilo <strong>de</strong> fazertelevisão e do próprio jornalismo televisivo nacional.Que contributos sente que <strong>de</strong>u às novas gerações<strong>de</strong> profissionais da comunicação?Não tenho essas pretensões, nunca pensei nisso. Sehá alguma coisa que me passa pela cabeça é que a minhacarreira posso ter contribuído para criar ilusõesna mente <strong>de</strong> alguns jovens, para que alguém possater <strong>de</strong>cidido que queria sido jornalistas. Lamento seassim foi, porque fui um privilegiado. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<strong>de</strong> todas as outras consi<strong>de</strong>rações, não creioque algum jovem jornalista venha a ter, a médio prazo,as condições que estiveram à minha disposiçãopara fazer o tipo <strong>de</strong> jornalismo que é retratado no livro.Em Portugal, até que ponto os media são mesmo oquarto po<strong>de</strong>r?Os media em Portugal, como em todos os lados, têmum enorme po<strong>de</strong>r. E a questão é saber se têm capacida<strong>de</strong>para resistir à manipulação que outros fazem<strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r. E quando falo doutros, falo <strong>de</strong> gruposeconómicos, mas talvez ainda mais <strong>de</strong> interesses corporativos.Por exemplo: não é a comunicação socialque tem o po<strong>de</strong>r para influenciar o curso da Justiçaem Portugal, são as diversas corporações que actuamno campo da justiça que têm esse po<strong>de</strong>r, através damanipulação que fazem da comunicação social.Co-fundador da SICUma vida <strong>de</strong>aventurasNo seu primeiro livro, intituladoDebaixo <strong>de</strong> Fogo, Paulo Camacho,antigo jornalista da SIC, BBC eExpresso, recorda alguns dosmarcos mais importantes da suavida e da história contemporânea.O autor resume 28 anos <strong>de</strong>jornalismo, em 12 histórias sobrereportagens que fez durante osprincipais conflitos armados,invasões ou guerras que marcaramos anos 80 do século XX e início doXXI. Esteve em Bagdad no iníciodas duas guerras do Golfo, váriasvezes na guerra civil angolana, naguerra civil <strong>de</strong> Moçambique, nocaos da Somália, nos confrontos daÁfrica do Sul <strong>de</strong>pois da queda doapartheid. Camacho nasceu noFunchal em 1959. Abandonou alicenciatura em Direito paracomeçar a trabalhar em jornais,aos 20 anos. Depois <strong>de</strong> passagenspor A Capital, Tempo, A Tar<strong>de</strong>,Rádio Comercial e RTP, foi cofundadorda SIC, on<strong>de</strong>permaneceu até 2007, on<strong>de</strong> foicoor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> informação, editor<strong>de</strong> internacional e pivot.Actualmente é director <strong>de</strong>comunicação da ZON Multimédia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!