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Sem título-4 - Visão Judaica

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VISÃO JUDAICA • outubro de 2007 • Chesvan / Kislev • 5768Tributo a uma mulher notável21aleceu no dia 27/9 a nossaQuerida Irmã EddaBergmann, Vice-presidenteInternacional daB’nai B’rith.Segundo o Boletim da CONIB,“Edda era natural de Trieste, Itália, ecompletou 80 bem vividos anos, nesse27 de março. Ela e sua família foramrecebidos no Recife, pessoalmente porOswaldo Aranha e sua esposa, comquem seguiram viagem até Santos, àépoca em que eclodiram as leis raciaisimpostas por Mussolini contra os judeus.Aqui, criou suas raízes, constituiuuma família e desempenhou umtrabalho em prol da comunidade e dadefesa dos direitos humanos. Formouseem Letras - Universidade Mackenziee Psicologia – USP, conquistou o <strong>título</strong>de mestre em História Social, pela USP,e em Religiões Comparadas pela UniversidadeHebraica de Jerusalém, e aindase especializou em Análise Política- Universidade Mackenzie”.Como escreveu Beatriz Zuker: “Perdemosuma líder incontestável dentroda comunidade judaica e da sociedadebrasileira. Uma líder que nunca se caloue que, com sua enorme capacidade,nos enriqueceu a todos com seuconhecimento e erudição”. E comodisse Abraham Goldstein: “Detentorade uma visão crítica muito aguda darealidade, uma capacidade incomparávelde análise da história humana, D.Edda sempre se posicionou de formaclara, firme e incansável. Defendeu epromoveu os seus amplos conhecimentos,educou a todos que assim o queriame nos deixa um legado de grandevalor, repleto de sua sabedoria, perspicáciae coragem”.Colaborou com o jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>de outubro de 2002 até setembrode 2007 (já internada no hospital),quando desejou em seu últimoartigo “um futuro de Paz, sem ameaças,de todos por um e um por todos,em pleno uníssono com o amor, e acompreensão que deve abranger todoser vivente”.Descanse em paz e que D-us teabençoe, querida amiga! Um dia voltaremosa nos encontrar num mundomelhor e mais justo. Nossa “brincadeira”continua: quando crescermosqueremos ser como você.Deixamos aqui nossa homenagemreproduzindo um artigo publicadoem outubro de 2003, nesse jornal,quando Edda Bergmann era Presidenteda B’nai B’rith do Brasil.Servindo a D-usEdda BergmannTodo dever judaico, em últimaanálise, está envolvido com o amora D-us. Quando alguém é sinceroconsigo mesmo, com a sociedade,com o seu povo, está sendo sincerocom D-us.Assim, a literatura judaica tradicionalpouco conhece das distinçõesque introduzimos, para fins de estudoe análise, ao conceito de responsabilidadejudaica. A mitzvá é um atosagrado, a resposta do homem à vontadede D-us. É o momento de tempono qual o homem conduz a si mesmoe seu mundo ao serviço de D-us,transformando-os pela vontade, tornadofato, dirigida para D-us. O judeufaz o bem porque assim lhe éordenado fazer.O Rabi Simlai disse que havia 613mandamentos básicos, mas através daelaboração e da especificação há aotodo, na vida judaica muitos mais.O clímax de todo dever do judeuenvolve os atos imediatamente e diretamenterelacionados com o próprioD-us, aqueles que provocam o sentimentocontínuo de sua presença.O conhecimento de D-us, para ojudeu, significa conhecer a si mesmocomo um indivíduo sujeito a um mandamento.Aproximar-se de D-us é, porconseguinte, o mandamento supremo.De todos os deveres que poderiamser considerados em relação aD-us, não há nenhum que prove suaexistência. Do ponto de vista judaico,a existência de D-us é coisa tacitamenteaceita. No começo mesmode vida judaica, conforme está registradona Bíblia, um universo semD-us seria algo inimaginável depoisde tudo o que aconteceu a Israel.O êxodo, o pacto no Sinai, tudoaponta para um poder além do homem.Israel viu sua fé confirmadana sua história posterior, na grandiosidadeda natureza e na experiênciaíntima do homem.Na Idade Média, quando ojudaísmo foi posto em confronto comos desafios do racionalismo árabe ecristão, os filósofos judeus tentaramformular demonstrações sistemáticasda existência de D-us, mas isto permaneceuapenas como uma preocupaçãode uma elite intelectual.Para a maioria, dava-se ênfase aoque D-us esperava do homem maisdo que à especulação do homem sobrea existência e essência de D-us.A primeira aproximação judaica aoTodo Poderoso foi para oferecer sacrifícios.A Bíblia registra, entretanto,que havia indivíduos que não hesitavamem falar com D-us, que ofereciampalavras de louvor e gratidão,que externavam expressões de fé econfiança. Com o tempo, a prece tornou-secomum e, quando o Templofoi destruído em 70 d.c., a liturgiade grupo substituiu o sistema sacrifical.Tal prece, embora baseada noesforço individual, não podia confiarno capricho de cada um.Como recurso central através doqual todo o povo pudesse se aproximarde seu Pai e renovar sua relaçãocom Ele era necessário uma estrutura.Os judeus ainda se sentiam encorajadosa rogar o que quer que seuscorações aspirassem, mas começoua se desenvolver uma liturgia formalque possibilitasse a todos os membrosda casa de Israel orarem juntospor si e por todo o povo.Quando cada judeu se juntava aseu povo na prece, adquiria a sensaçãode pertencer ao povo de Israel,reunindo-se a este diante de seuD-us, e uma nova experiência religiosajudaica comunal e pessoal surgiu.A prece comunal tornou-se assimum dos deveres do judeu.Enquanto que outros povos eoutras religiões têm ensinado a necessidadeda prece, o judaísmo é oúnico que continua a sustentar queo estudo é igualmente uma via queleva diretamente a D-us.A literatura judaica clássica repetesempre a necessidade do estudocomo um dever religioso fundamental.O “ignoramus”, como disse Hillel,não pode ser realmente piedoso. Afinalidade do aprendizado não é uti-litária - conseguir um emprego melhorou obter maior poder. É ter comoideal adquirir dignidade e respeito.A finalidade do aprendizado édescobrir mais sobre a lei e conhecimentosagrados de D-us. É descobriro desígnio de D-us e aprender o queos homens devem fazer a fim de viveremeste desígnio.Os heróis da cultura judaica atravésdas épocas não foram guerreirosou generais - os judeus admiram o“talmid hakham”, o “estudante sábio”,o homem de estudo. Realmente, nemtodo judeu pode ser um estudioso,mas todos os que aceitam os valoresjudaicos reverenciam o estudioso eprocuram, por sua vez, conhecer umpouco - ao menos aquilo que regularmentefaz parte das preces matinais.A prece e o estudo não são osúnicos caminhos que levam a umavida religiosa. Há também numerososatos rituais a serem praticados oque dão um contexto sagrado ao dia,à semana, ao ano, à vida individual.Eles dão ao judeu um sentimento dasantidade do tempo. Primordial é aobservância do sábado, o dia maissagrado do calendário judaico, oúnico mencionado no Dez Mandamentos.É um dia preenchido por umcerimonial especial e impregnado deum espírito único.Sua mensagem de descanso, decessação de trabalho, das necessidadesdo espírito, tem uma significaçãoespecial na nossa épocainquietante.Finalmente e atingindo a seu pontomais alto, estes deveres culminamno amor a D-us. O judaísmo compreendeque alguns podem adorar a D-use cumprir os Seus mandamentos porquetemem Sua força e Seu poder.Entretanto, os rabinos insistemno que está na Bíblia, que D-us émelhor servido por amor. Eis que,até hoje, a proclamação “Escutai,ó Israel” no ritual judaico éimediatamente seguida, por decretorabínico, pelo parágrafo bíblicoque começa assim “E amarás ao SenhorTeu D-us de todo o teu coração,de toda a tua alma, e com todasas forças”... O amor a D-us é oprimeiro dever do homem que proclamaD-us como o Único e o Último.

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