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Opinião<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2012 17<strong>Leiria</strong>, história e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>SaulAntónioGomesEm tempos <strong>de</strong> crise económica pareceráredundante ocupar o leitor com matéria histórica.Mas olhar a história da região <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> ajudar-nosáa compreen<strong>de</strong>r que as crises do passado foraminvariavelmente oportunida<strong>de</strong>s maiores <strong>de</strong> renovação, <strong>de</strong>correcção e <strong>de</strong> recuperação das dificulda<strong>de</strong>s. <strong>Leiria</strong>protagonizou alguns dos acontecimentos <strong>de</strong> vanguarda naconstrução da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> portuguesa.Antes <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> existir, prosperou a cida<strong>de</strong> romana <strong>de</strong>Collippo, que sucumbiu e <strong>de</strong>sapareceu com a queda dopróprio Império Romano. Séculos mais tar<strong>de</strong>, a edificaçãodo seu castelo, por D. Afonso Henriques, em 1135, marcariauma viragem nos <strong>de</strong>stinos da fundação do reinoportuguês ao tornar-se pólo privilegiado <strong>de</strong> apoio aosesforços militares <strong>de</strong> conquista dos territóriosestremenhos, mormente <strong>de</strong> Santarém e <strong>de</strong> outras vilas nacintura <strong>de</strong> Lisboa.Em meados do século XIII, <strong>Leiria</strong> foi palco <strong>de</strong> algumasbatalhas <strong>de</strong>cisivas que impuseram o novo rei D. Afonso IIIno trono, monarca que impulsionou reformasfundamentais na administração e na vida política do país,mormente o direito dos povos a terem voz em cortes. Em1385, na confluência das fronteiras dos concelhos <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>,Porto <strong>de</strong> Mós e Aljubarrota, travou-se a mais <strong>de</strong>cisiva dasbatalhas construtoras da in<strong>de</strong>pendência nacional. O séculoXIX, em tempo <strong>de</strong> invasões napoleónicas, voltaria a<strong>de</strong>monstrar a relevância militar <strong>de</strong> toda a região.Todos esses acontecimentos históricos trouxeram a<strong>Leiria</strong> terríveis momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação, <strong>de</strong> fome e <strong>de</strong> misériapara a maioria da população, mesmo uma pesadafactura <strong>de</strong> morticínios. Mas <strong>Leiria</strong> sempre se refez eencontrou iniciativa e forças, entre os seus, para sereedificar, tendo sabido aproveitar as oportunida<strong>de</strong>s queessas rupturas políticas e sociais lhe trouxeram.A Crise <strong>de</strong> 1383-1385 acabou por trazer à região o prémioda edificação <strong>de</strong> um monumento, Santa Maria da Vitória,que foi a oportunida<strong>de</strong> para muitos que acorreram às suasobras como operários, aqui se fixando e contribuindo paraa recuperação populacional e para o aumento dosTempo <strong>de</strong> NatalEntramos oficialmente na época <strong>de</strong> Natal: ascida<strong>de</strong>s já se iluminaram, os presépios – semburro nem vaca, conforme as mais recentesemanações do Papa – já enchem as rotundas,esse paradigma do empreendimento autárquico quepermanecerá como memória <strong>de</strong> um certo tempo, asmúsicas <strong>de</strong> Natal ecoam pelos centros comerciais e, nastelevisões, os poucos anunciantes que ainda sobramafinam a comunicação pelo diapasão natalício.Dir-se-ia que, em pleno olho do furacão da crise, setenta, se não exorcizá-la, pelo menos contorná-la, iludilaou enganá-la. Dar a i<strong>de</strong>ia que tudo se passa comoconvém que se passe, que tudo seja como tem <strong>de</strong> ser.As autarquias investem na iluminação o dinheiro quenão têm porque acreditam - não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ofazer – que esse é o último impulso que não po<strong>de</strong>m<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> dar ao seu comércio local. Que, por sua vez,acreditam que a animação urbana da quadra lhes traz<strong>de</strong> volta os clientes que há muito <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ver. Osconsumidores querem acreditar que toda essaanimação - as luzes, os presépios, a música – lhes traz<strong>de</strong> volta o <strong>de</strong>saparecido subsídio <strong>de</strong> natal ou mesmo oor<strong>de</strong>nado que dantes chegava no fim do mês… E que jánão há, porque não há emprego. Ou porque, havendo-oainda, é o salário que já não é pago!Assim será ao longo <strong>de</strong> quase um mês. Depoisacordaremos todos para a realida<strong>de</strong>, percebemos que adramática crise social que corrói e mata o país, queatirou para o <strong>de</strong>semprego mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>portugueses, que expulsa para longe aqueles a quemcaberia garantir o nosso futuro colectivo, que enche asClarisseLouromercados <strong>de</strong> consumo que estimularamsignificativamente a economia local. A construção <strong>de</strong>sseMosteiro, como a expansão urbana das vilas da região, queentão se processaram, obrigaram à exploração maisintensa dos recursos do subsolo (sobretudo pedra, areias,argilas, mas também carvão, ferro e, ainda, as ma<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>pinho que se tornaram no gran<strong>de</strong> negócio que dominou aregião entre os séculos XV e XX), impulsionaram osmercados <strong>de</strong> trabalho e consolidaram as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>transportes, terrestres como marítimos, quecaracterizavam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre a paisagem leiriense.Outrora o oceano Atlântico foi um chão <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s para muitos leirienses. Fomentou-se,nesses séculos medievais e mo<strong>de</strong>rnos, as pescas, otransporte marítimo nacional e internacional, abriram-sere<strong>de</strong>s viárias terrestres <strong>de</strong> apoio às vilas e alfân<strong>de</strong>gasportuárias. A história <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> é, em boa parte, o resultado<strong>de</strong> uma história <strong>de</strong> ligação estreita da região com a suacosta atlântica. Hoje, tudo isso parece distante e irrepetível.Mas essa história <strong>de</strong>ixou a <strong>Leiria</strong> importantes legadospatrimoniais que constituem, hoje, um vasto chão <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> enriquecimento e <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>perspectivas <strong>de</strong> trabalho. O que seria da região, nopresente, sem os seus monumentos Património daHumanida<strong>de</strong>, sem os seus castelos, sem os seus solares esantuários, sem os seus centros históricos, sem, a atençãoque as autarquias ainda conseguem dar à preservação e àvalorização do património cultural e histórico, material eimaterial, que <strong>de</strong>têm?É certo que vários municípios apresentampreocupantes sintomas <strong>de</strong> esquecimento <strong>de</strong> e mesmoignorância da sua história. É obviamente preocupante ehá que contrariar essa tendência <strong>de</strong> investimentopredominante no efémero e no espectacular. Umcompromisso e uma exigência naturalmente, a davalorização da nossa história, que compete a todos nósmanter <strong>de</strong> pé e vigilante.Professor universitárioalas <strong>de</strong> psiquiatria dos hospitais e que atira para o<strong>de</strong>sespero último do suicídio um crescente número <strong>de</strong>portugueses, ao contrário <strong>de</strong> nós todos, não se <strong>de</strong>ixaenganar.Este Natal irá fazer-nos recuar algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong>anos. Irá remeter-nos ao Natal da minha infância, <strong>de</strong>uma só prenda que, no sapatinho, fazia os encantos doNatal do menino Jesus. Ao Natal que há muitoabandonámos, quando nos ven<strong>de</strong>ram um outro, do paiNatal e das múltiplas e infindáveis prendas, criando eexpandindo consumo através <strong>de</strong> uma febreconsumista a que se encarregaram <strong>de</strong> chamar magia. Amagia do Natal!Não foram as pessoas que fizeram esta escolha. Nãoforam as populações que <strong>de</strong>cidiram passar do Natal doMenino Jesus para o do Pai Natal. Não foram ascrianças que quiseram trocar o encanto do Natal pelamagia do Natal. Não! Foi este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento que nos trouxe até aqui que precisou<strong>de</strong> fazer tudo isso para se sustentar. Este mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento que hoje, esgotado e incapaz, nãolhes retira apenas as muitas prendas do Pai Natal queantes lhe impôs, <strong>de</strong>ixa-lhes mesmo vazia a mesa daconsoada!Até por isso me recuso a aceitar a <strong>de</strong>cisão do Papa <strong>de</strong>retirar a vaca e o burro do presépio. Vou <strong>de</strong>ixá-los lá,mantendo e passando para as minhas netas a imagemdo conforto possível, mesmo que pobre!Mesmo assim <strong>de</strong>sejo a todos um Feliz Natal.Professora da Escola Superior <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>Podia o Orçamento doEstado <strong>de</strong> 2013 ser melhor?!FernandoCostaColocada a questão, <strong>de</strong>staforma singela, sobre apossibilida<strong>de</strong> do OE <strong>de</strong> 2013po<strong>de</strong>r ser melhor para ocidadão e para o País a resposta dagran<strong>de</strong> maioria não <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> serafirmativa.Não sendo especialista emeconomia ou finanças, tal comomuitos outros tenho a sensação queo OE 2013 podia ser melhor,nomeadamente em matéria <strong>de</strong> IRS,on<strong>de</strong> a sobrecarga é, numaassentada, violentíssima.Assim, em tempo oportuno, envieiuma proposta fundamentada aossenhores <strong>de</strong>putados, mas que nãomereceu inteiro acolhimento, <strong>de</strong>forma a reduzir a sobretaxa <strong>de</strong> IRS <strong>de</strong>4% para 2%, que passo a transcrever:“Exmos. Srs. Deputados, todosreconhecem o peso brutal dosimpostos sobre os cidadãos,nomeadamente em se<strong>de</strong> <strong>de</strong> IRS com asobretaxa <strong>de</strong> 4 pontos. A AssociaçãoNacional <strong>de</strong> Municípios Portugueseschega ao ponto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar o OE<strong>de</strong>sastroso pelo exagero da cargafiscal. Muitos municípios estãopreocupados pelo que vão reduzir oIRS municipal. Mais <strong>de</strong> 200municípios endividados tem acesso aum empréstimo <strong>de</strong> mil milhões a 14 e20 anos <strong>de</strong> prazo e com jurosexcelentes, abaixo dos 3.2%, parapagamento da divida <strong>de</strong> curto prazo oqual ainda não foi esgotado (139milhões <strong>de</strong> euros). Os municípios vãoter aumentos <strong>de</strong> IMI em mais <strong>de</strong> 20%(na or<strong>de</strong>m dos 250 milhões). Aredução <strong>de</strong> pessoal diminui a <strong>de</strong>spesana or<strong>de</strong>m dos 90 milhões. O IRSmunicipal é <strong>de</strong> cerca 400 milhões,mas só Lisboa fica com 60 milhões,mais do que vários distritos juntos euma gran<strong>de</strong> parte é apenas para 30municípios. O IRS municipal está, <strong>de</strong>facto, mal distribuído. Assim, sugiro aredução do IRS municipal em 200 a300 milhões (redução <strong>de</strong> 3 a 4% dareceita municipal) para ajudar abaixar a sobretaxa para 2 pontos emvez <strong>de</strong> 4 pontos, em termos a acordarcom a ANMP, <strong>de</strong> modo a que ospequenos municípios sejam menosonerados. Caso esta proposta nãomereça acordo, o município dasCaldas da Rainha, que tem as taxasdo IMI no mínimo, irá <strong>de</strong>volver 3/5(cerca <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> euros) do IRSaos munícipes <strong>de</strong> forma a atingir esteobjectivo, que todos os cidadãosportugueses merecem!”Infelizmente, o OE foi aprovadoapenas com uma redução dasobretaxa <strong>de</strong> IRS <strong>de</strong> 4% para 3.5%.Salvo melhor opinião, faltoucoragem, por um lado, e capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> diálogo entre todos os partidos eos municípios, face ao “clima” <strong>de</strong> précampanha eleitoral autárquica, queacabou por prejudicar os verda<strong>de</strong>irosinteresses dos cidadãos. Esperemosque não se repita.presi<strong>de</strong>nte da Câmara <strong>de</strong> Caldas daRainha

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