4VISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 5768A noite dos poetas assassinadosJane Bichmacher de Glasman *Itzik Fefer, Albert Einstein e Solomon Mikhoels, em 1943ano é 1952, último ano davida de Stalin. O lugar, Rússia,União Soviética. O dia, 12de agosto. Mais especificamente,a noite de 12 para 13de agosto de 1952.Nesta data, cerca de 15 judeussoviéticos, incluindo os mais proeminentesescritores, poetas, e artistasjudeus russos de língua iídicheforam secretamente julgados e condenadospor crimes capitais, incluindotraição, espionagem e nacionalismoburguês.Eles eram visados devido à suaparticipação no Comitê AntifascistaJudaico e à sua resposta como judeusàs atrocidades nazistas no territóriosoviético ocupado.Nesta noite eles foram executadospor ordem de Josef Stalin, nocalabouço da infame prisão da praçaLubyanka em Moscou.Entre as vítimas estavam PeretzMarkish, David Bergelson, Itzik Fefer,Leib Kvitko, David Hofstein, BenjaminZuskin, Solomon Lozovsky,Boris Shimeliovich, Dovid BergelsonO primeiro-ministro da AutoridadeNacional Palestina (ANP),Salam Fayyad, disse que é um erroabrir negociações com o Movimentode Resistência Islâmica (Hamas),numa entrevista ao jornalitaliano La Repubblica.Fayyad considerou “um erro” aatitude de dirigentes como o primeiro-ministroitaliano, RomanoProdi, e o ministro de RelaçõesExteriores, Massino D’Alema. Osdois defenderam a necessidade dee Der Nister.A data é lembrada como a “noitedos poetas assassinados”.Seus escritos mostram pouco danostalgia ou devoção que vemos nasdescrições da cultura iídiche do pré-Holocausto. Todos eles - os poetasPeretz Markish, Dovid Hofshteyn, ItzikFefer, Leyb Kvitko e o novelistaDovid Bergelson - assistiram a Revoluçãosoviética em 1917. A maioriahavia se mudado do shtetl, das aldeiasda Pale, para Kiev e Moscou, em buscade liberdade intelectual e artísticano fervor do modernismo do princípiodo século XX. Todos apoiaram oestado comunista emergente.Ouvimos sua vibração na abertura dopoema 1 sem <strong>título</strong> de Markish:Eu não sei se eu estou em casaou desabrigado.Estou correndo, minha camisasem botões, sem limites, ninguémme segura, sem começo,sem fimmeu corpo é espumacheiro de ventoAgoraé meu nome.Seu sentido do futuro ecoa na estrofedo poema “Cidade” de Hofshteyn:Cidade!Eu cheguei em teu portono navio de minha solidão.O navio de minha solidão…Eu lavei suas velasnos ventos…Elas definharam e rasgaramnos comprimentos e nas largurasdo mundo.Eram férteis escritores. Após anosno exterior, em Berlim e na Palestina,de 1923 a 1926, Hofshteyn retornouà União Soviética e publicounumerosos volumes de poesia e traduções.Markish fundou o movimentoiídiche modernista conhecidocomo Khaliastre durante seus anos emVarsóvia. Após seu retorno à Rússia,foi-lhe concedido o Prêmio Lênin deLiteratura em 1939. Fefer editou osjornais em iídiche Prolit e Desafio etornou-se membro da União de EscritoresSoviéticos. Em 1943, viajouaos Estados Unidos com o ator SolomonMikhoels atraindo audiênciasmaciças em Nova York em apoio aotrabalho da liga Antifascista.Por que eles foram assassinados?Todos estavam relacionados aoComitê Antifascista Judaico, estabelecidoem 1942 pela União Soviéticapara atrair o apoio das comunidadesjudaicas dos Países Aliados naguerra contra Hitler. Com o fim daguerra, a organização já não era maisútil a seus propósitos. Stalin, comosoía fazer, virou-se contra seus líderes.Prendeu a maioria entre 1948 e1949, levou a julgamento em 1952– culminando com sua execução nanoite de 12 de agosto no porão daprisão Lubyanka.As mortes destas figuras centraisna literatura iídiche soviética representaramnovo golpe à cultura judaicajá devastada pelo Holocausto.Silenciaram o núcleo remanescentede intelectuais ativos politicamentee excluíram presumir que tal culturapudesse sobreviver na Rússiapós-guerra.É difícil para alguns de nós recordaragora o otimismo inicial inspiradopela revolução soviética. Tendemosa ter pouca simpatia pelosescritores que compuseram cantospara os trabalhadores ou para Stalin,como vários destes homens.Mas com isto nós nos esquecemosde nossas próprias vidas: comonos comprometemos para ganhar avida; como um ano se transforma5, em 10; como permanecemos emum trabalho ou em um relacionamentodemasiado longo, sem esperança,ou porque nós amamos.Primeiro-ministro palestino diz queé um erro dialogar com o Hamaster o Hamas como interlocutor paraconseguir a paz no Oriente Médio.“O diálogo tem que ser com apenasuma parte, que somos nós, oGoverno palestino legitimamenteeleito”, acrescentou.Fayyad foi nomeado há dois mesese meio chefe de um Governo provisório,substituindo o líder do Hamas,Ismail Haniyeh, após os confrontosque levaram à tomada do controlede Gaza pelos milicianos dogrupo fundamentalista islâmico.O primeiro-ministro palestinoacrescentou que, antes de começarqualquer tipo de diálogo, “o Hamastem que parar o que está fazendo acada dia em Gaza”, onde a “situaçãoé horrível”.“Que o diabo os carregue!”, exclamou,ao comentar o controle deGaza pelo Hamas. “Nós oferecemosuma alternativa, uma visão plenae de integração. Temos certeza deque Gaza será reintegrada à Cisjordânia”,previu.Esquecemos também das difíceisopções dos artistas judeus daquelaépoca, já estranhos às suas tradições,que não obstante criaram umlar, tentando realizar em alguma medidasua esperança. E esquecemos daruína gradual mas catastrófica forjadapor Stalin.Uma voz mais pungente para o quefoi perdido pode ser ouvida no clamorde Hofshteyn:Meu amor, meu amor puro!uma chamada a que sempre atenteimuda,carreguei-amil dias:acima da cabeça cinzenta de meupovo,para serum brilho jovem!Brilho desperdiçado: interrompido,silenciado e recordado como oque se torna tão distante...Honremos sua memória com algunsversos destes poetas.Como seu fim, profética e tragicamenteanunciado por Kvitko, em1919, em “Morte Russa”:Morte russaé toda a morte.Dor russaé toda a dor.Como está agora o coração do mundo?E a sua ferida purulenta?Pergunta a uma criança.Pergunta a uma criança judia.Nota:1 Os poemas foram traduzidos pelaautora deste artigo. Para ler maisdeles e sobre eles contate a mesma.* Jane Bichmacher de Glasman édoutora em Língua Hebraica,Literaturas e Cultura <strong>Judaica</strong> -USP,professora adjunta, fundadora e exdiretorado Programa de EstudosJudaicos - UERJ, escritora(janeglasman@terra.com.br).Sobre as negociações com Israel,Fayyad explicou que têm surgido“pequenas melhoras”. Mas hácoisas que a ANP não pode tolerar,“como os 600 postos de controleisraelenses no território palestino”,nos quais se percebe“toda a humilhação que o povosofre”, apontou. Porém ele nãomencionou o fato de que essespostos de controle existem porcausa dos seguidos atentados terroristas.(Yahoo notícias).
A polêmica desatada na ONUVISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 57685Anne Bayefsky *m informe recente dasNações Unidas plasma oanti-semitismo desenfreadoque tomou o controleda engrenagem dosdireitos humanos da ONU.Numa linguagem que recorda a Alemanhanazista, John Dugard, o “EnviadoEspecial para a situação dosdireitos humanos nos territórios palestinosocupados desde 1967” daONU anunciou que os judeus procurama dominação racial.Nas palavras de Dugard, “o exércitoisraelense causa danos corporaise mentais sérios aos palestinos.[...] Aos palestinos de todos os OPT[territórios palestinos ocupados] énegada a liberdade de movimento.Pode negar-se seriamente que o propósitode tal medida seja estabelecere conservar o domínio por partede um grupo racial (os judeus) sobreoutro grupo (os palestinos) eoprimi-los sistematicamente?”A missão de Dugard na ONU édemonizar Israel. As violações dosdireitos humanos cometidas porpalestinos foram omitidas deliberadamenteda descrição do cargoque ocupa, esboçado pela primeiravez pela Comissão de Direitos Humanosda ONU em 1993 e prolongadopelo “reformado” Conselho deMotoristas que trafegam pela BR 476em Curitiba – trecho que antes era BR116 - podem se surpreender ao encontrar,numa rodovia, obras de ciclovia,calçadas, passeios, canteiros de grama,pistas com três faixas de tráfego, meiofiose pavimentação nova. É que a antiga116, no trecho que corta a cidadede Curitiba, cada dia se parece menoscom uma rodovia.Desde 2003 o trecho fio delegadoa Curitiba e está sendo transformadonuma moderna avenida que iráabrigar o sexto corredor de transporteda capital paranaense. Na obra, aPrefeitura de Curitiba está investindoR$ 121 milhões, com financiamentoparcial do Banco Interamericanode Desenvolvimento (BID), num trechode 9,4 km, entre os bairros Pinheirinhoe Jardim Botânico.Iniciadas em janeiro deste ano, comprevisão de entrega para maio de 2008,as obras já mudaram o perfil da antigaBR. Em vários trechos há calçadas prontas,meio-fios, recuos, passeios em faixasde asfalto e até grama plantada,contrastando com as obras mais à frente,onde há terraplenagem e asfaltamento.A obra está sendo feita sembloqueio da BR por onde passam, pordia, em torno de 45 mil veículos.Direitos Humanos. Dugard, advogadode profissão, não somente aceitoua desequilibrada tarefa, comoaproveitou a oportunidade paraconverter-se, em nome dos direitoshumanos, em defensor de umasolução de um único estado.O que Dugard mais teme não é oterrorismo e o ódio que o alimenta,porém “a judaização”, a idéia de queum judeu viva em terras reclamadaspelos árabes. Copiando deliberadamenteo imaginário nazista, seu informealude à barreira de segurançade Israel desta maneira: “O Muro queestá sendo construído em Jerusalémé um instrumento de engenharia socialdesenhado para obter a judaizaçãode Jerusalém”.O problema da “judaização” aparecepé-ante-pé com este defensorna ONU do Governo do Hamas. SegundoDugard, Israel não tem nenhumdireito de congelar a transferênciade fundos ao Governo doHamas. O motivo? “Como era previsível,Israel justifica suas açõespor motivos de segurança, mas overdadeiro motivo parece ser a determinaçãopara provocar uma mudançade regime”. Uma olhada naCarta do Hamas ajuda a determinaro acertado numa mudança de regime:“Israel existirá e continuaráexistindo até que o islã o dobre.Não existe nenhuma solução paraA nova avenida – a maior obra emexecução no Paraná - atravessará dezbairros e o prefeito Beto Richa afirmaque ela vai integrar a cidade, reordenaro trânsito, permitir a implantaçãode novas linhas de ônibus, garantirmaior eficiência ao transporte coletivoe será indutora do desenvolvimento econômicoe social da região Sul, a de maiorcrescimento demográfico de Curitiba.“Esta é a maior intervenção urbana dasúltimas décadas em Curitiba”, observaRicha, acrescentando que, numa segundaetapa, a ser licitada, a avenida avançarámais 9 km, chegando ao bairroAtuba, no Norte da cidade.Novas pistas e estações – Com aLinha Verde o antigo trecho urbanoda BR desaparecerá para dar lugar aosexto trinário da cidade – sistema queune canaletas exclusivas de ônibus,pistas de acesso local e pistas marginaisde trânsito rápido e que tornouCuritiba referência internacional nosetor de transporte.A avenida terá ao longo do trechoum parque com 21 mil metros quadradose 1.600 árvores de 28 espécies nativas.O prefeito Beto Richa lembra quecom a Linha Verde não haverá mais BRpassando pelo meio da cidade.Richa destaca ainda que a Linhaa questão palestina que não passepela jihad”. Mas segundo este especialistada ONU, o problema nãoé um Governo dedicado a matarjudeus, porém os próprios judeus.O principal argumento destaavançadinha da ONU no anti-semitismomoderno é colocar no pelourinhoo judeu, qualificando-ocomo o racista supremo. Israel seriao equivalente perverso à Áfricado Sul do apartheid. Alude, defato ao apartheid em 24 ocasiõesao longo de seu informe, proclamandoque “as leis e práticas deIsrael nos OPT certamente se parecema certos aspectos do apartheid”.Como era de prever, omitemencionar que um quinto da populaçãode Israel é árabe — cidadãosque votam e têm representantesno parlamento israelense —enquanto os países árabes são Judenrein.E resulta que é Israel oestado do apartheid?A demostração definitiva de queDugard não é mais que um anti-semitafinanciado pela ONU é sua maneirade culpar o Estado judeu detodos os males do mundo:Durante anos, a ocupação daPalestina e o apartheid na Áfricado Sul chamaram a atenção da comunidadeinternacional. Em 1994,o apartheid chegou ao seu fim [...]os OPT se tornaram numa provaVerde permitirá a implantação de novaslinhas de ônibus, a primeira será aPinheirinho-Centro, que reduzirá em20% o tempo de viagem. As linhas donovo corredor de transporte vão reduzira demanda sobre o Eixo Sul – quepassa pelas avenidas Sete de Setembro,República Argentina e Winston Churchille atende 260 mil passageiros pordia. Será a opção para, no mínimo, 30%dos passageiros.Pelas estações do novo corredor detransporte também passarão ônibus quepara o Ocidente, uma prova parajulgar seu compromisso com osdireitos humanos. Se o Ocidenteexibe esta prova, a duras penaspode esperar-se que os países emdesenvolvimento se tomem gravesvioladores dos direitos humanosem seus próprios países.Desta forma, a ONU inverte obem e o mal. Por que deveria o Sudãodeter o genocídio? É precisoesperar que os judeus se arrependamde seu caráter judaico e que ocaráter judaico de Israel seja finalizado.Por que deveria o Zimbabwedeixar de assassinar e matar defome o seu próprio povo, branco enegro? Por que debe a China tolerara liberdade de expressão? Porque deveria a Arábia Saudita deixarque as mulheres saiam de casasem um homem ou ocupem qualquerassento dianteiro do carro? Porque deve o Egito deter a mutilaçãodos genitais da maior parte de suapopulação feminina casada? Se todosestão esperando uma soluçãopara o problema judeu!* Anne Bayefsky é professorauniversitária de legislaçãointernacional e voluntária da ONG“Eye On The ONU”, é conselheirasênior no Hudson Institute eprofessora adjunta da FaculdadeDireito da Columbia University.Fonte: El Telegrama, de MellilaCuritiba transforma BR 116 em avenidaPrefeitura investe R$ 121 milhões para implantar Linha Verde e novo corredor de transporteA antiga BR está desaparecendo para dar lugar a uma avenida de 9,4 km de extensão queacabará com a divisão da cidadehoje cruzam a BR, o que vai permitir aintegração – quando o passageiro trocade ônibus e faz outra rota, sem pagarnova passagem.As estações também vão funcionarcomo pontos de interligação de ruastransversais, que estão sendo reformadaspela Prefeitura e vão atravessar aavenida, ligando os bairros hoje separadospela BR que está desaparecendo.O trabalho se desenvolve de domingo adomingo, com quase 500 homens, 100máquinas e 150 caminhões.Anne Bayefsky