28 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2012DesportoEscola <strong>de</strong> campeões põe <strong>Leiria</strong>a acelerar há três décadasInovadores O Núcleo <strong>de</strong> Desportos Motorizados <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> comemora o 30.º aniversário comorgulho num passado pleno <strong>de</strong> imaginação, mas com olhar ambicioso para o futuroMiguel Sampaiomiguel.sampaio@jornal<strong>de</strong>leiria.pt❚ Decorria o ano <strong>de</strong> 1982. Como agora,a crise assolava Portugal e o FMIentrou no País para pôr as contas emor<strong>de</strong>m. Alheios a tudo isso, um grupo<strong>de</strong> amigos juntava-se à noite na entãofamosa curva do pastor, em frenteà estátua do Pastor Peregrino, em<strong>Leiria</strong>, para falar daquela que era a suapaixão, os automóveis. Resolveramcriar um clube essencialmente parater um local on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem ver ví<strong>de</strong>osBeta <strong>de</strong> corridas <strong>de</strong> quatro rodas.E foi assim que, há 30 anos, o Núcleo<strong>de</strong> Desportos Motorizados <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>(NDML) nasceu e o panorama doautomobilismo na região mudou.Radicalmente.É a José Mota, Paulo Grosso, AntónioPinto, Luís Porém, AntónioMonteiro, José Baptista, Samuel Jorge,Pedro Alves, Luís Monteiro, AntónioSousa Santos, Jorge Abrantes eVítor Sousa (na foto mais pequena)que se <strong>de</strong>ve a criação do núcleo que,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um “ligeiro esmorecimento”,entra em 1986 em velocida<strong>de</strong><strong>de</strong> cruzeiro, com a realização daprimeira edição do Rota do Sol, “omais antigo passeio <strong>de</strong> todo-oterrenoainda hoje activo”. O ano <strong>de</strong>1991 foi rico em i<strong>de</strong>ias. Começaram apensar na construção do KartódromoInternacional <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, em Milagres,que viria a ser inaugurado em 1994,e na organização do Rallye Ver<strong>de</strong>Pino, a primeira prova para clássicos,em 1992 .Inovadores. Ao longo dos anos,muitas outras provas foram organizadaspelo NDML, como as 24HorasTT <strong>de</strong> Soure, as primeiras a serem realizadasem Portugal, o passeio dosAzimutes, as expedição TT à Guiné-Bissau, à Islândia e a Marrocos, o RallyeELF ou o Rallye Bruxelas-Lisboa. Noentanto, a associação, actualmentecom mais <strong>de</strong> 220 sócios, começou aprivilegiar o kartódromo, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>ramas primeiras acelera<strong>de</strong>las alguns dosgran<strong>de</strong>s nomes do automobilismonacional, como Filipe Albuquerque,Ricardo Porém, Jaime Grácio e Pedrodo Mar.A realização regular <strong>de</strong> provas <strong>de</strong>Campeonato Nacional, as Taças <strong>de</strong>Portugal e os troféus regionais tornaramo NDML uma referência nokarting nacional. “Construímos okartódromo e estivemos vários anosa trabalhar para pagá-lo. Foram anos<strong>de</strong> muita luta porque fizemos a obrasem dinheiro e passámos por algumasdificulda<strong>de</strong>s porque a concorrênciaapareceu forte e em tudo o queGran<strong>de</strong>s nomes do automobilismo começaram no kartódromo dos Milagres. Será o caso <strong>de</strong> Andryi Pits?Ao lado do Kartódromo Internacional <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>Nova pista é sonho <strong>de</strong> que não <strong>de</strong>sistemAos 30 anos <strong>de</strong> vida, o NDMLcontinua a olhar para a frente equer preparar o futuro. Uma daspriorida<strong>de</strong>s da actual direcçãopassa pela criação <strong>de</strong> um guiarápido <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> provas.“Queremos <strong>de</strong>ixar o know howque temos sistematizado, paraque quem vier a seguir tenhatoda a informação do que fomosapren<strong>de</strong>ndo ao longo dos anos”,refere Pedro Alves. Num períododifícil, o objectivo primordial é“aguentar o barco”, mas asperspectivas são animadoras.Em 2013, o número <strong>de</strong> provasserá o mesmo, com apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver algumanovida<strong>de</strong>. Contudo, quando sefala <strong>de</strong> sonhos, os responsáveispelo kartódromo pensam emconstruir uma pista nova.“Projecto já temos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999.A intenção era fazer uma pistamaior, on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser feitasexperiências com carrosnormais, on<strong>de</strong> as pessoaspu<strong>de</strong>ssem gozar do seu veículo,sem rails, on<strong>de</strong> não se bate, eque podia ser aproveitada parauma série <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s, comocursos <strong>de</strong> condução <strong>de</strong>fensiva,por exemplo, que nestemomento não temos condições<strong>de</strong> fazer. Não quer dizer que nãose houvesse competição, massempre ao cronómetro, semcarros à molhada.” Mas serápossível, Pedro Alves? “Se calharnão estará muito longe...”DRRICARDO GRAÇAera sítio”, recorda Pedro Alves, fundadore presi<strong>de</strong>nte da instituição há<strong>de</strong>zena e meia <strong>de</strong> anos. Entretantosentiu um <strong>de</strong>créscimo no interessepelas corridas <strong>de</strong> lazer. O karting“passou <strong>de</strong> moda”, é certo, mas ascontas continuaram a ser pagas.“Houve uma altura em que as empresastinham dinheiro e qualqueriniciativa que tinham era uma prova<strong>de</strong> kart. Chegámos a ter cavalos, helicópterose balões <strong>de</strong> ar quente noseventos. Agora já não é assim”, lamentao lí<strong>de</strong>r do clube. Apesar docontexto não ser o mais positivo paraquem ven<strong>de</strong> serviços, o ano do 30.ºaniversário do NDML tem sido, curiosamenteo mais activo da história.Além <strong>de</strong> track days, corridas <strong>de</strong> karte até <strong>de</strong> vespas, o kartódromo recebeua prova do Campeonato Nacional<strong>de</strong> Karting, “já um marco” da instituiçãoe foi o ano em que foram organizadasmais provas automóveis,no ramo da “competição <strong>de</strong> lazer”,em que se conjuga a regularida<strong>de</strong> ea velocida<strong>de</strong>. “Fizemos o Rallye <strong>de</strong>Inverno, o Rallye Ver<strong>de</strong> Pino, o RallyeSprint da Foz do Arelho, o RallyeSprint <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Mós e o Rallye <strong>de</strong>Outono. Foi um ano rico”, diz PedroAlves.
Desporto<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2012 29JORNAL DE LEIRIA foi ao balneário <strong>de</strong>pois do histórico triunfo sobre o 1.º <strong>de</strong> Dezembro“Futebol feminino não éparente pobre em Ourém”Natural <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>Fernando Motaserá candidatoao ComitéOlímpicoMiguel Sampaiomiguel.sampaio@jornal<strong>de</strong>leiria.pt❚ Em Ourém não se fala <strong>de</strong> outracoisa. A equipa <strong>de</strong> futebol femininodo Atlético Ouriense entrou nahistória da modalida<strong>de</strong> ao quebraruma série inacreditável <strong>de</strong> invencibilida<strong>de</strong>do 1.º <strong>de</strong> Dezembro, 11vezes consecutivas campeão nacional.A última <strong>de</strong>rrota do clube <strong>de</strong>Sintra para as competições nacionaistinha acontecido diante doBoavista, por 3-2, a 14 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong>2006. De então para cá, a equipasomou 140 encontros consecutivossem <strong>de</strong>rrotas. O JORNAL DE LEI-RIA foi até ao Campo da Carida<strong>de</strong>sentir o pulsar do balneário das novasheroínas do <strong>de</strong>sporto regionale ouvir a palestra do treinador.Fim da tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> terça-feira, diado primeiro treino <strong>de</strong>pois da épicavitória. Na rua, os sócios e fiéis seguidoresdo emblema conversamsobre o triunfo e o circo mediáticoque se instalou em torno “das meninas”.“Até me emocionei”, contaGabriel Rodrigues, director parao futebol. Quando chega ao recinto,Flávia Fartaria é felicitada pelogolo <strong>de</strong>cisivo. Para as colegas até játem trono: é a nova “rainha <strong>de</strong>Ourém”.São 19:45 horas. O treinador GonçaloViana entra no balneário parafalar com as suas atletas. É altura <strong>de</strong>voltar a pôr os pés em terra e continuara trabalhar, até porque opróximo adversário, o Leixões, éuma equipa perigosa. No entanto,as primeiras palavras são <strong>de</strong> regozijo.“É óbvio que é óptimo que onosso suor resulte num sorriso enão numa lágrima.” O assédio dacomunicação social impediu diasnormais para o técnico. “Nuncatinha passado por este tipo <strong>de</strong> experiência,mas ontem (segundafeira)nem consegui trabalhar. FoiA Bola, Record, TSF, Agência Lusa,tudo! A Flávia certamente passoupelo mesmo...” As raparigas nãoconseguiram evitar o riso.Treinador Gonçalo Viana fala com as suas atletasO número2385Foi o número <strong>de</strong> dias que o 1.º <strong>de</strong>Dezembro esteve sem per<strong>de</strong>r nocampeonato feminino. OAtlético Ouriense <strong>de</strong>u-lhe cabodas contas...No fundo, numa equipa que entratodos os domingos em campocom oito internacionais, a vitóriaaté acaba por ser natural, não se esperavaé que fosse tão cedo. Otécnico dá uma palavra a Flávia,curiosamente a última a entrar emcampo. “Foi um golo com muitomérito e foi importante teres mostradoque estavas para ajudar. Ascapas dos jornais e as notícias quetens satizfazem-me muito”, disseGonçalo Viana.“O que me tocou particularmentefoi ter havido malta queme ia partindo umas costelas no finaldo jogo”, brinca o técnico. Maisrisos. “Não me tinha apercebidoque havia gente em todo o lado,não cabia nem mais uma mosca.Em Ourém, o futebol feminino jánão é o parente pobre e o mérito étodo vosso”, atribui o técnico àssuas jogadoras, não só as que jogam,mas “todas as que durante asemana participam no processo”.Contudo, é hora <strong>de</strong> voltar aostreinos. “Não se <strong>de</strong>slumbram”,pe<strong>de</strong>. “Se continuarmos a trabalhar,<strong>de</strong> certeza que continuaremoslá em cima e isso significa mais jogadoraspara a selecções, mais pes-MIGUEL SAMPAIOsoas no campo e mais promoçãosocial do <strong>de</strong>sporto feminino. E vocêsmerecem, porque amam este<strong>de</strong>sporto mais do que ninguém e secalhar passaram por muito quandodisseram em casa que queriam jogarfutebol.”“Agora vamos trabalhar!” Saíramdo balneário, subiram as escadase lá começaram a treinar,com o sorrisos nos lábios, masmuita vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuar a ganhar,já no sábado, ao Leixões.Para isso, “<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um resultadosuper positivo”, é impensável entrar<strong>de</strong>masiado confiantes. “Jogamos<strong>de</strong> chuteiras e não <strong>de</strong> saltos altos”,alerta o técnico. “Espero quemantenham o foco e que essa sejaa receita para muitos mais sucessos.”Segundo lugar, a três pontosdo lí<strong>de</strong>r. Para uma equipa que noano passado estava na 2.ª Divisãonão está nada mau...❚ Fernando Mota, presi<strong>de</strong>nte cessanteda Fe<strong>de</strong>ração Portuguesa <strong>de</strong>Atletismo, vai candidatar-se àseleições do Comité Olímpico <strong>de</strong>Portugal (COP), em Março próximo,disse à agência Lusa o presi<strong>de</strong>nteda Fe<strong>de</strong>ração Portuguesa<strong>de</strong> Motociclismo.Jorge Viegas, presi<strong>de</strong>nte cessantedaquela fe<strong>de</strong>ração, revelouque um grupo composto por presi<strong>de</strong>ntese ex-presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> 17 fe<strong>de</strong>rações<strong>de</strong>sportivas se reuniu naterça-feira para apresentar um candidatoàs eleições do COP. "O <strong>de</strong>nominadoG17 reuniu-se e avançoucom a proposta <strong>de</strong> Fernando Motapara as eleições ao COP. A propostafoi sufragada pela gran<strong>de</strong> maioria.Das 12 fe<strong>de</strong>rações presentes,houve um voto contra e duas abstenções",afirmou.Fernando Mota, 66 anos, natural<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, licenciou-se em EducaçãoFísica pelo INEF (Instituto Nacional<strong>de</strong> Educação Física) em1964 e cedo enveredou pela carreira<strong>de</strong> treinador <strong>de</strong> atletismo,no Benfica, CDUL e <strong>de</strong>pois nosquadros fe<strong>de</strong>rativos, on<strong>de</strong> foi treinadornacional <strong>de</strong> lançamentos. Oseu mandato à frente da Fe<strong>de</strong>raçãoPortuguesa <strong>de</strong> Atletismo é o últimopossível, face à nova Lei <strong>de</strong> Basesdo Desporto.“É um candidato que sai do movimentoassociativo-fe<strong>de</strong>rativo. Éum homem que tem uma experiência<strong>de</strong> 30 anos na Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>Atletismo, primeiro como técnicoe <strong>de</strong>pois como presi<strong>de</strong>nte. Temenorme experiência ligada ao movimentoassociativo e ao movimentoolímpico. E se há fe<strong>de</strong>raçãoque tem relevância no seio do movimentoolímpico, é o atletismo.Acima <strong>de</strong> tudo, é uma sequêncianatural na carreira <strong>de</strong> FernandoMota", justificou Jorge Viegas. Nasequência da <strong>de</strong>cisão tomada, vaiser agora criado um grupo <strong>de</strong> trabalhopara a criação da restante listaàs eleições <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2013.PUBLICIDADE